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Destaques

Às vezes...

Tudo o que nunca fomos. Tudo o que nunca seríamos. Tudo o que não éramos. Havia um espaço dentro de mim que não poderia ser preenchido por todas palavras que representávamos um para o outro. Ia, então, se soltando lentamente, de quem havia se soltado de forma brusca. Ia dando tempo ao tempo e espaço para as coisas voltarem ao eixo. Escrevia para lembrar, escrevia para esquecer. Esquecer o quê? Nunca tinham passado de dois personagens cujas histórias jamais se cruzariam. Sequer poderiam ser definidos como colegas ou amigos, tampouco eram amores. Eram quase alguma coisa e nesse mundo de indefinições, às vezes era melhor não saber. Perdeu a conta de quantos dias o outro havia ficado sem responder. Perdeu a conta de quanto tempo havia se passado. De quando limites foram cruzados e quando promessas foram quebradas. Escrevia para dizer que a dor também fazia parte do processo de se sentir vivo. Escrevia para nomear as emoções e encontrar clareza em um universo de indefinições. Escrevia para ...

O Triângulo das Impossibilidades

O triângulo das impossibilidades era formado por nostalgia e expectativas irreais. Era de certa forma poético, mas quando se encarava no plano real, era só isso: um triângulo de impossibilidades. Pessoas no presente presas ao passado e pensando no futuro, uma combinação que era uma bomba para a saúde mental.

Não havia jeito certo ou errado de enxergar as coisas, tudo era possível no impossível. Como se os três estivessem de uma forma envolvidos por um novelo que os conectavam. Quem puxaria o primeiro fio? Quem ficaria de fora? Não havia nada concreto. Não havia resposta certa ou errada.

O choque de três personalidades diferentes. Era como se o roteirista do universo estivesse fora de si, se divertindo com cada ato falho e aumentando a pressão: “Uma hora você vai ter que escolher só um dos dois”.

Qual dos dois o deixava menos confuso? Qual dos dois era o que fazia seu coração bater mais forte? Qual dos dois? As perguntas não o deixavam em paz. Um era como um furacão dentro do seu peito, o outro tinha tanta paixão que explodia como um vulcão. Sentimentos intensos que buscava na teoria, mas na prática eram capazes de tirar os pés do chão, levitar e então cair em queda livre, sem ter onde se ancorar.

Era uma tragédia desde o início, fadada a uma série de incompreensões e incompatibilidades, de desencontros e reencontros. Teria feito a escolha certa? Teria feito a escolha errada? Não sabia. Tudo o que sabia era que as coisas seriam sem dúvidas e mais claras com a pessoa certa e no momento não sentia aquilo com os dois. Estava mergulhado em um poço escuro, torcendo pela entrada de luz, cansado de divagar sobre as coisas que tinham acontecido e tentando não pensar nas que viriam a seguir.

Diante de um triângulo de impossibilidades, decidira escolher a si mesmo. Por que precisava escolher entre um e outro? Queria tudo? Queria nada? As perguntas o atormentariam por um bom tempo, mas a resposta já estava ali: diante de uma série de confusões, o amor-próprio era tudo o que precisava e os triângulos virariam quadrados, círculos e, no final, tudo terminaria em estrelas.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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