Pular para o conteúdo principal

Destaques

Uma dose diária de sol: apoio

É difícil recuperar o protagonismo da própria vida quando há momentos em que você perde o controle dos próprios pensamentos e comportamentos. Mas ter quem reconheça suas alterações, por menores que sejam, pode fazer toda diferença. Aprendeu que colocar nos ombros do outro o papel de salvador era algo pesado demais. Mas também aprendeu que não deveria ignorar os sinais que antecedem uma crise, ainda que ela seja inevitável, era possível reduzir danos. Foi assistindo ao drama coreano Uma Dose Diária de Sol que aprendera que todo mundo poderia adoecer um momento ou outro e estava tudo bem pedir ajuda. Somente quem convive em alerta constante sabe a importância de poder contar com outros olhares e se permitir aproveitar o momento presente, se desligar um pouco. Construção era algo que acontecia aos poucos. Seria o outro capaz de diferenciar quando estava em crise ou não? Ou já seria tarde demais? Mesmo o tarde demais pode ser cedo se for identificado a tempo. O medo de perder o controle er...

Somos narradores de nossas próprias histórias

Texto: Ben Oliveira

Somos narradores e personagens de nossas próprias histórias. É preciso não confundir o narrador com o escritor, aquele que cria a história, pois não temos poder para tal. Não escolhemos onde nascemos, quando ou porquê, mas podemos direcionar algumas coisas durante nossas vidas.

Não importa a maneira que contamos uma história, ela será interpretada de diversas maneiras por quem está lendo ou ouvindo. Dependendo da intenção do narrador, ele tentará passar a informação que se aproxime mais da sua própria realidade ou deixará aberto para a subjetividade do leitor. Omitimos detalhes, lugares, nomes, personagens e ações tornando mais difícil ainda a compreensão de nossas complexidades, nos fazendo passar por protagonistas aparentemente fáceis de decifrar.

As pessoas gostam de creditar os mistérios da vida para Deus e se esquecem do quanto podem guardar dentro de si coisas que ninguém imagina, coisas que procuramos não mostrar para os outros e nós mesmos evitamos olhar por muito tempo. Todos temos um lado obscuro, na maior parte de nossas existências adormecido, mas que se alimenta de nossas mágoas, medos e inseguranças.

E, então, quando decidimos colocar um ponto final, fica a dúvida das possíveis motivações. Pessoas começam imaginar e enxergar o que elas querem ver. Coincidências ou não, tal qual o narrador de um conto − gênero literário caracterizado pela menor quantidade de texto em relação às novelas e romances, nem tudo precisa ser dito ou precisa ter um porquê detalhado.

Assim é a vida. Às vezes, ela simplesmente acaba. Há quem prefira guardar os bons momentos e há quem prefira se agarrar às mágoas. Não importa, faz tudo parte da maneira que foi contada, vivida, experienciada. Quando se trata da morte ou do fim, não existem vilões ou mocinhos, mas um momento que leva até quem não era tão próximo do seu personagem à catárse.

Ao mesmo tempo em que a morte produz uma ação catártica levando a purificação e liberdade, ela também faz com que nós questionemos mais sobre a vida, nossas atitudes e a maneira que tratamos as pessoas que são importantes para nós.

Morremos um pouco a cada dia desde os nossos nascimentos. A questão que permanece é como você está contando sua história. Fica claro que não escolhemos quando a morte chega, não somos escritores, somos mero narradores, mas é preciso admitir que somos responsáveis por adiantar o nosso fim e o fazemos diariamente com nossos hábitos nada saudáveis.

Para refletir:
"Uma noite, um velho índio contou ao seu neto sobre a guerra que acontece dentro das pessoas. Ele disse: ”A batalha é entre dois ‘lobos’ que vivem dentro de todos nós”.


Um é mau. É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é bom. É a alegria, paz, fraternidade, esperança, serenidade, humildade, bondade, compaixão e fé.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
- Qual lobo vence?
O velho índio respondeu:
- Aquele que você alimenta".

E aí, qual lobo você está alimentando? Como você está contando sua história?

Leia também: Somos nossos piores inimigos

Mais lidas da semana