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Destaques

Sobre Reler Livros

Reler um livro era como tocar um tecido que você já usou várias vezes, como se fosse pela primeira vez. A textura parecia diferente; o cheiro não era o mesmo; Era impossível não imaginar na palavra que circulava pela mente: diferente.  E por que esperar pelo impossível igual? O leitor não era o mesmo. Um intervalo de tempo considerável havia se passado. O personagem que costumava ser o favorito talvez agora seja outro. O texto que escreveria a respeito do livro talvez jamais fosse igual. Era um diferente leitor, um diferente livro, uma diferente interpretação. Ler pelo mero prazer era diferente de ler pensando na resenha que escreveria em seguida. Escolher o livro de forma aleatória era diferente de já tê-lo em mente. Reler era diferente de ler, mas sobretudo, era uma nova forma de leitura: os detalhes que antes não chamavam a atenção, agora pareciam brilhar nas páginas. Não estava no mesmo lugar em que estava quando o leu pela primeira vez. Sua pele não era a mesma, tampouco seu céreb

Documentário sobre jovens gays − Leve-me para sair

Texto: Ben Oliveira

"Leve-me pra sair" é um documentário de 19 minutos e 28 segundos realizado pelo Coletivo Lumika e que aborda um grupo de dez adolescentes gays de São Paulo, entre 16 e 18 anos e suas visões sobre o mundo.

Os jovens compartilham e respondem perguntas sobre questões como a identidade gay, homofobia, opção sexual e estilo de vida. Representantes da Geração Z, indivíduos nascidos após 1990 e que estão familiarizados com a Internet e outras tecnologias, cada um dos entrevistados tem opiniões em comum e divergentes.

Com uma trilha sonora leve, imagens de alta definição e zelo com a estética visual, um ponto criticado por quem assistiu o documentário foi a a escolha dos personagens. Alguns comentários publicados no Facebook e no Youtube consideraram o vídeo segregativo ao retratar somente a classe média branca paulistana e se esquecer dos negros e moradores da periferia, por exemplo.

Concordo parcialmente com estes comentários, pois ao produzir um videodocumentário seria impossível retratar todos os diferentes grupos sociais do Brasil, país que possui uma grande diversidade cultural, social e étnica.

Documentários não são necessariamente reflexos da realidade, mas uma representação do mundo em que vivemos, como acreditava Bill Nichols, autor do livro "Introdução ao Documentário", publicado em 2005, pela editora Papirus.

Discutir um tema tão complexo quanto a sexualidade e até que ponto ela define quem nós somos não é tão fácil quanto parece. Como futuro jornalista e idealizador de um vídeo-documentário como Trabalho de Conclusão de Curso, acredito que faltou aprofundamento da temática e do conteúdo, estimulando um olhar crítico e reflexão da sociedade. Talvez sair da questão genérica e mergulhar mais nas individualidades dos entrevistados − questionar mais, indo além da superfície.

"Ser gay te define?" é uma das perguntas do documentário que poderia ter explorado mais a diversidade, as questões culturais, sociais, psicológicas e filosóficas dos gays da Geração Z e diferenças em relações às outras gerações. Todavia, é preciso lembrar que vivemos atualmente em uma sociedade pós-moderna, na qual os indivíduos perderam suas essências e ideologias e vivem em constante buscas pelas suas identidades e lugares no mundo.

Confira o documentário Leve-me pra sair (Coletivo Lumika)




Coletivo Lumika − criado em 2011 com o objetivo de estudar e difundir a linguagem audiovisual. Desenvolvendo, principalmente, produções que despertem o interesse do público jovem.

No blog do Coletivo Lumika os criadores contam que a ideia do documentário surgiu por conta de um edital de projetos com temática LGBT publicado pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, com a proposta de difundir a cultura e comunicar o público homossexual.

Idealizadores do documentário: Alana Menk, Babi Sonnewend, Jessica Puga, José Agripino e Juily Manghirmalani.

*Agradecimento ao acadêmico de Jornalismo da Unopar − Universidade Norte do Paraná, Paulo Ferreira pela recomendação do documentário. 

Comentários

  1. Olá!
    Falo em meu nome e não no do Coletivo Lumika.
    Sim, de fato houve necessidade de fazer um recorte do universo, não tem como falar de tudo e de todos em 20 minutos. Além de outras questões como verba e tempo, e a própria natureza dos entrevistados. Ser adolescente e dar a cara a tapa não é nada fácil, além de requerer autorização dos pais e pleno consentimento até dos avós. E também tem o ponto de que uma vez jogado na internet não se tem volta, é incontrolável. Uma das nossas maiores preocupações foi com a imagem deles, de protegê-los de eventuais preconceitos.
    Sim, a estética (assino a direção de fotografia) foi tentar deixá-los o mais leves possíveis, pra amenizar a crítica diretamente a eles. E que bom que isso não está acontecendo. Temos que ter responsabilidade frente à sociedade, mas, acima de tudo, com nossos entrevistados.
    Sobre o aprofundamento, ainda haverá mais material disponível a partir de janeiro. Serão os documentários-pílulas que abordarão questões como religião, política, sociedade, entre outros. Além de sessões de debate realizadas entre eles, em que eles se perguntam e respondem.

    De qualquer forma, gostei da crítica.

    Beijos!

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  2. Olá!
    Falo em meu nome e não no do Coletivo Lumika.
    Sim, de fato houve necessidade de fazer um recorte do universo, não tem como falar de tudo e de todos em 20 minutos. Além de outras questões como verba e tempo, e a própria natureza dos entrevistados. Ser adolescente e dar a cara a tapa não é nada fácil, além de requerer autorização dos pais e pleno consentimento até dos avós. E também tem o ponto de que uma vez jogado na internet não se tem volta, é incontrolável. Uma das nossas maiores preocupações foi com a imagem deles, de protegê-los de eventuais preconceitos.
    Sim, a estética (assino a direção de fotografia) foi tentar deixá-los o mais leves possíveis, pra amenizar a crítica diretamente a eles. E que bom que isso não está acontecendo. Temos que ter responsabilidade frente à sociedade, mas, acima de tudo, com nossos entrevistados.
    Sobre o aprofundamento, ainda haverá mais material disponível a partir de janeiro. Serão os documentários-pílulas que abordarão questões como religião, política, sociedade, entre outros. Além de sessões de debate realizadas entre eles, em que eles se perguntam e respondem.

    De qualquer forma, gostei da crítica.

    Beijos!

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  3. Olá Alana,

    Obrigado pelo comentário.
    Realmente quando se trata de internet é necessário ter todo esse cuidado com o que vai ser exibido, até porque na comunicação, como sabemos, cada um recebe a mensagem de uma maneira e interpreta como quer.

    Fico feliz que vocês façam novos conteúdos. A qualidade está ótima! E toda produção abordando este tema é bem-vinda. Querendo ou não, falar de sexualidade, mesmo nos dias de hoje, ainda é difícil.

    Parabéns pela escolha do tema! :)

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  4. Ficaria mais do que agradecido se me contassem qual é a música de trilha de fundo. Grato!

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  5. olá,meu nome é gleison e tambem sou gay assumido e fiquei muito feliz ao ler e assistir o documentario, pois assumi a minha homossexualidade com 26 anos.depois de ter minha filha,hoje com 14 anos,não me sentia realizado sexualmente,foi dificil contar para minha familia ,tive a ajuda de meu irmão casula,bom 10 anos mais novo que eu.A minha mãe asseitou com facilidade ,meu pai que se julgava machista tambem asseitou,me dizendo que não me achava gay e sim mais homem do que ele ,pois se ele fosse gay o pai dele morreria sem saber.No entanto não podemos julgar o livro pela sua capa.entre em contato comigo pelo facebook.. nsumvule@gmail.com

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