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Destaques

Fora de Sincronia

Conectados, mas fora de sincronia. Era como os dois estavam. Não sabia como resolver a situação, antes que se tornassem dois completos estranhos. No meio de tantos ciclos terminando, tinha acreditado que um novo ciclo se manteria.  As horas que passavam conversando se transformaram em minutos, e então, em segundos. Já sabia que isso ia acontecer e tentara antecipar o fim várias vezes, então por que estava tão incomodado? Sentia saudades e não sabia como verbalizar? Não importava. Foi deixando o outro cada vez mais livre, até que as mãos que um dia tinham se tocado se voltaram para os dedos que haviam deslizado pela última vez. Parte de seguir em frente era também como deixar as coisas irem, seguirem seu ciclo natural. Não adiantava criar qualquer forma artificial de manter o contato vivo, só precisava aceitar as coisas como elas eram. Cansado de aceitar que tudo tinha sua finitude, foi cada vez menos se abrindo a novos inícios – se todos estavam fadados ao fim, por que se dar ao tr...

Fogos de artifício no peito

Enquanto os fogos de artifício explodiam no céu, dentro do peito algo também explodia. A mensagem que havia esperado durante anos havia chegado e com ela, tudo aquilo que havia receio em ler.

Palavras que mesmo contidas eram capazes de machucar. Lia, relia e relia, enquanto o barulho no céu se misturava ao som das batidas do coração. Era o timing perfeito. Precisava de uma resposta, mais uma oportunidade de cair na realidade e apesar de ficar insatisfeito e frustrado, sabia que tudo o que poderia fazer era respeitar o desejo do outro.

Entre memórias felizes e outras não tão felizes, apesar dos anos terem passado, continuava nutrindo sentimentos, como se tivesse congelado no tempo. Sua parte racional sabia que não era saudável, mas sua parte romântica fantasiava que algum dia iriam voltar a se falarem.

Então, depois de tanto engolir as emoções, decidira colocá-las para fora: em vez de explodir, temia implodir. Palavras que para ele nada significavam, como se eu estivesse falando em outra língua, de outra pessoa – não de quem ele era.

Muitos e muitos anos se passaram, mas o arrependimento de como as coisas foram no final nunca o haviam abandonado. Se ao menos pudesse voltar no tempo e fazer tudo diferente. O futuro era completamente incerto e o presente marcado por uma ausência que era sentida e tentava se reconfortar dizendo que se era o melhor para ele, pois que fosse assim.

Fez uma pausa para olhar os fogos queimando no céu. Era assim que seu corpo sentia sempre que pensava nele. O fogo foi iluminando, em seguida tudo o que conseguia ver era o céu de estrelas. Por alguns minutos, o coração havia pegado fogo, até virar faísca e tudo ficar frio e escuro.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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