Processar as emoções era muito mais importante do que fingir que algo não aconteceu. Era reconhecer os próprios erros e acertos e se permitir sentir as coisas boas e ruins. Era tentador fingir que nada aconteceu. Mas também era imaturo, também era um sinal de que havia se desconectado do real e emoções não processadas voltariam de um jeito mais cedo ou mais tarde. Foi reconhecendo os dias bons, mas acima de tudo, sentindo os ruins. Foi deixando tudo para trás, consciente de que não havia mais nada para revisitar, não havia pontas soltas. Então, de tanto sentir tristeza, dúvida e medo, havia sentido intensamente as emoções de forma que elas já não cabiam mais dentro de si. Ia se despedindo das emoções negativas, das emoções positivas, e abrindo as portas para novas emoções chegarem. Tudo o que sabia era que ficar em negação não era a resposta que buscava. Os dias pareciam que nunca iam chegar ao fim, mas finalmente se sentia livre do fantasma do outro.
Diversidade Invisível: Assista a palestra com autista diagnosticada aos 35 anos
Nos últimos anos, houve um aumento da disseminação de informações sobre autismo na internet. Embora a visão de profissionais da saúde seja importante, muitos autistas têm contado o seu lado da história. Na palestra Invisible Diversity, a redatora freelancer e vlogger Carrie Beckwith-Fellows compartilha sua história de como foi diagnosticada aos 35 anos e de como isso a possibilitou enxergar a vida através de uma nova perspectiva.
Carrie conta sobre os inúmeros diagnósticos errados que recebeu ao longo da vida. Para quem não sabe. além de ser difícil encontrar profissionais que entendam de autismo em muitos países, como alguns autistas aprendem a mascarar seus traços autísticos ao longo da vida, ainda é complicado para algumas pessoas reconheceram que estão no espectro autista e/ou encontrar quem possa fechar o diagnóstico formal.
“Existe um grupo de pessoas de voz única, cuja grande diversidade está tão bem escondida que é invisível, mesmo para elas mesmas [...] As pessoas autistas veem, ouvem e sentem o mundo de forma diferente” – Carrie Beckwith-Fellows
Seja pela pressão de ser mais sociável ou pela habilidade de imitar e repetir os comportamentos dos outros, muitos autistas só descobrem na vida adulta. Porém, como o mundo pode ser intenso para uma pessoa no espectro autista, seja pelo excesso de estímulos sensoriais ou pelo estresse, ansiedade e depressão de não ter noção das próprias dificuldades e se comparar com não-autistas, uma das principais causas de morte de autistas é o suicídio.
Na palestra, Carrie fala sobre a importância da identidade e aceitação de comportamentos que podem aliviar a ansiedade de autistas, mesmo que cause desconforto para algumas pessoas.
Assista a palestra Diversidade Invisível: A História do Autismo Não Diagnosticado:
Sobre a palestrante
Carrie Beckwith-Fellows é redatora freelance e vlogger da Inglaterra. Ela escreveu para várias publicações on-line, incluindo o Huffington Post, Autistica, a National Eating Disorders Association EUA e seu próprio blog, onde ela compartilha a realidade de viver com autismo e Síndrome de Ehlers Danlos. Consciente de que um diagnóstico tardio pode causar problemas com identidade, relacionamentos e percepção, ela lançou um site que explora a experiência única de pós-diagnóstico para conscientizar e apoiar outros autistas diagnosticados como adultos.