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Destaques

Dois meses sem fumar cigarro

Quando eu comecei a parar de fumar cigarro, a primeira coisa que eu tinha em mente era a de que não queria ser o tipo de pessoa que fica contando com frequência há quanto tempo estava sem fumar, até me dar conta da importância disso, pelo menos no início. Aos dois meses sem fumar cigarro, a tentação e a fissura diminuem, tornando mais fácil de lidar com a ausência da nicotina. No início, é normal que haja um estranhamento do horário em que costumava fumar agora estar sendo usado para outra coisa, mas com o passar do tempo, as coisas melhoram. Ao mesmo tempo em que não via a importância de contar o tempo sem cigarro, uma parte de mim não acreditava que conseguiria ficar tanto tempo sem cigarro, como se fosse ficar preso em um constante ciclo de recaídas, mas a verdade era que havia conseguido e tinha como plano continuar longe do cigarro. Então, sim, depois de um tempo sem o cigarro e a nicotina, as coisas realmente melhoram, não é só algo que dizem para inspirar a pessoa a não desi...

Se A Vida Te Der Migalhas

Enquanto mirava no drama coreano Se A Vida Te Der Tangerinas, uma linda história de amor, havia acertado Se A Vida Te Der Migalhas. O problema era receber migalhas ou entender por que estava aceitando há tanto tempo? Não havia resposta simples. Estava preso em um labirinto de fantasia, sempre na expectativa de que as coisas fossem melhorar, aceitando menos do que merecia e finalmente se dando conta de que poderia fechar aquela porta de uma vez por todas.

Sabia que se não fechasse a porta, tudo voltaria a se repetir: não era a primeira vez que passava por aquilo. Frio, quente, frio, quente, frio: tanto espaço para inconsistências que não havia como ter certeza do que viria a seguir. Parecia algo humilhante tentar decifrar o outro e pedir pelo mínimo, aceitando que as coisas não iriam mudar, por mais que tivesse dado o guia para o coração.

O coração quer o que o coração quer, mas no final das contas, é a mente que decide quem vai permanecer ou não em nossas vidas. Às vezes, é preciso segurar bem firme as mãos das emoções e dizer que está na hora do cérebro tomar as decisões importantes. Não confundir migalhas de afetos com uma conexão recíproca, por exemplo, era uma forma de deixar bem claro que não aceitaria menos do que merecia.

Talvez tivesse bebido uma dose de carência misturada com uma dose de nostalgia. Talvez havia simplesmente se cansado de repetir a mesma história, de novo e de novo. Talvez havia chegado a hora de parar de idealizar o outro e enxergar as coisas como realmente eram. Talvez a única forma de impedir que tudo se repetisse, fosse se afastando completamente do outro.

Não havia nascido um pombo para se contentar com migalhas. Se tivesse que escolher, seria uma borboleta e em vez de continuar lá recebendo pouco e pouco, simplesmente bateria as asas e voaria para longe. Pensava em todo tempo que havia gastado naquela fantasia, alguém que sequer realmente gostava ou mudaria seu modo de agir, alguém que havia dado doses suficientes para viciar, mas não o bastante para completar. 

No final de tudo, encarava um vazio preenchido pelos ecos de músicas, vozes e palavras do outro. Palavras vazias, atitudes inexistentes. E tudo terminava com a sensação angustiante de que já sabia que aquilo ia acontecer e que se desse a oportunidade, tudo se repetiria. Era como ficar preso num abraço fantasma que não aquecia nem confortava, mas era capaz de paralisar e sufocar. De repente, o pouco era menos do que pouco, era nada e se dera conta que desde o início era uma batalha perdida. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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