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Destaques

Nostalgia: Entre flores de ipês amarelos e cerejeiras

Com uma lágrima no rosto, enquanto observava as flores de ipê amarelo dançando até o chão, tudo o que ele conseguia pensar era na delicadeza das flores de cerejeira, se deixando dominar por um sentimento de nostalgia agridoce: lembranças de um amor que se fora. Amarelo e rosa. Rosa e amarelo. Assim eram os dois, bem diferentes, mas quando desabrochavam eram capazes de despertar emoções antes adormecidas no peito. Queria fotografar as flores amarelas caindo, mas nada substituía a sensação de ver ao vivo e era desse mesmo jeito que ele pensava sobre as flores de cerejeira – e sobre ela. Não sabia se era por obra do destino ou mera coincidência, tudo o que sabia era que quando estava perto dela era como se os seus universos se fundissem e se tornavam uma só pessoa. Era uma das melhores sensações que poderia ter vivido. Tudo o que conseguia pensar era na Primavera. Primavera era sua época favorita do ano, não importa onde estivesse. Não imaginava que bastava uma estação do ano ao lado dela...

Fora da Teia de Problemas

Uma semana. Uma semana sem ouvir reclamações e problemas, sem lidar com quem se faz de vítima de tudo e todos e nunca se autorresponsabiliza. Logo nas primeiras 24 horas, o dia parece mais leve e você percebe que estava carregando um peso desnecessário. Há coisas que não podemos fazer pelo outro, e mesmo a empatia tem seus limites.

Dia após dia foi deixando a mente se limpar, voltar para sua configuração normal. Você se solta dos sentimentos de nostalgia e foca no momento presente: se o relacionamento algum dia tinha tal significado, agora havia se transformado em um problemático ciclo de reclamação, no qual nada é bom o suficiente e não importa o quanto você tente ajudar, nada é suficiente.

Conhecendo o padrão do outro, às vezes, melhor até do que ele mesmo, incapaz de se autoperceber, você sabe que não bastam algumas sessões de terapia para ajudar, o problema é muito mais complexo, o outro se agarra ao papel de vítima e consciente ou subconscientemente vai criando novos problemas, te prendendo em uma teia de problemas.

Estava exausto de validar os sentimentos do outro, como se o outro fosse incapaz de ver o bom em si mesmo e desesperadamente procurava alguém para dizer o contrário –você acaba se doando tanto, que se deixa de lado. Acontece que se torna uma dinâmica doentia, o outro passa a se depender cada vez mais de você, tentando enviar mensagens dia, tarde e noite, tirando o tempo que você precisava para sua própria saúde mental.

Bloquear uma pessoa da sua vida, muitas vezes, é um ato de amor próprio. Ou como diziam na internet: “Aguentou muito e ainda foi simpática”. Deixar o outro ir acaba sendo também uma forma de devolver à pessoa todas reclamações e pedi-la para redirecionar para um profissional de saúde mental, afinal, às vezes você é um mero humano tentando lidar com os seus dias e não precisa de alguém constantemente desabafando e reclamando.

Depois de uma semana, fora da teia de problemas, você volta a apreciar os pequenos momentos do dia. De repente, você não só percebe que fez o certo ao se afastar, como se dá conta de que deveria ter feito muito antes. Seja sua energia, atenção ou tempo, há muitas coisas que você poderia estar usando para si mesmo, em vez de focar em alguém viciado em reclamar dos problemas e se vitimizar. Escolha suas companhias com sabedoria.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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