Pular para o conteúdo principal

Destaques

Deixava ir

Nem tudo precisava ser dito. Havia algo mágico em não dizer. Longe de ser um último ato de covardia, era um auto de libertação. Tinha aprendido a dizer não só longo do ano. Tinha aprendido que nem sempre precisavam ceder. Tinha aprendido que duas coisas did poderiam ser verdades e não precisava se pressionar. Estaria mentindo se dissesse que não sentia saudade, mas também sabia que era algo unilateral. Enquanto um se silenciava para o outro, o outro continuava buscando, então, para equilibrar, decidira fazer o mesmo. Foi somente quando deixou de ir atrás que começou a sentir o respeito voltar aos poucos. Foi ao aceitar que eram tão diferentes que qualquer afeto que havia entre os dois não importava. Foi deixando tudo ir, na esperança de não estragar o próprio fim de ano. Um ano era mais do que o suficiente para conversar. Mas de um jeito ou de outro, se evitaram. E as coisas foram se acumulando. Foi ao deixar o outro finalmente livre que poderia sentir a própria liberdade. Deixar ir ti...

De volta ao tapete de yoga

No tapete de yoga tudo pode acontecer, inclusive nada, e isso não deixa de ser uma maravilha. Após anos longe de uma prática de yoga, o corpo vai lentamente se acostumando às posturas. Coisas que antes pareciam fáceis por conta de anos de prática, voltam a se tornar desafiadoras e há certo conforto em saber que você não está competindo com ninguém, além de si mesmo.

A primeira aula pode parecer algo fora deste mundo. Mesmo sabendo o que esperar, as mãos ficam frias, as pernas parecem mais rígidas que o comum e tudo pode se tornar uma oportunidade de reaprender, refazer o caminho, como entrar o espaço de volta para casa e se deixar entregar ao universo.

Passo a passo, seguindo as orientações do instrutor de yoga, o corpo é estimulado a ir se abrindo. De repente, a postura que você achou que não ia conseguir fazer, se torna algo natural, como respirar. 

Inspira o ar lentamente e deixa o ar ir. Respirar parece tão simples, mas se torna algo prazeroso quando se está no tapete de yoga, como um bálsamo para a alma. É o que dá ritmo para o corpo enquanto se estica de um lado para o outro. Como mergulhar em uma onda e se reerguer depois como uma palmeira.

Retornar ao tapete de yoga tem seu preço. A flexibilidade não só física, mas também mental vai sendo exercitada. A respiração se torna o instrumento número um junto com o corpo, ambos alinhados para um propósito maior. Crescer, abrir, expandir, curar…

É impossível sair de uma aula de yoga sem notar as diferenças do início, meio e final da prática. Cada pequeno movimento se transforma em uma junção de ações que transformam o corpo de dentro para fora e a mente? Já dizia o pensador: A mente que se abre não volta ao mesmo estado.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

Mais lidas da semana