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Destaques

Sem talvez

Não havia talvez quando se tratava de pôr a própria saúde mental em primeiro lugar, especialmente quando o outro a estava negligenciando. Não havia talvez para continuar sustentando um relacionamento que não ia para frente, no qual o outro se negava a se responsabilizar e se colocava constantemente no papel de vítima. Não havia talvez quando você havia se transformado em uma espécie de terapeuta que tinha que ficar ouvindo reclamações e problemas constantes, se sentindo completamente drenado após cada interação. Já não havia espaço para o talvez. Talvez as coisas seriam diferentes se o outro tivesse o mesmo cuidado com a saúde mental que você tem. Talvez a fase ruim iria passar um dia. Talvez a pessoa ia parar de se pôr como vítima e começar a se responsabilizar. Eram muitos talvez que não tinha mais paciência para esperar. Então, não, já havia aguentado mais do que o suficiente. Não era responsável por lidar com os problemas do outro. Não era responsável por tentar levar leveza diante...

Caos, Paz e Tecnologia


*Texto: Ben Oliveira

Sabe quando você está naqueles dias em que está inquieto e desejando estar em qualquer lugar, menos em casa? Você quer fugir, mas não sabe exatamente para onde e toda aquela situação cria um estresse tão grande que você acaba explodindo por dentro e derramando nas pessoas com quem você convive diariamente.

Então, a tecnologia, aquela mesma responsável por te bombardear com excesso de informações, lixos eletrônicos e diversas outras distrações, te deixando preso sob seu domínio, traz uma solução simples e ajuda a lidar com toda essa ansiedade e necessidade de viajar para algum lugar onde você possa alcançar a paz que tanto deseja. O que é no mínimo irônico, já que grande parte dessa agitação e insatisfação é causada pelas inúmeras opções que devemos fazer diariamente e outras que nos invadem, mesmo quando não desejamos.

Fecho os olhos, aperto alguns botões e tenho a sensação de estar em vários destinos ao mesmo tempo. Já não estou mais no meu quarto. Pode ser uma cama em uma casa de campo, na qual é possível ouvir o barulho dos grilos e sentir aquela sensação calmante proporcionada pela natureza. Em seguida, está chovendo forte, no telhado ou não, ou seria uma chuva leve, mas também relaxante? Não importava. Um som não anula o outro e garante ao meu cérebro e ao meu corpo alguns minutos de descanso.

A noite está passando e caso ainda não tenha dormido, com um simples movimento dos dedos um vento e uma tempestade surgem em uma passe de mágica, ou melhor, de tecnologia. Você está tão sonolento que já não sabe mais se os barulhos do seu fone de ouvido são os de fora de todo esse ambiente criado. Tão gostoso como quando nos sentimos ao ler um bom livro, e já fazemos parte da história de alguma forma, seja nos colocando no papel do protagonista e de algum outro personagem com os quais nos identificamos ou simplesmente observando. Não importa o quão longe você esteja fisicamente do cenário da história, parte de sua mente está presa ao lugar a ponto de causar uma espécie de estranhamento ao retornar para a realidade.

Os pensamentos começam a fluir, a vida já não é mais tão pesada e insuportável de se carregar em frente e você se vê deitado em um templo de budistas, ouvindo todas as reverberações e mantras. Se mesmo depois de todos esses sons você ainda não tiver conseguido dormir, ao menos, por alguns minutos, e quem sabe, horas, conquistou o que desejava − fugir do seu mundo cotidiano, ouvir o barulho do mar e se conectar com quem você mais precisava, consigo mesmo.

Você acorda sorrindo e livre dos pensamentos destrutivos. Sua alma, seu cérebro e seu corpo estão prontos para enfrentar mais um dia. Caso o caos dê as caras novamente, lá está a tecnologia, a mesma que te empurra de um penhasco, disponível para segurar as suas mãos e fazer a mágica em alguns toques.

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Entropia da vida

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