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Destaques

Sem talvez

Não havia talvez quando se tratava de pôr a própria saúde mental em primeiro lugar, especialmente quando o outro a estava negligenciando. Não havia talvez para continuar sustentando um relacionamento que não ia para frente, no qual o outro se negava a se responsabilizar e se colocava constantemente no papel de vítima. Não havia talvez quando você havia se transformado em uma espécie de terapeuta que tinha que ficar ouvindo reclamações e problemas constantes, se sentindo completamente drenado após cada interação. Já não havia espaço para o talvez. Talvez as coisas seriam diferentes se o outro tivesse o mesmo cuidado com a saúde mental que você tem. Talvez a fase ruim iria passar um dia. Talvez a pessoa ia parar de se pôr como vítima e começar a se responsabilizar. Eram muitos talvez que não tinha mais paciência para esperar. Então, não, já havia aguentado mais do que o suficiente. Não era responsável por lidar com os problemas do outro. Não era responsável por tentar levar leveza diante...

Nostalgia Agridoce

Uma mensagem e milhares de memórias. Como é possível que uma conversa desperte uma nostalgia agridoce, de dias bons e ruins. Às vezes tudo o que basta é um toque para dar início a uma onda de sensações, e se deixar levar para um lugar especial, onde você se sente seguro de tudo e todas coisas, exceto de si mesmo, quando você sente que abriu mão do controle e se permite viver o momento presente, sem passado e futuro.

Quando tudo começou? Quando tudo vai terminar? Você se vê sedento por respostas que não existem. O passado dá uma sensação de leveza e até mesmo euforia, de dias que se foram e ficaram na memória, mas o desafio está em manter o presente vivo e não se perder pela série de “e se” que costumam vir acompanhados com as preocupações com o futuro.

Uma mão segura a outra, ignorando todas pessoas ao redor, tornando um momento único. Quanto tempo vai durar? Terei coragem de continuar segurando a mão? Abro um sorriso e tento disfarçar a vergonha. Por uns instantes, tudo parece natural, como se as mãos fossem se encaixar seja mais cedo ou mais tarde.

O que para mim parecia um ato espontâneo, para ele, havia uma estratégia por trás. Ele sabia o que dizer, quando dizer, o que fazer e como tentar me arrancar da concha que eu havia vivido por anos. Bastava um simples encontro para ele conseguir trazer à tona quem eu costumava ser, antes de anos de reclusão. Era como se ele soubesse quais botões apertar e como me deixar mais confortável, ao mesmo tempo, me puxando para o desconforto fora da minha zona de conforto.

Respiro e deixo a ansiedade não tomar conta. Um encontro pode significar muita coisa, mas também pode não significar nada após alguns dias. Talvez essa seja a dor e a beleza da nostalgia agridoce, como uma rápida viagem no tempo, que você não sabe se vai voltar em segurança, pois nada é garantido, somente o momento presente.

De repente, a nostalgia se confronta com o presente. Duas imagens encaram duas imagens: são duas pessoas do passado e do presente. Quando o encontro chega ao fim, as linhas voltam a se distanciar e algumas coisas estão diferentes, outras iguais, mas nada será como era antes.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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