Dentro da
Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaías Paim, localizada no segundo andar do
Memorial da Cultura de Campo Grande (MS), acadêmicos, bibliotecários e
contadores de histórias se reuniram na noite desta quarta-feira, 25 de setembro, para participarem da
oficina Contação de Histórias Mediadas pela Tecnologia, ministrada pela
Profa. Dra. Arlinda Canteiro Dorsa, Doutora em Língua Portuguesa pela PUC São Paulo e pela
Profa. Ma. Neli Porto Soares Betoni Escobar Naban, professora da
UCDB e Mestra em Linguística pela UnB. A oficina faz parte da programação do
14º Proler – Encontro do Programa do Livro e da Leitura – de Campo Grande (MS).
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Mesmo com tecnologias, professoras lembraram a importância do livro e de se saber contar histórias. Foto: Ben Oliveira. |
As professores lembraram que o livro e o papel também são uma tecnologia e através da utilização de recursos é possível tornar o ato de contar histórias mais interessantes e interativos para as crianças e jovens. Os participantes da oficina foram estimulados a pensarem em experiências de vida e lembranças, um exercício para se contar histórias chamado
Baú de Ideias. Segundo as docentes, o projeto foi realizado com indígenas e foi possível perceber o quanto os professores na aldeia são valorizados.
Com as novas tecnologias, as docentes afirmaram que é necessário uma nova postura dos professores e dos alunos em relação à leitura digital. Uma das vantagens da tecnologia, por exemplo, é a disponibilização de
livros eletrônicos gratuitos que podem ser acessados pelos alunos e professores. Para Arlinda Canteiro e Neli Porto, os
meios de comunicação virtual devem ser explorados dentro e fora da escola na busca da formação de um leitor eficiente. “O acesso às novas tecnologias amplia o horizonte, porém é necessário que o leitor seja um leitor proeficiente que seja capaz de estabelecer o uso simultâneo de múltiplos códigos”, explicam.
“Como se tornar um leitor proeficiente?”, questionaram as professoras. Arlinda e Neli citaram o pesquisador Antonio Carlos Xavier e disseram que a ferramenta tecnológica pode ser usada com eficiência, ajudando no letramento digital, sendo fundamental saber interpretar, filtrar, selecionar, avaliar e transformar as informações em capital cultural. Xavier define o letramento digital como: “Mudanças nos modos de ler e escrever os códigos e sinais verbais e não-verbais, como imagens e desenhos, se compararmos às formas de leitura e escrita feitas no livro, até porque o suporte sobre o qual estão os textos digitais é a tela, também digital”.
Neli Porto orientou aos acadêmicos e contadores de estórias conhecerem bons autores e explorarem os seus textos, encontrando recursos que criem empatia com os leitores. “O maior recurso que a gente tem é a voz”, acredita Neli Porto. Para a professora, a voz é importante e alguns elementos são fundamentais para que a plateia entenda o que está sendo dito e absorva a mensagem, como o volume, a tonalidade, a dicção e o vocabulário.
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Neli Porto ensinou como os contadores de histórias devem usar a voz para cativar leitores novos. Foto: Ben Oliveira. |
O volume da voz e a dicção contribuem para o entendimento da mensagem. Neli Porto comentou alguns dos erros de dicção, como a troca de uma letra por outra, pronúncias incorretas e a velocidade. “O narrador deve ter a consciência de que não está à mesma distância das pessoas do que quando está conversando informalmente”, ensina. Entre outros cuidados comentados pela professora estão: não falar alto demais e gritar, falar muito baixo, não usar microfone, estudar o ambiente em que será contada a história, analisando o tamanho da sala, a distância entre o narrador e a plateia, a acústica da sala e os ruídos externos.
Durante a oficina, os alunos e profissionais realizaram dinâmicas, como a análise de obras infantis, para encontrar maneiras de tornar a arte de contar histórias mais envolventes, adequando o tom de voz e utilizando elementos visuais.
Leia também: O Livro na Era Digital e o incentivo à leitura são destaques do 14º PROLER de Campo Grande (MS)
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