Existem mais de 2 milhões de pessoas no
espectro autista no Brasil e os números seriam bem maiores se ainda não houvesse tanta dificuldade de encontrar profissionais especialistas no assunto. É bem provável que ao longo da vida você tenha conhecido um autista, mesmo que não saiba ou até mesmo que a pessoa não soubesse – como acontece com quem tem diagnóstico tardio na
vida adulta de Síndrome de Asperger. Entender um pouco sobre a
condição neurológica diversa é essencial para a inclusão social.
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Estamos em 2018 e ainda há muita desinformação sobre o autismo, especialmente na internet com a explosão de informações falsas. Ainda há um déficit de profissionais da saúde especializados no transtorno do espectro autista no Brasil, mas com o aumento do número de diagnósticos no mundo todo, mais autistas, familiares e profissionais estão buscando mais conhecimentos e informações.
Texto da imagem:
“Para algumas pessoas, no entanto, os problemas sensoriais causam transtornos. Elas não conseguem conviver em ambientes normais, como escritórios e restaurantes. A dor e a confusão definem suas vidas” – Temple Grandin
Temple Grandin foi e ainda é muito importante no processo de
conscientização sobre o autismo. No livro
O Cérebro Autista: Pensando Através do Espectro (The Autistic Brain: Thinking Across The Spectrum), a especialista em comportamento animal e o jornalista
Richard Panek falaram sobre algumas das pesquisas envolvendo o cérebro da própria Temple Grandin, bem como comentando sobre os comportamentos autísticos. Lembrando que o livro foi publicado originalmente em 2013, mas ainda permanece relevante.
Confira 4 curiosidades do livro O Cérebro Autista:
1) Temple Grandin puxa a orelha dos pesquisadores sobre a questão sensorial
A autora e palestrante renomada reclama da falta de pesquisas sobre os problemas sensoriais. Há uma preocupação excessiva com a socialização, sem levar em conta que a presença em alguns ambientes com muitos estímulos sensoriais pode ser desconfortável e/ou doloroso, provocando ansiedade e crises.
Ou seja, não adianta se focar só no desenvolvimento de habilidades sociais e esquecer que cada autista tem diferentes níveis de transtornos sensoriais e como os comportamentos podem ser mal-interpretados por quem não entende.
“Se os pesquisadores querem saber como é ser uma das muitas e muitas pessoas que vivem em uma realidade sensorial paralela, eles precisam perguntar a elas. Pesquisadores costumam menosprezar o relato dessas pessoas por pensarem que não se presta à verificação científica por ser subjetivo. Mas essa é a questão. A observação objetiva do comportamento pode fornecer informações importantes. Mas só a pessoa com sobrecarga sensorial pode dizer o que isso realmente representa” – Temple Grandin e Richard Panek, O Cérebro Autista
Ignorar a questão sensorial é não querer enxergar questões como porque os autistas se cansam com mais facilidade e precisam de um tempo maior para recarregar as energias e porque alguns ambientes são evitados e/ou tolerados por pouco tempo, influenciando também o nível de socialização. Você ficaria muito tempo em um lugar que te faz mal? Teria disposição para conversar enquanto sente dor e/ou desconforto?
2) Identificação e exemplos das experiências sensoriais
Usando a própria experiência sensorial e a de outros autistas, Temple Grandin classificou as questões do processamento sensorial em três categorias: busca sensorial, alta responsividade sensorial e baixa responsividade sensorial.
Para ficar mais fácil para os leitores entenderem, Temple Grandin identificou alguns dos problemas e comportamentos relacionados aos cinco sentidos: problemas de processamento visual, processamento auditivo, sensibilidade tátil, sensibilidades olfativa e gustativa, além de dar dicas de como é possível identificar e como lidar.
“Como alguém que precisou inventar a máquina do abraço para conter a ansiedade e as crises de pânico, obviamente tenho um grande problema com a sensibilidade ao toque... Mas meus problemas táteis não acabam aqui. As roupas me deixam louca se não tiverem a textura correta” – Temple Grandin, O Cérebro Autista
3) Breve histórico sobre o autismo
Temple Grandin discute desde as dificuldades de sua infância, época em que pouco se sabia sobre o autismo, até algumas das transformações das classificações e visões dos pesquisadores. Segundo ela, um dos motivos para o aumento dos diagnósticos é o de que mais pais estão levando os filhos atrás de um diagnóstico correto.
Uma coisa é certa: apesar de alguns dos mitos espalhados antigamente, como o da mãe geladeira, ela ressalta que o autismo está no cérebro, não na mente. Essa forma de pensar o autismo, além de ser mais correta, ajuda a entender alguns dos comportamentos e de que forma eles estão relacionados com os neurônios e partes do cérebro. Outra questão importante é lembrar de que forma o autismo está relacionado à genética.
4) Entender os pensamentos e os pontos fortes
Quando Temple Grandin deu suas primeiras palestras e lançou seu livro, ela imaginava que os autistas pensavam igual ela. Temple tem uma forte relação com o pensamento visual. Conforme ela foi conhecendo outros autistas, ela percebeu que cada um se identifica mais e se expressa melhor do seu jeito.
A autora fala sobre como a inteligência de autistas já foi subestimada e também cita a importância de descobrir os pontos fortes, o que poderia dar um direcionamento sobre o que estudar e/ou trabalhar. Ela fala sobre a importância de trabalhar com diferentes pensadores e cita o próprio jornalista Richard Panek (pensador por padrões e palavras) como um exemplo e como eles colaboraram para escrever o livro.
“Ao cultivar a mente autista cérebro por cérebro, ponto forte por ponto forte, podemos repensar os adolescentes e adultos autistas em empregos e estágios sem um esquema caritativo, como gente valiosa e até essencial que contribui para a sociedade” – Temple Grandin, O Cérebro Autista
Porém, para que essas mudanças e a inclusão aconteçam, é preciso que a sociedade também esteja preparada. Além do preconceito, assunto pouco comentado no livro e tirando as questões cerebrais, muitas das barreiras impostas aos autistas ainda são sociais – muitas vezes, o ambiente é mais propício para o desenvolvimento. Um autista pode ter muitos conhecimentos em determinadas áreas e não ter as mesmas oportunidades de emprego por não ter os mesmos contatos (facilidade de conhecer outras pessoas) e/ou não ter aceitação, empatia e paciência no local de trabalho.
Sobre os autores:
Temple Grandin – é autista e revolucionou as práticas de tratamento de animais em fazendas e abatedouros. Ph.D. em zootecnia, é professora de ciência animal na Colorado State University e autora de best-sellers que já somaram mais de 1 milhão de exemplares vendidos. O filme da HBO, Temple Grandin, baseado em sua vida, recebeu sete Emmys, incluindo os de melhor filme para televisão e de melhor atriz para Claire Danes, que também ganhou o Globo de Ouro ao interpretar Grandin.
Richard Panek – é jornalista e escritor premiado, autor de The 4 Percent Universe e ganhador de um prêmio de reconhecimento na área de escrita científica pela John Simon Guggenheim Memorial Foundation, tendo sido traduzido para mais de quinze idiomas.
*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror
Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano:
O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no
Wattpad e na loja Kindle.
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