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Destaques

Olympo: Série espanhola da Netflix sobre jovens atletas e doping

A série espanhola Olympo foi lançada recentemente pela Netflix e os fãs já estão se questionando se terá segunda temporada. Até o momento, nenhuma informação foi confirmada pela Netflix, mas o final da primeira temporada dá a entender que terá continuação. Seguindo um estilo parecido com o de Elite , série espanhola que fez sucesso na Netflix e teve 8 temporadas, resta saber se Olympo fará sucesso para sua renovação. A série espanhola chegou a ficar em primeiro lugar entre os mais assistidos em alguns países, de conteúdos que não sejam de língua inglesa. Uma escola voltada para atletas que têm um nível de alto desempenho. Enquanto os jovens lidam com seus treinamentos e eventos, eles também lidam com seus dilemas e questões de identidade. Um personagem que mais chamou a atenção do público telespectador foi o Roque (Agustín Della Corte) , o melhor jogador de rugby do time que é gay e quase teve suas conquistas desmerecidas por um episódio de homofobia. Para quem se lembra das cenas que...

Resenha: Psicose – Robert Bloch

Psicose (Psycho) é um desses livros que eu gostaria de ter lido muito antes de ter assistido ao filme, o que seria bem difícil, já que a obra foi publicada originalmente em 1959 e em 1960 foi adaptada para o cinema pelo diretor Alfred Hitchcock, sendo considerado um thriller clássico, o qual eu perdi a conta de quantas vezes assisti. Esta semana li o livro de suspense escrito por Robert Bloch, com tradução de Anabela Paiva, de 240 páginas, publicado pela DarkSide Books, em 2013, e a experiência continua maravilhosa.

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O romance é narrado em terceira pessoa e se foca na história de Norman Bates, o dono de um motel em uma rodovia que já não é tão usada e costuma receber menos visitantes. Mary Crane está de passagem, tentando fugir, em busca de um futuro com o homem por quem está apaixonado e mantém um relacionamento à distância. O encontro entre os dois é o pontapé inicial da trama, que movimenta o núcleo principal dos personagens e começa a expor o lado sombrio de Norman.

Para quem já assistiu ao filme, não há muitos segredos nas reviravoltas, mas acaba sendo interessante imaginar quais foram os recursos utilizados pelo autor para prender o leitor e criar o efeito de suspense a cada capítulo. Fica claro o quanto somos influenciáveis pelo narrador, quem não faz ideia da história de Norma Bates, a mãe de Norman, talvez não se dê conta de como essa relação entre os dois personagens é explorada através das palavras. Mesmo narrado em terceira pessoa, algumas vezes o leitor consegue acessar a mente de Norman, tornando a leitura mais envolvente.

“As mães são às vezes dominadoras, mas nem todas as crianças se deixam dominar. Nem todas as viúvas e nem todos os filhos únicos se emaranhavam nesse tipo de relação. A culpa era tanto dele quanto dela. Porque ele não tinha iniciativa”

Com o desaparecimento de Mary, um investigador, o namorado e a irmã da mulher tentam encontrá-la e seus caminhos se cruzam com o Bates Motel. Norman está mantendo um segredo sobre sua Mãe. Aliás, é interessante observar a maneira que o narrador destaca o nome dela e como o personagem se comporta em relação a ela, em um tom de submissão e como sua personalidade oscila conforme ele se sente sob pressão.

Norman Bates é um personagem fascinante, para quem gosta de investigar a mente de assassinos. Aliás, ele foi inspirado em Ed Gein, um homem que foi preso em Wisconsin (EUA), em 1957, por ter assassinado duas mulheres e também tinha uma relação doentia com sua mãe – caso que também inspirou os filmes O Massacre da Serra Elétrica (1974) e O Silêncio dos Inocentes (1991), segundo nota explicativa do livro.

“Ela começou a rir. Parecia que cacarejava; e ele sabia que, se ela embalasse, não ia parar mais. A única maneira de fazer com que parasse era gritar mais alto do que ela. Uma semana atrás, Norman não teria ousado. Mas já não era a semana passada, era agora, e as coisas eram diferentes”.

Lila Crane consegue ganhar algum destaque no livro por sua ousadia e inconformismo com a falta de informações do investigador e da polícia sobre o paradeiro de sua irmã, Mary. A impetuosidade de Lila dá uma acelerada no ritmo da narrativa, equilibrando os momentos de ação com as memórias de Norman, ajudando a pintar o quadro total da trama. Quanto mais provamos do passado de Norman, mais instigados ficamos a beber de sua essência e compreender um pouco da linha do tempo de como ele chegou ao seu estado atual e o que aconteceu com as pessoas ao seu redor, para ele se tornar um homem tão solitário.

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Uma das minhas partes favoritas do livro é a que Lila dá de cara com a biblioteca de Norman e encontra livros sobre ocultismo, bruxaria, parapsicologia e satanismo, obras que em um primeiro instante parecem incompatíveis com o personagem e/ou o local em que ele vive. Robert Bloch brinca com esses estereótipos e com as aparências das pessoas, mostrando que qualquer um é capaz de fazer algo inesperado, independente do que as suas máscaras pareçam. Muitas peças do quebra-cabeça são encaixadas até o final do livro, enquanto múltiplas possibilidades de leituras ficam em aberto sobre até que ponto Norman pode ser visto como um monstro e como os seus traumas do passado foram determinantes para a piora de sua condição.

“Passou o dedo pelo fio da navalha. Estava afiada, muito afiada. Tinha de ter cuidado para não se cortar. Sim, e teria de escondê-la quando terminasse, trancá-la num lugar em que a Mãe não a pudesse pegar. Não podia deixar algo afiado assim ao alcance da Mãe”.

Muitas pessoas elogiam Psicose, como um dos melhores filmes do Hitchcok, esquecendo que mesmo com a genialidade da direção, fotografia e trilha sonora da época, por trás da adaptação há o romance de Robert Bloch. Após ler Psicose e tentar imaginar um contexto antes de ler a obra, não é tão difícil notar porque Alfred Hitchcock ficou tão fissurado para transformá-la em filme e comprou centenas de exemplares do livro para que os espectadores não soubessem quem era o assassino, até que passasse a época de exibição de Psycho nos cinemas. Aliás, a série Bates Motel está aí para provar que ainda há muito para ser explorado nas narrativas envolvendo Norman e os segredos de sua família.

Não poderia de deixar de comentar o projeto gráfico da DarkSide. Não é preciso ir tão longe para entender porque muitos leitores babam pelos livros da editora. As ilustrações são mimos que ajudam a deixar a experiência da leitura ainda mais prazerosa e sinestésica.

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Sobre o autor – Robert Bloch (1917-1994) foi um escritor norte-americano de terror, fantasia e ficção científica. Autor de centenas de contos e mais de 30 romances, tornou-se mundialmente conhecido com Psicose (1959), adaptado para os cinemas por Alfred Hitchcock. Teve como mentor H. P. Lovecraft, um dos mestres das histórias de horror e mistério, grande incentivador do trabalho de Bloch, com quem chegou a trocar cartas, além de ter sido um dos mais jovens membros do Lovecraft Circle, círculo de amgios do escritor. Colaborou com revistas pulp no começo da carreira, como a Weird Tales, além de escrever para fanzines de ficção científica e fantasia. Foi um prolífico roteirista para cinema e TV por mais de trinta anos, tendo escrito dez episódios para a série de suspense e mistério Alfred Hitchcock Apresenta (1962-1965), o roteiro do remake de O Gabinete do Dr. Caligari (1962), de Roger Kay, e três roteiros originais para a série Star Trek (1966-1967). Ganhou o Hugo Award (pelo conto That Hell-Bound Train), além do Bram Stoker Award e do World Fantasy Award.

Sobre a tradutora – Anabela Paiva equilibra trabalhos como jornalista, consultora de comunicação e pesquisadora. É autora do livro A Dona das Chaves (Record, 2010), escrito em parceria com Julita Lemgruber. Apaixonada pelo Rio de Janeiro, onde vive, gosta de estudar a história e os problemas da cidade e se orgulha de transitar entre fronteiras sociais e urbanas. Seus familiares a consideram a espectadora ideal para os filmes de terror e suspense, pois costuma dar pulos da cadeira nas cenas mais assustadoras.

O livro Psicose pode ser comprado em diversas livrarias e e-Commerce, como Submarino, Americanas e Livraria Cultura

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