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Destaques

Mudança de energia

Mudança de energia: às vezes é tudo o que você precisa para reequilibrar as coisas. De repente, você se dá conta em quanta atenção tem dispensado para uma coisa e/ou uma pessoa, uma energia que poderia usar para outras coisas, às vezes é algo tão automático, que você se esquece da importância de dizer não. Era muitas vezes ao não dizer não para o outro, que estava dizendo não para si mesmo. O problema era quando a impulsividade ganhava força e se sentia cada vez menos no controle da situação. Era, então, quando se lembrava da importância dos limites, não só do outro, mas de si mesmo. Pensava na quantidade absurda de tempo que gastava fazendo companhia para o outro, um tempo que poderia usar para si mesmo. Pensava em como deveria estar usando o tempo para escrever, aprender algo novo, se divertir, conhecer outras pessoas, fazer qualquer coisa que não envolvesse o outro. Por que, diabos, deveria deixar o outro como uma prioridade, quando não era recíproco? Há dias pensava no que poderia ...

Sisyphus: Drama coreano sobre viagem no tempo

Se você pudesse viajar no tempo e evitar uma guerra nuclear que fosse devastar seu país, você iria? Assim é a trama de Sisyphus, um drama coreano sobre viagem no tempo e desenvolvimento de tecnologias que mudariam a humanidade para sempre, como uma máquina capaz de enviar coisas e pessoas para determinadas épocas.

Com o título que lembra o mito de Sísifo, é impossível não pensar como alguns fatos são quase impossíveis de serem mudados sem gerar alguma alteração no tempo. O que muitos acreditavam ser irreal, de repente se transforma na única esperança da jovem Seo Hae.

Confesso que é difícil não assistir a série sem pensar nos impactos da tecnologia para a sociedade. Enxergar uma Coreia do Sul devastada pela guerra, repleta de ar impuro e insalubre, na qual os poucos sobreviventes continuam lutando para conseguir alimentos, remédios e armas.

Diferente de muitos dramas coreanos, o foco da série não está na construção de romance entre os personagens principais, mas nas cenas de ação e de reflexão sobre os impactos da tecnologia e da guerra, como uma possível onda de migração de pessoas vindo do futuro e tentando reconstruir suas vidas no passado/presente e os impactos na sociedade.

Com uma agência que persegue, prende e assassina pessoas que vieram do futuro, um discurso parecido com aquele de xenofobia se repete, a de que essas pessoas que migraram estariam tirando as oportunidades de pessoas do presente e até mesmo alimentando pensamentos conspiratórios.

Seja nas cenas no presente ou nas cenas do futuro, Sisyphus impressiona com uma dose de realismo, mesmo diante da ficção científica. Seja pelo roteiro que prende o telespectador ou pelas cenas em diferentes tempos, é possível, sim, imaginar uma sociedade que caminha rumo à distopia diante de tantas incertezas.

Se o destino da Coreia do Sul está nas mãos do engenheiro e físico Han Tae Sul e várias tentativas foram feitas e fracassaram, como Seo Hae poderia impedir que tudo se repetisse. Dá certa agonia de assistir a série com a constante sensação de que não se pode mudar as coisas, mantendo o clima de suspense do primeiro ao último episódios.

Sisyphus é um desses achados da Netflix que vale a pena assistir, mesmo por aqueles que não estão acostumados com dramas coreanos. O roteiro foge dos clichês e mira na imprevisibilidade, tornando cada vez mais instigante e deixando o telespectador curioso para saber como a história vai terminar e se o futuro será diferente.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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