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Destaques

Bandeiras vermelhas

É preciso tomar cuidado para não ser tão compreensivo a ponto de ser desrespeitado. A frase girava dentro dele, o fazendo perceber o quão duvidoso e traiçoeiro poderia ser ignorar bandeiras vermelhas. Bandeiras vermelhas ou Red flags serviam como um alerta de que havia necessidade de prestar atenção no comportamento do outro. Ignorar bandeiras vermelhas tinham um preço que não valia a pena pagar. Em alguns casos, impor limites é o suficiente.  Em outros, se afastar é fundamental. Então, a empatia, muitas vezes, pode atrapalhar mais do que ajudar. Você quer ser compreensivo e entender esse lado, muitas vezes, sombrio do outro, se esquecendo que no final quem vai se machucar é você.  Existem palavras que não podem ser ignoradas. Existem coisas que você não pode esquecer, simplesmente por gostar de alguém. Existem comportamentos que são desnecessários e tóxicos, não importa o quanto você tente ignorar.  Reconhecer a toxicidade do outro também envolvia reconhecer que em algum...

Resenha: Remoto e Improvável – Guilherme Oli e Paloma Leite

O livro Remoto e Improvável, dos autores Guilherme Oli e Paloma Leite, traz uma história com os encontros e desencontros de Tarso e Bia. Se vai ser uma história de amor ou não, cabe ao leitor descobrir ao virar de páginas. A obra de ficção, de 160 páginas, foi publicada pela PerSe, em 2014.
Livro Remoto e Improvável
Bela capa do livro Remoto e Improvável!

Antes de se aventurar na leitura, o leitor é premiado com um texto na contracapa feito pelo escritor Paulo Sérgio Moraes. Desde o agradecimento e o prefácio do livro, a interação entre leitor e autores já é criada uma afinidade, uma conversa, um convite para viajar pela história e se identificar ou não com os personagens.

“Eu penso só em mim, no agora, no que me dá prazer, no que me diverte, no que me satisfaz, até onde eu posso ir. E, desde que você foi embora, penso em mim e em você...”Bia

Com os recursos tecnológicos, as narrativas modernas têm investido em diferentes formatos. O livro Remoto e Improvável aposta na troca de e-mails enviados pelos personagens principais, não necessariamente somente entre si. Quando o gênero e a temática são adequados para a linguagem criada pelos autores, esta mistura pós-moderna dentro da ficção dá certa!

A linguagem de Remoto e Improvável é fácil de entender, afinal, ninguém escreve e-mails pessoais repletos de termos técnicos, ao menos que seja necessário. Uma das características da boa ficção é quando o leitor consegue se colocar na pele dos personagens. Difícil é não se ver envolvido pela personalidade forte e ácida de Beatriz, ou Bia, para os íntimos, ou querer dar uma sacudida no provinciano e religioso Tarso. Não nos esqueçamos do gato Tolstói, o animal de estimação da protagonista! Assim que o leitor se vê envolvido com a narrativa, aquela barreira entre ficção e realidade se dissolve, como se os personagens fossem pessoas de verdade e estamos espiando seus e-mails.

Narrada em ordem cronológica, a história é dividida em meses e é interessante notar que cabe ao leitor preencher as entrelinhas, já que alguns e-mails são diários e outros têm um intervalo maior de tempo, onde muitas coisas podem acontecer. Para quem já teve um relacionamento à distância, Remoto e Improvável traz uma dose de nostalgia e romantismo, já que o e-mail ainda é uma das ferramentas utilizadas para a troca de mensagens entre pessoas que moram em diferentes cidades, e da mesma forma que a plataforma serve para matar a saudade e manter o outro atualizado, também pode provocar uma série de desentendimentos.

À medida que a história vai se desenrolando, os personagens vão se transformando. Uma dose de amor romântico, outra de desapego, neste encontro entre o tradicional e o moderno, o certinho e o errado, a província e a metrópole, Tarso e Bia vão se construindo e desconstruindo. Tudo começa com a festa de uma empresa e o resto? Você descobre lendo!

“Não acho que Deus esteja querendo o meu mal colocar você no meu caminho. Pelo contrário, achei que foi um belo presente, dos mais preciosos. Quero ter essa chance de conhecê-la melhor, mesmo de longe, mesmo sem que você me faça qualquer promessa” – Tarso

Não dá para ler e ficar indiferente aos dramas dos personagens. Sabe quando você acompanha um filme e fica dizendo para o mocinho que ele entendeu errado o que aconteceu com a garota? Esses diálogos acontecem simultaneamente.

Para quem, como eu, é apaixonado pelo processo de criação de um livro, no final de Remoto e Improvável, Guilherme Oli e Paloma Leite contam como foi. Por exemplo, da mesma forma que o romance é epistolar (troca de e-mails), os autores criaram os personagens e deram vida a eles naturalmente, publicando no tempo real em um blog chamado Conversa de Seis Meses que não foi divulgado.

Além de uma boa dose de entretenimento e esquecer um pouco de si mesmo, para viver uma história contada, é interessante refletir que da mesma forma que Bia e Tarso tomaram suas próprias decisões, sem planejar cada um dos atos e na vida real é o mesmo que acontece. Se um relacionamento amoroso entre vai dar certo ou não, você só vai saber se tentar e deixar as coisas fluírem. Aliás, é comprovado por pesquisas que a leitura de romances ajuda os leitores a abrirem a mente e entender as diferenças. Quem sabe se você não acompanhar um pouco das inseguranças, medos, orgulhos, paixões e preconceitos dos personagens, você não aprende mais sobre si mesmo e vê que nem sempre as coisas são como parecem? Uma história de amor remota e improvável. Se é realidade ou fantasia, cabe a você descobrir. Porque nem todo romance precisa ser um conto de fadas... E nem todo mundo precisa pensar igual.

A capa do livro foi feita pelo artista Juca Levy e os próprios autores foram responsáveis pelos serviços de revisão e diagramação.

Sobre os autores:

Guilherme Oli – Veio do interior de São Paulo, é pedagogo, roteirista, curioso e com uma mente tão fértil que não sobra muito tempo para conversar. Depois de transformar algumas das suas ideias em roteiros, resolveu se aventurar na literatura e lançar seu primeiro livro com a Paloma. É também um dos organizadores e autores do livro Remetente N15!

Leia: Entrevista com o Guilherme Oli.

Paloma Leite – É uma mineirinha que adora brigadeiro, ama literatura e deixou a terrinha de Guimarães e Drummond para fazer Letras em Sampa. Sempre escreveu, mas precisou que Guilherme Oli a tomasse pela mão e dissesse: “Vem!”.

Leia: Entrevista com a Paloma Leite.

Remoto e Improvável pode ser comprado em no site da PerSe, na versão impressa e digital! Ou diretamente com os autores pela fan page do livro.

O livro também está presente no Facebook e Skoob!

Obrigado aos autores, Guilherme Oli e Paloma Leite pela confiança e enviarem o livro Remoto e Improvável para ser resenhado aqui para o blog! Lembrando: Independente de quando eu compro um livro ou recebo exemplar cortesia para resenha, a minha opinião não é influenciada. Já aconteceu de receber livros que não gostei tanto e outros que adorei.

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