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Destaques

A difícil arte de encerrar ciclos

A difícil arte de encerrar ciclos. Ciclos que já não funcionavam. Às vezes, não importa o quanto você tente, as coisas simplesmente não vão funcionar. Então, você decide que não quer para o seu próximo ano, as mesmas coisas que aguentou no ano passado e atual, você deseja mudanças. Só que falar em mudanças é fácil. Difícil é colocar em prática. Ver você se dando conta de que é capaz de coisas que antes sequer imaginaria. Deixar alguém para trás. Deixar alguém que não faz parte mais do seu presente. Deixar alguém que não faz parte dos pensamentos no futuro. Deixar alguém. Ia encerrando ciclo após ciclo, na esperança de ter um ano mais leve, sem repetições dos mesmos erros. Ia só então se dando conta de que o amanhã poderia ser mais leve quando se realmente deixava pra trás o que estava pesando e parasse de ignorar. Não, algumas coisas deveriam ser encaradas de frente.  *Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo . Autor do livro de terror  Escrita Maldita , p ublicado na Am...

Se A Vida Te Der Migalhas

Enquanto mirava no drama coreano Se A Vida Te Der Tangerinas, uma linda história de amor, havia acertado Se A Vida Te Der Migalhas. O problema era receber migalhas ou entender por que estava aceitando há tanto tempo? Não havia resposta simples. Estava preso em um labirinto de fantasia, sempre na expectativa de que as coisas fossem melhorar, aceitando menos do que merecia e finalmente se dando conta de que poderia fechar aquela porta de uma vez por todas.

Sabia que se não fechasse a porta, tudo voltaria a se repetir: não era a primeira vez que passava por aquilo. Frio, quente, frio, quente, frio: tanto espaço para inconsistências que não havia como ter certeza do que viria a seguir. Parecia algo humilhante tentar decifrar o outro e pedir pelo mínimo, aceitando que as coisas não iriam mudar, por mais que tivesse dado o guia para o coração.

O coração quer o que o coração quer, mas no final das contas, é a mente que decide quem vai permanecer ou não em nossas vidas. Às vezes, é preciso segurar bem firme as mãos das emoções e dizer que está na hora do cérebro tomar as decisões importantes. Não confundir migalhas de afetos com uma conexão recíproca, por exemplo, era uma forma de deixar bem claro que não aceitaria menos do que merecia.

Talvez tivesse bebido uma dose de carência misturada com uma dose de nostalgia. Talvez havia simplesmente se cansado de repetir a mesma história, de novo e de novo. Talvez havia chegado a hora de parar de idealizar o outro e enxergar as coisas como realmente eram. Talvez a única forma de impedir que tudo se repetisse, fosse se afastando completamente do outro.

Não havia nascido um pombo para se contentar com migalhas. Se tivesse que escolher, seria uma borboleta e em vez de continuar lá recebendo pouco e pouco, simplesmente bateria as asas e voaria para longe. Pensava em todo tempo que havia gastado naquela fantasia, alguém que sequer realmente gostava ou mudaria seu modo de agir, alguém que havia dado doses suficientes para viciar, mas não o bastante para completar. 

No final de tudo, encarava um vazio preenchido pelos ecos de músicas, vozes e palavras do outro. Palavras vazias, atitudes inexistentes. E tudo terminava com a sensação angustiante de que já sabia que aquilo ia acontecer e que se desse a oportunidade, tudo se repetiria. Era como ficar preso num abraço fantasma que não aquecia nem confortava, mas era capaz de paralisar e sufocar. De repente, o pouco era menos do que pouco, era nada e se dera conta que desde o início era uma batalha perdida. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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