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Destaques

A última aula de yoga

Era na sala de aula do Yoga onde poderia ser ele mesmo. Estaria mentindo se dissesse que não ia sentir saudade. Já havia até mesmo sonhado com o local e a professora de Yoga conduzindo sua última aula.  Poderia voltar a praticar Yoga em casa e não seria a mesma coisa, mas era melhor do que ficar sem a prática. Via as aulas como algo tão terapêutico e complementar à terapia. Assim como na sala da psicóloga, na sala de Yoga se sentia livre para ser quem ele realmente era. Não era todo lugar que tinha o potencial de despertar o melhor lado de si mesmo e se afastar da parte indesejável, permitindo se aceitar no aqui e agora. Levaria a saudade, confiante de que a cada aula havia se deixado tocar e se transformar de alguma forma. Era só mais uma despedida, mas era uma daquelas que levaria anos para aceitar, de tão bem que fazia, diferente daqueles afastamentos que não valiam a pena sequer de pensar por mais de cinco segundos. Se despedia na certeza de que seria um até logo e com o tapeti...

O Romântico Incurável e o Cético Se Encontram

Um romântico incurável e um cético se encontram. Tudo pode acontecer, inclusive nada. Será possível encontrar um lugar no meio do caminho, onde os dois estejam aproveitando o momento presente?

Você encara a tatuagem no braço dele e pergunta do que se trata: ele responde que a tradução significa “Nada dura para sempre” e ele cita exemplos, te pedindo para dar um exemplo de algo que durasse para sempre. Você fica em silêncio, como se estivesse concordando, mas tudo o que você consegue pensar são em como pequenos momentos podem ser infinitos e não importa quanto tempo real dure um relacionamento, ele pode ser de alguma forma para sempre.

Encarar o ceticismo te cobra um preço. Você levanta a guarda, como se os dois estivessem em uma espécie de jogo de estratégia e você não quer revelar suas peças até ter certeza de que o que estão vivenciando é algo concreto.

No terreno das indefinições, você não sabe o que dizer, quase como se tivesse que guardar as palavras, enquanto ele tenta arrancá-las uma a uma, como um expert que sabe o que está fazendo. Enquanto para você, tudo é tão novo que as borboletas no estômago ficam selvagens, você quer de alguma forma a garantia de alguma definição, algo que talvez não vá ter.

Você pensa que prefere estar com alguém com quem pode se abrir normalmente, sem ter medo de que isso significará que a pessoa vai partir no dia seguinte, traumatizado por uma péssima experiência que teve dias antes de conhecê-lo.

Tudo o que você quer é ser humanamente imperfeito e ser acolhido de alguma forma. Você olha pela janela, o sol está se pondo, “Ele estaria aqui, mas por qual motivo?”. Ele responde se tudo precisa ter um motivo. Mais uma vez, a mente mergulha na confusão e você sente um alívio por ter desmarcado, como sua intuição estivesse te alertando para ir com calma quando alguém deixou suas intenções claras desde o início.

Por que não deixar as coisas acontecerem no ritmo natural? Por que alguém sem expectativas quer me ver? Nada dura para sempre pode ser um lembrete existencial, mas também pode significar a importância de aproveitar ao máximo os momentos enquanto eles duram, torná-los de alguma forma infinitos. 

De repente, são duas pessoas diferentes presas no mesmo corpo. Você não sabe com qual delas está lidando. Você é uma exceção ou só mais uma pessoa disposta a jogar um jogo? Tudo o que você consegue pensar era que nessa velocidade só havia um destino final: a rápida conexão emocional, seguida por um salto de paraquedas.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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