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Destaques

Fora de Sincronia

Conectados, mas fora de sincronia. Era como os dois estavam. Não sabia como resolver a situação, antes que se tornassem dois completos estranhos. No meio de tantos ciclos terminando, tinha acreditado que um novo ciclo se manteria.  As horas que passavam conversando se transformaram em minutos, e então, em segundos. Já sabia que isso ia acontecer e tentara antecipar o fim várias vezes, então por que estava tão incomodado? Sentia saudades e não sabia como verbalizar? Não importava. Foi deixando o outro cada vez mais livre, até que as mãos que um dia tinham se tocado se voltaram para os dedos que haviam deslizado pela última vez. Parte de seguir em frente era também como deixar as coisas irem, seguirem seu ciclo natural. Não adiantava criar qualquer forma artificial de manter o contato vivo, só precisava aceitar as coisas como elas eram. Cansado de aceitar que tudo tinha sua finitude, foi cada vez menos se abrindo a novos inícios – se todos estavam fadados ao fim, por que se dar ao tr...

O último banho de sol do ano

Era o último banho de sol do ano quando aproveitava a luz solar para bronzear a pele enquanto pedalava pelos labirintos do seu condomínio. Escutava as músicas mais tocadas do ano por ele no Spotify, uma retrospectiva que o lembrava que mesmo subconscientemente sua mente estava em outra pessoa – ou seriam os gostos em comum que haviam adquirido ao longo do tempo? Não sabia responder.

Sentir os raios de sol o fazia se sentir vivo, especialmente nos dias em que dormia demais e parecia que nunca ia acordar. No início via a atividade como algo para simplesmente ajudar com o cérebro a se recuperar, até que se tornou algo prazeroso e inevitável no dia a dia.

Todos os dias, não importava o horário, ele ia tomar sua dose diária de sol – o que também o lembrava de um drama coreano, no qual se abordava a importância de pedir e aceitar ajuda para saúde mental quando necessário.

Os minutos ora passavam lentamente, ora passavam mais rápidos e a cada música reproduzida sentia emoções diferentes: era como dar uma volta em uma roda-gigante, sabendo que se estivesse sentindo demais, bastava trocar a música. Acelerava e desacelerava conforme o ritmo e sentia certo alívio quando voltava para casa e o ar era preenchido pelo silêncio.

A dose de sol havia chegado ao final, mas seus benefícios continuavam com ele. Era quando podia recarregar as energias e continuar com as atividades diárias, deixando o peso para trás. Sabendo que independente de ser fim de ano, amanhã estaria com a bicicleta novamente.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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