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Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Preso no Mundo dos Livros


Texto: Ben Oliveira

Naqueles últimos dias de férias ele desejou  que sua vida se resumisse em dois verbos: ler e escrever. Ao acordar, uma das primeiras coisas que fazia era segurar um livro. Ele se deliciava com cada uma das palavras, frases e parágrafos e ficava maravilhado como elas ganhavam sentido quando colocadas em uma determinada ordem.

Se a cada dia ele lesse pelo menos algumas páginas de um livro, quando chegasse a sua hora de partir, ele não teria lido todas as obras desejadas, mas teria um estímulo para continuar existindo. De página a página, capítulo a capítulo, livro a livro, ele ia de uma estória até outra.

Fechou os olhos e se imaginou dentro de um dos livros que estava lendo. Era uma obra sobre diversos escritores e os seus processos criativos. Apesar de ser uma obra técnica, ele não conseguia deixar de imaginar como cada um daquelas famosos autores viviam, com seus costumes e excentricidades.

Em seguida, o jovem foi tentar escrever as páginas de um romance. Depois de experimentar uma viagem pelas memórias de diversos escritores, estava na hora dele visitar o seu próprio palácio das emoções. Tentou associar características suas e dos seus amigos para dar a vida a um personagem. Fisicamente os dois não tinham nada em comum, mas compartilhavam uma mesma essência, até o dia em que a protagonista se desenvolveu tanto e conquistou sua autonomia.

O jovem foi responsável por imaginar cada detalhe daquela estória, onde ficção imitava realidade e a vida imitava a arte. De olhos abertos, ele transitava entre dois mundos paralelos. Era só uma narrativa, porém poderia acontecer com qualquer um e quem sabe não era o que ele desejava em seu subconsciente para si mesmo.

Os pensamentos congelaram. Ele chegou em uma parte do livro, na qual nada do que já tivesse imaginado ajudava muito. Encarou a tela em branco do computador. O bloqueio veio de maneira esperada, com força e velocidade, como um acidente de carro.

Era como desligar a televisão e continuar ouvindo as vozes e os sons saídos dela. Ele tentou pensar em algo, queria se ver livre daquele ciclo, mas não conseguiu. O seu corpo estava no seu quarto, no carro, na academia, em qualquer lugar presente em sua rotina, todavia a mente estava aprisionada em outro mundo, criado por ele mesmo, e do qual ele não sabia como escapar.

A sensação não era das mais agradáveis como a de ler um bom livro e deseja ser aquele protagonista, naquela cidade e situação. Não, o escritor repetiu aquelas últimas imagens criadas em sua cabeça até ele saber como dar continuidade para sua estória.

Quando ele lia, se sentia confortável, pois mesmo sem saber o destino de sua viagem, estaria seguro, com todas as direções escritas – começo, meio e fim. Tal como na vida, não era tão fácil saber o que aconteceria em sua estória. Tantas opções, caminhos a seguir, questões sem respostas.

Decidiu fazer o que os outros escritores fariam – se desligar até estar pronto para prosseguir. Retomaria o controle e deixaria o trabalho de viver todas aquelas emoções para quem estivesse lendo sua obra. Seria inútil sofrer por algo pelo qual ele não tinha controle, tal qual o seu futuro. Fez uma escolha: o meio seria o início, o fim o meio e o início o final, logo não teria que se preocupar com os esqueletos deixados dentro daquela caixa escura. O fruto proibido de sua imaginação era mais do que fantasia, era uma parte de sua alma traumatizada, louca pela vingança e desesperada para contar sua história.

Nos textos dele, tudo era tão real quanto os sonhos e lembranças. Já não era mais problema dele quem se perderia naqueles labirintos, contanto que ele soubesse onde estava a chave para abrir a grande porta de ferro, o levando de volta para o mundo real quando desejasse. Algumas experiências eram fortes demais para serem simplesmente esquecidas.

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