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A difícil arte de impor limites nos relacionamentos
Impor limites nas relações é algo essencial, mas que nem todos sabemos fazer ou acabamos evitando pelo possível desconforto que vai causar no outro. Então, você passa os dias, semanas, meses, anos adiando, até que a situação se tornou tão desconfortável que tudo o que você precisa é de distância.
Às vezes, tudo começa com você escutando um problema ou outro, e quando se dá conta, a outra pessoa te usa como uma espécie de psicólogo/terapeuta, te contando diariamente todos problemas, algo que nem mesmo profissionais da área de saúde mental dariam conta. E você começa a perceber padrões, como se tudo estivesse errado, menos a pessoa; em vez de lidar com um problema de cada vez, cria novos problemas, de forma que você fica preso em um looping infinito de problemas.
Impor limites não é falta de empatia. Pelo contrário, é ter empatia e compaixão consigo mesmo e aceitar que independente do desejo de ajudar, tem coisas que só um profissional de saúde mental pode fazer para ajudar e não é algo que se resolverá em uma sessão de terapia, exigindo um autocompromisso e honestidade que nem sempre o outro tem.
A vida dá sinais. Nada acontece de forma tão repentina. Você se vê carregando problemas que não são seus, vê sua saúde mental ser testada a todo instante pelo estresse do outro e independente da empatia e compaixão, as coisas vão se desgastando a tal ponto que você perde o interesse de manter uma relação e continuar se comunicando com alguém viciado em reclamar sobre as vidas.
É difícil não poder ser sincero. É difícil ter que ver a pessoa se colocando sempre no papel da vítima. Se torna algo bizarro quando o outro não consegue tomar suas próprias decisões e vai jogando tudo nas suas costas, na esperança de que você valide algo que a pessoa deveria ser capaz de fazer por conta própria.
De repente, você se dá conta de que se tornou um monológo. Você também passa por problemas diários, mas não compartilha. Você tem que ser acolhedor o tempo inteiro. Você não pode mostrar que todo mundo erra, inclusive ela mesma. No show de lamentações, você se vê diminuído ao papel de quem tem que escutar e dar tapinhas nas costas, enquanto o que você deseja é perguntar para a pessoa: Qual é a sua responsabilidade na desordem que você queixa? E o que você vai fazer para resolver?
Como quem vai desintoxicando dia após dia, você vai percebendo como os dias estão mais leves e a parte pesada não pertencia a você. A estranha sensação de paz estava ali diariamente, mas você não era capaz de saber porque estava sempre em um papel que sequer tinha necessidade ou intenção de cumprir.
Às vezes, por mais difícil que seja, você precisa deixar o outro encontra o próprio caminho, se tornar menos dependente de você e, especialmente, não achar que você é um terapeuta e/ou lixeira emocional para ficar escutando diariamente problemas que não são seus e que só ele pode resolver se se comprometer em sua própria terapia. Há coisas que não podemos fazer pelo outro e mesmo a empatia tem limites. Às vezes, as coisas já não fazem sentido e você aceita o fim com a consciência limpa de que fez tudo o que era possível para ajudar, consciente de que há coisas que só o outro pode fazer por si mesmo.
*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.
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