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Destaques

A terceira semana sem fumar cigarro

Como era difícil criar hábitos positivos. Havia acabado de passar da terceira semana sem fumar cigarro e ainda sentia certo desconforto. Seja para bem ou para mal, descobrira que mesmo após anos, algumas pessoas continuavam lutando contra a vontade de fumar, ou seja, era muito mais difícil do que parecia. Na tentativa de substituir comportamentos negativos por mais saudáveis, se via diante da necessidade de se desapegar um pouco da nostalgia e voltar a se focar mais no momento presente. Havia tomado mais do que o suficiente sua dose de nostalgia e agora estava preparado para continuar seguindo em frente. Era chocante o quanto o cigarro havia segurado comportamentos e ao abandoná-lo, comportamentos que antes estavam sob controle, agora pareciam soltos. Precisava de um detox das redes sociais, como quem sabia que fumar fazia mal. Precisava voltar a focar em si mesmo, deixando o passado de uma vez por todas para trás. Era no momento presente que ia celebrando as pequenas conquistas. Para ...

Desalinhados

Desalinhados. Eram desse modo, como se vivessem em universos diferentes com seus próprios sistemas. Tudo parecia diferente nos dois, como se fosse impossível encontrar um lugar em comum. Era o tipo de desgaste que só aumentava com o passar dos dias, mesmo quando eles tentavam se esforçar para entenderem o universo um do outro. Era inútil continuar tentando.

Estavam em locais tão distantes que seus sinais não eram captados um pelo outro e a linguagem se esfarelava, deixando nuvens de ruídos por onde passava. Era como tentar sintonizar uma frequência e tudo o que restavam eram os barulhos capazes de enlouquecer.

Estariam algum dia em sintonia? A resposta que gritava era “não!”. Como seres de locais tão únicos poderiam conviver em paz, sem compreenderem o mínimo de um sobre o outro? Às vezes, bastava uma frase fora de lugar para causar um furacão de emoções. Às vezes, quando estavam em silêncio era quando mais se davam bem.

Aceitar que nada será como era o esperado é, muitas vezes, o que resta. Uma sensação dolorosa toma conta do corpo inteiro, eles percebem que criaram expectativas irreais um do outro e se preparam lentamente para uma despedida, tentando aproveitar cada pequeno momento, antes que tudo seja tomado pela escuridão completa.

A dor eventualmente vai diminuindo e a atmosfera é preenchida pelo silêncio. Um pé de cada vez, em uma espécie de coreografia, os corpos vão se distanciando e abrindo espaço para algo novo surgir. Na esperança de que desta vez não sejam seres de universos incompatíveis.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle..

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