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Destaques

Às vezes...

Tudo o que nunca fomos. Tudo o que nunca seríamos. Tudo o que não éramos. Havia um espaço dentro de mim que não poderia ser preenchido por todas palavras que representávamos um para o outro. Ia, então, se soltando lentamente, de quem havia se soltado de forma brusca. Ia dando tempo ao tempo e espaço para as coisas voltarem ao eixo. Escrevia para lembrar, escrevia para esquecer. Esquecer o quê? Nunca tinham passado de dois personagens cujas histórias jamais se cruzariam. Sequer poderiam ser definidos como colegas ou amigos, tampouco eram amores. Eram quase alguma coisa e nesse mundo de indefinições, às vezes era melhor não saber. Perdeu a conta de quantos dias o outro havia ficado sem responder. Perdeu a conta de quanto tempo havia se passado. De quando limites foram cruzados e quando promessas foram quebradas. Escrevia para dizer que a dor também fazia parte do processo de se sentir vivo. Escrevia para nomear as emoções e encontrar clareza em um universo de indefinições. Escrevia para ...

Fora da Teia de Problemas

Uma semana. Uma semana sem ouvir reclamações e problemas, sem lidar com quem se faz de vítima de tudo e todos e nunca se autorresponsabiliza. Logo nas primeiras 24 horas, o dia parece mais leve e você percebe que estava carregando um peso desnecessário. Há coisas que não podemos fazer pelo outro, e mesmo a empatia tem seus limites.

Dia após dia foi deixando a mente se limpar, voltar para sua configuração normal. Você se solta dos sentimentos de nostalgia e foca no momento presente: se o relacionamento algum dia tinha tal significado, agora havia se transformado em um problemático ciclo de reclamação, no qual nada é bom o suficiente e não importa o quanto você tente ajudar, nada é suficiente.

Conhecendo o padrão do outro, às vezes, melhor até do que ele mesmo, incapaz de se autoperceber, você sabe que não bastam algumas sessões de terapia para ajudar, o problema é muito mais complexo, o outro se agarra ao papel de vítima e consciente ou subconscientemente vai criando novos problemas, te prendendo em uma teia de problemas.

Estava exausto de validar os sentimentos do outro, como se o outro fosse incapaz de ver o bom em si mesmo e desesperadamente procurava alguém para dizer o contrário –você acaba se doando tanto, que se deixa de lado. Acontece que se torna uma dinâmica doentia, o outro passa a se depender cada vez mais de você, tentando enviar mensagens dia, tarde e noite, tirando o tempo que você precisava para sua própria saúde mental.

Bloquear uma pessoa da sua vida, muitas vezes, é um ato de amor próprio. Ou como diziam na internet: “Aguentou muito e ainda foi simpática”. Deixar o outro ir acaba sendo também uma forma de devolver à pessoa todas reclamações e pedi-la para redirecionar para um profissional de saúde mental, afinal, às vezes você é um mero humano tentando lidar com os seus dias e não precisa de alguém constantemente desabafando e reclamando.

Depois de uma semana, fora da teia de problemas, você volta a apreciar os pequenos momentos do dia. De repente, você não só percebe que fez o certo ao se afastar, como se dá conta de que deveria ter feito muito antes. Seja sua energia, atenção ou tempo, há muitas coisas que você poderia estar usando para si mesmo, em vez de focar em alguém viciado em reclamar dos problemas e se vitimizar. Escolha suas companhias com sabedoria.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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