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Destaques

Navillera: Drama coreano sobre o amor pelo balé na terceira idade

Quanto tempo dura um sonho de infância? Após uma vida inteira sonhando com o balé, um homem na terceira idade decide finalmente tornar realidade, com a ajuda de um jovem bailarino apaixonado pela dança. O telespectador acompanha essa não tão improvável amizade e união por uma paixão em comum no drama coreano Navillera , dirigido por Dong-Hwa Han em 2021, adaptado pelo roteirista Lee Eun-Mi em uma webtoon. Por ter mais de 70 anos, além de ter que lidar com as próprias limitações do corpo, como a flexibilidade e dificuldades de equilíbrio, o Sr. Shim (In-hwan Park) se arrisca em algo mesmo com o preconceito por parte da família em relação ao balé e à idade em que ele decidiu começar a praticar.  Do outro lado, ao mesmo tempo em que treina balé para um concurso, Chae Rok (Song Kang) assume a missão de ensinar Shim o básico sobre a dança clássica. O que se inicia como uma estranha relação adquire novos contornos conforme eles vão se aproximando e criando um vínculo que vai além das aulas

Resenha: A Arte de Escutar – Carla Four

Foi no Carrefour de Campo Grande (MS) onde encontrei o livro A Arte de Escutar: Histórias que revelam a beleza de ouvir e ser ouvido, escrito pela atriz, autora e diretora teatral Carla Four e publicado em 2009 pela Agir Editora.

O livro estava sendo vendido por R$ 9,90 e quem me conhece sabe que adoro promoções, se for literária, melhor ainda. Quando a grana está curta as promoções e os sebos são uma ótima maneira de alimentar o meu vício.

A Arte de Escutar me chamou a atenção pelo título, por causa da capa onde é possível ver dois bonecos de madeira – um falando e o outro escutando – e pelo o texto da contracapa. “Escutar é mais do que ouvir. É mais do que estar parada em frente a alguém, dividindo o mesmo metro quadrado. Escuta-se por todas as células do corpo...” – diz o trecho. Fiquei intrigado. Dei algumas voltas pelo shopping, olhei outros livros, mas sabia que levaria aquele para casa.

O que a princípio pode parecer um título de um livro de autoajuda sobre como as pessoas podem melhorar seus relacionamentos através de um bom diálogo ou um livro técnico com dicas para escutar melhor os outros, na verdade traz diversas histórias de uma protagonista que aprendeu a beleza de ouvir os outros.

Narrado em primeira pessoa, o texto foi originalmente uma peça de teatro que estreou em 2008, sucesso de público e crítica, indicado aos prêmios Shell, APTR e Contigo na categoria melhor autor.

No livro, o leitor acompanha as experiências da narradora em ouvir os outros, um hábito que ela tem desde pequena. Para a protagonista-coadjuvante, como ela mesma se denomina, escutar é o que nos torna humanos, pois neste ato nos conhecemos e aprendemos sobre o outro, já quando falamos ou interrompemos a escuta, ouvimos somente aquilo que gostaríamos.

A cada história o leitor se delicia com as saias justas e descobertas da protagonista. Por exemplo, na fila do banco, quando uma senhora conversa com a protagonista e ela só escuta, enquanto as outras pessoas do banco a ignoram. A mulher fala sobre como eram as coisas na sua época, a música, os relacionamentos e sobre a filha que não aceita o seu jeito doidinho.

Já em Noite de Natal, a protagonista se lembra de quando era criança e dos segredos compartilhados por seus tios. Em todas as narrativas, a protagonista se limita a ficar em silêncio escutando, deixando que o corpo e as expressões faciais deem continuidade à conversa. Ela descobre, por exemplo, quem arranhou o carro do outro tio no natal passado, as frustração da tia e como ela odeia passar a data comemorativa com a família da menina.

Em Academia de Ginástica, o leitor acompanha a protagonista em sua luta contra o sedentarismo, mas o que mais chama a atenção é uma mulher sarada do banheiro que começa a desabafar. A protagonista descobre que ela tinha um caso, mas depois de perceber que o marido também tinha, acabou valorizando mais ele.

E neste ritmo, a protagonista vai passando ao leitor o que escutou, sem julgamentos e opiniões, assim como ela faz quando está escutando os outros. Depois de ler todas as páginas é possível reconhecer como a arte de escutar pode ajudar a conhecer boas histórias e também a contá-las.

Da mesma forma que a protagonista sabe o momento certo de falar ou não, de simplesmente ouvir sem inibir quem está contando sua vida, acredito que tanto como jornalista quanto como escritor, aprendi que não se trata somente de entrevistar e escrever, mas saber se conectar com quem está falando. Toda essa arte de ficar imóvel e se dispor a ouvir, no final pode te trazer mais conhecimento do que um diálogo, onde um fala o que quer e o outro escuta e responde o que convém.

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