A Jornada do Escritor, ou seja, o caminho percorrido por aqueles que sonham em se tornarem escritores profissionais envolve não só escrever, mas também buscar o conhecimento. Uma das melhores formas de se aprender mais sobre a escrita literária é através dos livros: literatura, técnicos, crítica literária, ensaios e demais áreas de conhecimentos que possam ajudá-lo a entender melhor os seres humanos e a arte de escrever.
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Charles Dickens. Imagem: Hollyer, Samuel, 1826-1919 / Graphic Arts/Library of Congress. |
Um dos principais erros de escritores iniciantes é o de se aventurarem no universo da escrita, sem antes terem uma boa bagagem literária. Não estou dizendo que existe um número mínimo de livros que alguém precisa ler, para que possa finalmente começar a escrevê-los – aliás, a jornada do escritor é muito pessoal e cada um deve saber como empreendê-la –, porém se você for analisar os conselhos deixando por grandes autores, vai perceber que a maioria destes profissionais recomenda muita leitura!
Por que é tão importante essa leitura? Bom, primeiro porque antes de inventar de escrever um livro de terror, fantasia, ficção científica, ou seja lá qual é a temática que você deseja abordar, é necessário que você entenda quais são as características que não podem faltar em sua história. Além de entender a temática que você deseja escrever, você precisa se familiarizar com o gênero literário escolhido: conto, romance ou novela (este último, menos presente na literatura nacional!). Um conto é muito mais do que uma história curta, assim como um romance não é só um livro longo, dividido em vários capítulos.
Todos os meses, ou quando tenho dinheiro, eu invisto em adquirir livros que possam aumentar a minha bagagem cultural. Hoje, ao terminar de ler dois livros técnicas sobre escrita (literatura comercial) em uma tarde, fiquei pensando: “Será que realmente valeu a pena comprá-los?”. E a resposta foi quando ao terminar um dos exercícios de escrita livre, eu consegui encontrar o final do romance que estou escrevendo. Não importa se o livro é pequeno ou grande, se é técnico ou reflexivo, quem faz a diferença é a sua leitura e a maneira que você explora as informações, somando com os seus próprios conhecimentos.
Outra série de livros que eu comprei, por exemplo, são oficinas de escrita. O livro traz uma série de exercícios e são como se o leitor estivesse participando de um curso, sendo guiado pelo autor. O escritor iniciante ou até mesmo o veterano, à medida que desenvolve a escrita, vai saindo da zona de conforto. O livro é extremamente prático – cabe ao leitor fazer suas próprias reflexões e utilizá-lo da melhor maneira possível.
Quando leio livros de literatura, gosto de marcar os meus trechos favoritos, reviravoltas, metáforas e algumas técnicas utilizadas pelo autor para tornar o livro mais interessante. Isso me ajuda bastante a aprender sobre a minha própria escrita e, é claro, na hora de resenhar o livro, pois facilita na hora de recordar as passagens mais marcantes da obra e tentar entrar em contato com a essência do escritor.
Se o seu objetivo é aprender mais sobre a arte da ficção, no momento em que está lendo é necessário ter uma visão diferenciada, não basta ler por mero entretenimento. Acredite, entender um fragmento que seja da essência de um escritor é tão prazeroso quanto lê-lo só para passar o tempo. A sensação que fica é a de que você e o autor compartilharam segredos, confidências – é o famoso “ler nas entrelinhas”.
A leitura dos clássicos da literatura também é importante, afinal, muitas obras contemporâneas surgiram do diálogo com esses livros escritos há séculos (intertextualidade), além de ser uma ótima forma de compreender quais elementos da narrativa fizeram tanto sucesso a ponto de conquistarem leitores até os dias atuais.
Não se pode ignorar a força de alguns autores contemporâneos best-sellers para quem deseja entender por que eles vendem tanto. No entanto, até eles tiveram que beber em fontes do passado para escreverem seus romances. Por exemplo, se você gosta de distopia, tema que tem vendido muito atualmente, não basta ler livros como
Divergente (Veronica Roth) e Jogos Vorazes (Suzanne Collins), é preciso se aventurar também em Laranja Mecânica (Anthony Burgess) e 1984 (George Orwell).
Não basta ler os livros técnicos com soluções “rápidas e fáceis” para escrita, como se escrever um livro fosse como seguir a receita de um bolo. É interessante que o escritor tenha conhecimentos sobre teorias (linguística, literária, comunicação) e compreender os assuntos que deseja abordar em seus livros. Logo, além dos livros servirem como ótimos materiais de estudo, eles também são ótimas ferramentas de pesquisa. Por exemplo, escrevi um romance de fantasia sobre bruxaria, e mesmo tendo conhecimento da religião, precisei reler alguns livros. Não importa se o seu livro é de fantasia, os símbolos, rituais e demais elementos precisam ser verossímeis e fazer sentido.
Portanto, se você sonha em se tornar escritor profissional – sobreviver de sua carreira literária –, é melhor torná-lo um objetivo e começar a traçar seu caminho. Não adianta achar que o escritor somente escreve e magicamente tudo sai lindo e perfeito. Além de investir tempo na prática da escrita, os autores precisam ser leitores vorazes, entendedores da literatura. Ninguém está dizendo que você precisa escrever um livro que vá agradar todo mundo ou se tornar um Mestre da Teoria Literária. Tenha em mente que mesmo autores que já foram massacrados pelos especialistas, como Stephen King, dominam a arte de escrever. Seus textos, muitas vezes, são criticados pelo debate literatura arte x literatura comercial, embora quem lê as entrelinhas percebe vários elementos que enriquem suas obras literárias (intratextualidade, intertextualidade, metalinguagem, metáforas e por aí vai...).
Se o seu objetivo é só publicar um livro, bom, existem inúmeras opções atualmente, algumas até mesmo gratuitas, como a Amazon ou a autopublicação, na qual você pode recuperar o seu dinheiro gasto se vender os livros para seus amigos, familiares e conhecidos. Porém, se o que deseja é se profissionalizar como escritor, busque aprender sempre, entender o mercado editorial, investir na leitura e escrita, ter paciência, entender que você vai ter que sacrificar algumas coisas para conquistar outras e ser humilde para admitir que todos temos algo que precisa ser melhorado em nossos textos, nossas vidas. Parece óbvio, embora muitos não percebam. Mais absurdo do que um escritor que não escreve – independente dos inúmeros fatores que pouca diferença faz para o leitor e para editores (falta de tempo, preguiça, procrastinação, falta de inspiração, bloqueio criativa) – é um escritor que não lê!
Muito boa esta sua matéria e, principalmente, esclarecedora. Ler abre os horizontes, as possibilidades, e seria muito bom se todos lessem os clássicos e coisas contemporâneas de qualidade conseguindo avaliar e absorver o que há de melhor.
ResponderExcluirhttp://livroarbitriodotco.wordpress.com/
Olá, Karla! Muito obrigado por sua visita e comentário. Concordo contigo... Seria ótimo! Podemos aprender com os clássicos e contemporâneos, basta querermos sair de nossas zonas de confortos. Realmente, ler nos fazer ampliar nossa visão sobre a vida, o ser humano, a sociedade e tudo mais.
ExcluirAbraços e volte sempre!