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Destaques

Sem talvez

Não havia talvez quando se tratava de pôr a própria saúde mental em primeiro lugar, especialmente quando o outro a estava negligenciando. Não havia talvez para continuar sustentando um relacionamento que não ia para frente, no qual o outro se negava a se responsabilizar e se colocava constantemente no papel de vítima. Não havia talvez quando você havia se transformado em uma espécie de terapeuta que tinha que ficar ouvindo reclamações e problemas constantes, se sentindo completamente drenado após cada interação. Já não havia espaço para o talvez. Talvez as coisas seriam diferentes se o outro tivesse o mesmo cuidado com a saúde mental que você tem. Talvez a fase ruim iria passar um dia. Talvez a pessoa ia parar de se pôr como vítima e começar a se responsabilizar. Eram muitos talvez que não tinha mais paciência para esperar. Então, não, já havia aguentado mais do que o suficiente. Não era responsável por lidar com os problemas do outro. Não era responsável por tentar levar leveza diante...

O Prazer de Rever uma Série Favorita

Poucas sensações são tão boas quanto a de rever uma de suas séries favoritas após muitos anos terem passado desde que ela foi encerrada. Há algo poderoso na nostalgia e em relembrar tantos momentos passados assistindo ela que torna a atração quase perfeita, especialmente quando não se encontram filmes e séries atuais que tenham feito tanto sucesso quanto.



Após mais de dez anos, me aventurei a rever Dexter e me dei conta de quanto a série é revigorante, conseguindo captar a atenção mesmo depois desse tempo todo e podendo facilmente competir com séries dos dias atuais.

Um assassino que passa seus dias camuflado como um agente de perícia de sangue da polícia e consegue encontrar tempo para matar suas vítimas, seguindo seu próprio código de conduta. As cenas de crime e como ele trabalha com elas é fascinante, e mesmo com tantos anos após sua gravação, conseguem se manter frescas na memória.

Em um tempo em que somos impulsionados a sempre assistir algo novo, às vezes assistir algo que já gostou pode valer a pena. Afinal, os formatos das séries mudaram ao longo dos tempos, muitas vezes mais curtas e com menos orçamentos do que costumavam ter, e nem sempre é possível encontrar algo que desperta a atenção.

Levado pelo poder da nostalgia, tenho devorado os episódios, e mesmo com eventuais problemas de memória, fico com a sensação de familiaridade com o elenco e consigo relembrar cenas que pensei que jamais relembraria.

Assim se vai o tempo. Poderia estar assistindo algo novo, mas optei pelo velho. E não só com séries, recentemente tive a surpresa de rever Pânico 1 (Scream 1) e Pânico 2 (Scream 2), e a sensação de nostalgia foi prazerosa demais. “Qual é o seu filme de terror favorito?”, dois filmes cheios de metalinguagem e que deixaram sua marca na história, a ponto de que em breve poderemos assistir Pânico 7 (Scream 7).

As memórias da época em que assistiu pela primeira vez são acessadas quando revemos algo antigo. É como se você temporariamente viajasse no tempo e o prazer de lembrar de como as coisas eram tornam tudo mais divertido: como num jogo de memória, você se lembra do que vai acontecer e mesmo assim consegue sentir a euforia de como se fosse a primeira vez. É quase como se reapaixonar por alguém que conhecia há anos.

Para alguns pode parecer perda de tempo, afinal, com tantas séries sendo lançadas, por que perder o tempo revendo uma antiga? A verdade é que nem sempre o novo nos desperta o desejo de assistir. As coisas podem ter mudado no mundo na última década, mas algumas coisas sempre permanecem boas. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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