Pular para o conteúdo principal

Destaques

Âncora

Ancorar é encontrar um espaço seguro mesmo diante do caos. É ouvir uma música e se permitir encontrar paz, mesmo quando as coisas estão fora de controle. É pensar na sua pessoa favorita e sentir as emoções reguladas. É saber que você pode confiar em quem conversa o dia inteiro. É confiar que mesmo diante da ambiguidade, ele vai honrar a promessa que fizeram. É ressignificar o que antes poderia ser visto como algo preocupante e aceitar que era mais do que seus diagnósticos. Era saber que não havia melhor pessoa que o entendesse nos últimos tempos. Era brincar com as linhas e nossas indefinições. Era saber que de tanto ensaiar situações de possíveis crises, que ele saberia notar se algo estivesse diferente. Cada um dos seus sinais. Escrevia para lembrar e também para esquecer. Escrevia para lembrar dos ciclos fechados e agradecer o que estava aberto. Era entender o quanto estava sufocado e que, às vezes, um olhar certo bastava. Escrevia para aceitar que as coisas poderiam mudar. Que em u...

Nostalgia Agridoce

Uma mensagem e milhares de memórias. Como é possível que uma conversa desperte uma nostalgia agridoce, de dias bons e ruins. Às vezes tudo o que basta é um toque para dar início a uma onda de sensações, e se deixar levar para um lugar especial, onde você se sente seguro de tudo e todas coisas, exceto de si mesmo, quando você sente que abriu mão do controle e se permite viver o momento presente, sem passado e futuro.

Quando tudo começou? Quando tudo vai terminar? Você se vê sedento por respostas que não existem. O passado dá uma sensação de leveza e até mesmo euforia, de dias que se foram e ficaram na memória, mas o desafio está em manter o presente vivo e não se perder pela série de “e se” que costumam vir acompanhados com as preocupações com o futuro.

Uma mão segura a outra, ignorando todas pessoas ao redor, tornando um momento único. Quanto tempo vai durar? Terei coragem de continuar segurando a mão? Abro um sorriso e tento disfarçar a vergonha. Por uns instantes, tudo parece natural, como se as mãos fossem se encaixar seja mais cedo ou mais tarde.

O que para mim parecia um ato espontâneo, para ele, havia uma estratégia por trás. Ele sabia o que dizer, quando dizer, o que fazer e como tentar me arrancar da concha que eu havia vivido por anos. Bastava um simples encontro para ele conseguir trazer à tona quem eu costumava ser, antes de anos de reclusão. Era como se ele soubesse quais botões apertar e como me deixar mais confortável, ao mesmo tempo, me puxando para o desconforto fora da minha zona de conforto.

Respiro e deixo a ansiedade não tomar conta. Um encontro pode significar muita coisa, mas também pode não significar nada após alguns dias. Talvez essa seja a dor e a beleza da nostalgia agridoce, como uma rápida viagem no tempo, que você não sabe se vai voltar em segurança, pois nada é garantido, somente o momento presente.

De repente, a nostalgia se confronta com o presente. Duas imagens encaram duas imagens: são duas pessoas do passado e do presente. Quando o encontro chega ao fim, as linhas voltam a se distanciar e algumas coisas estão diferentes, outras iguais, mas nada será como era antes.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

Mais lidas da semana