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Destaques

Cheat: Nem todo relacionamento tem salvação após traição

Com uma premissa bem ousada, Cheat é um reality show da Netflix que fala sobre traição. Os participantes se reúnem em um retiro, onde são divididos em dois grupos e contam com aconselhamento de um especialista em relacionamentos que ajuda e orienta caso eles acreditem que o relacionamento ainda tem salvação. Spoiler: Uma das participantes que só descobre ao longo do reality show que foi traída deixa bem claro que não vai conseguir perdoar a traição – diferente dos outros participantes que tinham descoberto antes. Mesmo sabendo disso, ela continua participando, enquanto seu ex-parceiro tenta mostrar que é capaz de mudar. Mais curioso ainda é que, apesar de ela ser contra a traição, ela começar a flertar com o ex-parceiro de outra pessoa, gerando atrito entre eles. Entre negócios mal resolvidos e ex-casais tentando se transformarem para passarem pelo estágio de perdão e reconciliação, o reality show possibilita acompanhar os casais, seja vendo os que tentam se aproximar ou os que estão ...

O peso que não é nosso

Lidar com o peso que não é nosso nem sempre é fácil. Às vezes, você só se dá conta de quanta coisa que não era sua e você estava carregando quando fica sobrecarregado. Quando a paz diária é invadida por reclamações e pensamentos negativos do outro, vale a pena se questionar até que ponto vale manter um relacionamento assim.

Há uma expressão muito compartilhada na internet de que não adianta tomar remédios e fazer terapia, mas continuar em um ambiente empoeirado – e ela faz todo sentido. Muitas vezes, esse ambiente empoeirado está no ambiente digital e por mais que você tente reduzir o contato, ele se repete e repete diariamente, a ponto de causar frustração por saber que não importa o quanto tente ajudar, nada é o suficiente.

Amar a si mesmo e valorizar a própria paz são duas coisas fundamentais. Mesmo que haja a vontade de ajudar o outro, muitas vezes a pessoa precisa se dar conta de que suas demandas precisam ser levadas para terapia, para alguém com uma escuta atenta, empática e profissional.

Ninguém pode fazer a parte do outro, só ele mesmo. As linhas ficam borradas quando se há empatia e compaixão, mas também falta impor limites, os quais são valiosos para qualquer relacionamento. Quando o outro constantemente invade seu espaço com demandas e reclamações, querendo orientação, entre demais coisas que cabe a ele se autorresponsabilizar, é quase impossível não ver a relação desgastar.

Há momentos em que o relacionamento já não tem mais salvação. Você já escutou tantos e tantos problemas, vê o outro sempre no papel de vítima e em vez de resolver os problemas, cria novos problemas, sempre compartilhando com você, que você precisa deixar claro que o peso do outro é dele para carregar: algo nem sempre possível de fazer.


Então, você percebe sua saúde mental sendo afetada e percebe um padrão de comportamentos que só mesmo um bom psicólogo e bom psiquiatra podem ajudar. De repente, por mais que você entenda a dor do outro, você precisa deixar claro para si mesmo de que ela não é sua. Quando você finalmente decide deixar o outro ir, você percebe uma estranha sensação de leveza nos dias e nota que quem estava deixando seus dias ficarem pesados era o outro.

Você percebe que a mesma empatia e compaixão que você estava oferecendo para o outro também deve ser empregada a você. Você se permite viver o momento represente e respirar com calma. O peso do outro, você devolve a ele, em uma tentativa de mostrar que nem sempre somos vítimas das circunstâncias, mas que também devemos nos autorresponsabilizar. Parece algo tão bobo de se explicar, porém que algumas pessoas não conseguem entender. 

Um relacionamento que deveria ser de via dupla se torna um eterno monólogo de problemas, mas ao se escolher, você decide por um fim no ciclo. O que algum dia havia sido uma amizade saudável, há tempos se tornara um relacionamento disfuncional, onde o outro te enxerga como alguém para contar pequenos e grandes problemas e nunca se coloca como protagonista, sempre esperando alguma validação: até que o limite apareça e talvez ele entenda que precisa aprender como lidar com mais leveza para não deixar seus próprios problemas afetarem a saúde mental do outro e tornarem seus dias pesados.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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