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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Entrevista: Leandro Schulai, autor de Literatura Fantástica e de Contos de Amor compartilha suas experiências

Apaixonado por livros e fã de Literatura Fantástica, Leandro Schulai começou a escrever as ideias para o seu primeiro livro, O Torneio dos Céus, aos 16 anos. O romance que, é o primeiro da série O Vale dos Anjos, fez sucesso entre os leitores brasileiros e os surpreendeu ao apresentar uma batalha entre criaturas angelicais. Em 2014, o autor publicou O Poder da Luz, dando continuidade às aventuras de Dimítris Saloutros, o protagonista.
Leandro Schulai, autor brasileiro livros fantasia

Atualmente, Leandro trabalha na área de Marketing, é redator do site Série Maníacos, organiza antologias de contos de amor para a Andross Editora (Corações Entrelaçados, Amores (Im)possíveis e De Repente, Nós) e voltou a postar vídeos em seu canal do Youtube sobre Literatura.

Durante a entrevista, Leandro Schulai compartilhou um pouco de sua experiência de publicar os livros de fantasia, as influências de outras narrativas, a questão da leitura no Brasil, a importância da internet para a divulgação do escritor brasileiro e finalizou com dicas para escritores iniciantes.

Confira abaixo a entrevista com o escritor Leandro Schulai:

Ben Oliveira: Em 2010, você publicou O Torneio dos Céus. De lá para cá, ele foi republicado por outra editora e mudou de capa. Como foi esta experiência?

Leandro Schulai: Foi uma experiência extremamente difícil e trabalhosa, pois quase ninguém, quando vai publicar um livro, tem noção de como é o dia a dia de uma editora e seu relacionamento com os autores, principalmente para quem escreve séries, como eu. Mas o legal é ganhar maturidade e experiência e com isso conseguir enxergar melhor o mercado e suas oportunidades.

Ben Oliveira: Você começou a planejar O Torneio dos Céus durante sua adolescência. E em 2014, a continuação da série, o livro O Poder daLuz foi publicado. Como este intervalo influenciou o seu processo de escrita?

Leandro Schulai: Influenciou muito, pois me tornei mais perfeccionista do que já era. Além disso, tive acesso a técnicas de escrita internacionais e com isso pude entender melhor porque livros como Harry Potter e Crepúsculo fizeram tanto sucesso e busquei usar desses conhecimentos e maturidades na evolução dos meus textos também.

Ben Oliveira: Um dos principais pontos que chama a atenção de seus leitores foi a escolha por anjos. De onde surgiu a ideia de criar um torneio de luta para criaturas angelicais?

Leandro Schulai: Na verdade, eu sempre fui um fã de animes, então, eu sempre achei maneiro esse lance de torneios e batalhas entre seres especiais. Já vi torneios envolvendo bruxos, magos e afins, mas nunca havia visto um torneio de anjos e isso me chamou a atenção. Como queria criar uma história de vida após a morte e o desejo de um cara em voltar à vida, a escolha naturalmente veio.

Ben Oliveira: Há uma forte influência dos animes em seus livros, como Naruto e Cavaleiros do Zodíaco. Como o consumo de narrativas em diferentes formatos, gêneros e temáticas pode ajudar o escritor?

Leandro Schulai: Ajuda muito, pois indiferente da mídia que você escolha, a história contada passa por um processo com semelhanças entre todos os meios. Se você faz um filme, desenho, livro ou série muitas técnicas são parecidas, porém com suas particularidades. Se você ver as técnicas de batalhas de animes são usadas em filmes, só tirando as particularidades do desenho que inserem elementos próprios que tentei transpor para a escrita e acredito ter dado um resultado bacana.

Ben Oliveira: O autor de literatura fantástica nacional sofre preconceito? Por quê?

Leandro Schulai: Por parte do leitor, não. Sabe, eu sempre tive um retorno muito legal dos leitores e mesmo nas bienais e feiras o livro sempre saiu bem, acho que o preconceito é gigantescamente maior por parte das editoras e profissionais do mercado por não acreditarem que os escritores nacionais têm capacidade de levar uma série nas costas sendo uma pessoa desconhecida e sem marketing próprio.

Ben Oliveira: Quais são as principais dificuldades do escritor brasileiro?

Leandro Schulai: Conseguir fundos para financiar sua primeira obra, já que 999 em cada 1000 editoras que topam publicar seu original cobram de você uma contribuição. Além disso, acho que a maior dificuldade é continuar após o primeiro livro, porque normalmente 95% dos autores têm experiências traumatizantes com editoras o que os fazem se afastar ou buscar meios alternativos como a publicação digital.
Leandro Schulai no lançamento do livro O Poder da Luz, na Livraria Martins Fontes Paulista. Foto: Divulgação.

Ben Oliveira: Além de escrever seus livros, você já publicou contos e organizou diversas antologias. Para quem tem curiosidade, como é o trabalho realizado pelo organizador de um livro de contos?

Leandro Schulai: É um trabalho incrível, pois você fica do outro lado da cadeira e começa a entender a mente de quem avalia originais e isso te dá muita maturidade. O trabalho consiste basicamente em receber todos os contos e enxergar neles uma essência, um fator de qualidade e trabalhar com o autor para deixá-lo matador e não somente sair aprovando ou reprovando. Meu trabalho é desenvolver o autor iniciante que está experimentando o mercado através de um conto e fazer dessa experiência algo agradável que o motive a criar sua própria narrativa ou então escreva outro conto para a próxima antologia. Dá trabalho, normalmente recebemos mais de 100 contos por antologia, mas não deixo por nada.

Ben Oliveira: A publicação de contos em antologias é, muitas vezes, o primeiro passo de muitos autores. Como você se sente fazendo parte do sonho de muitos escritores iniciantes?

Leandro Schulai: Me sinto como o Yoda (rsrs). Sei lá, me sinto acho que um tutor, um guia sabe que dá porrada, briga, mas que ao mesmo tempo motiva e o faz acreditar. O mais legal é no dia da publicação conhecer essa galera frente a frente e ver o reconhecimento deles. As fotos com aqueles sorrisões estampados falam por mim!

Ben Oliveira: Em uma de suas entrevistas, você revelou gostar dos livros de romance escritos por Nicholas Sparks. Seria esta predileção pela temática um dos motivos pelos quais você organiza antologias de contos de amor?

Leandro Schulai: Com certeza! O Nicholas foi quem me abriu as portas para o gênero e hoje é o que mais gosto de ler junto com a fantasia. Acho o amor um tema fantástico e com muitas vertentes, por isso não há limites para criações de histórias e o melhor, todo mundo tem a chance de contar uma história, diferente da fantasia que requer uma imaginação formidável.

Ben Oliveira: O conto é um gênero desvalorizado pelo leitor brasileiro?

Leandro Schulai: Demais, mas acredito que por falta de cultura e divulgação. Não se vê nas livrarias antologias em destaque, acho que o mercado como um todo não gosta disso, por questões variadas que vai do direito autoral até mesmo à promoção do trabalho. É muito mais fácil divulgar um livro só que tem a chance de virar uma transmídia do que um livro com 20, 30 histórias diferentes.
Capas da antologias de contos de amor que foram organizadas por Leandro Schulai.

Ben Oliveira: Por muitos anos, você gravou vídeos sobre livros e eventos literários para o seu canal do Youtube, Na Mira dos Livros, e agora está de volta repaginado. Quais motivos o levaram a essas transformações?

Leandro Schulai: Infelizmente, aprendi que só tenho duas mãos e 24 horas para fazer tudo. Desde trabalhar, sair, estudar, escrever, dar atenção às pessoas que amo e divulgar meus trabalhos. Percebi que o canal me exigia demais e para ter o retorno que eu queria, teria de abrir mão de coisas que não queria mais, por isso resolvi dar uma pausa. Agora, com a repaginação, acredito atingir mais o meu público específico numa sazonalidade que me permita uma qualidade de vida maior.

Ben Oliveira: Como você avalia a questão dos vlogs literários no Brasil?

Leandro Schulai: Eu acho fantástico, mas tem que ser melhor trabalhado. Acho incrível vlogueiros tão bacanas que fazem pessoas se tornarem fãs e até começarem a ler por causa dos canais e isso é maravilhoso, mas eu sou daqueles que se entra é pra fazer bem feito, por isso qualquer vídeo meu que ache tosco, eu fico com vontade de me jogar da janela e olha que já tive algumas vezes (rs). Eu super apoio e acho que quanto mais divulgações tivermos, mais poderemos mudar a realidade de um país em que 500 mil pessoas zeram na redação do ENEM.

Ben Oliveira: Os vlogueiros e blogueiros literários têm colaborado para o incentivo à leitura e recomendação de livros internacionais e promoção da literatura nacional. Com base na sua experiência dos dois lados, por que é importante este apoio?

Leandro Schulai: Do meu ponto de vista como escritor nacional, eu não tenho marketing, força e receita necessária para sair divulgando meu livro sozinho pelo Brasil, muito menos a editora. Então, os blogs fazem esse papel e muito bem feito. Os blogs me ajudaram demais a vender e divulgar meus livros. E não só isso, com as críticas consegui me aprimorar e melhorar meus trabalhos e até a avaliar as antologias, por isso os blogs não só promovem, como amadurecem o escritor e o preparam para o futuro, pois o livro pode ser seu filho, mas você aprende que filhos são criados para o mundo e não para você.

Ben Oliveira: O autor brasileiro, além de escrever bem, precisa estar atualizado sobre as diversas ferramentas de publicação e interação com leitores que não param de aumentar. O Vale dos Anjos conta com mais de 2 mil curtidas no Facebook e várias interações no Skoob. Como o Marketing Digital tem contribuído para a divulgação de seus livros?

Leandro Schulai: Sem o marketing digital não teria vendido 20% do que vendi. Imagina para eu vender meu livro sem a internet no Brasil inteiro? Teria de viajar todo fim de semana para um estado diferente, gastando com passagens, hospedagens, traslado e alimentação. Imagina a loucura? A Internet me permite divulgar meu livro no mundo todo sem sair da cadeira, então é fascinante e eu busco a todo o momento divulgar meu trabalho incessantemente.
Na Mira dos Livros está de cara nova. Foto: Reprodução / Youtube.

Ben Oliveira: Atualmente, publicar um livro não é tão difícil, com o aumento do número de editoras e opções de autopublicação (impressos e eBooks). Por que é importante para o escritor participar de eventos, como lançamentos e palestras?

Leandro Schulai: Para conhecer quem são as pessoas, como elas se portam, colher experiências e principalmente, saber em quem confiar e evitar fechar contrato com uma editora que só queira dinheiro no bolso e depois te largue por aí. Um autor experiente e que conhece o mercado, com certeza, evitará tiros no pé.

Ben Oliveira: No dia 07 de janeiro foi comemorado o Dia do Leitor no Brasil. Por que você acredita que o índice de leitura no Brasil ainda é tão baixo? Quais atitudes podem ser tomadas para melhorar a situação?

Leandro Schulai: As escolas ainda têm a mentalidade de fazer os alunos iniciarem a escrita com livros clássicos de Machado de Assis e Eça de Queiroz. Esses livros são fabulosos, mas você tem de ter maturidade de leitura para entendê-los e uma criança de 10 anos não tem e isso faz com que ela ache os livros uma porcaria. Isso tem melhorado bem, principalmente com o cinema que traz best-sellers a todo o momento, mas a leitura tem de ser algo para a criança tão legal quanto jogar no celular ou assistir a televisão senão ela sempre será a última opção e aí veremos o que vemos.

Ben Oliveira: O leitor pode aguardar uma continuação da história de Dimítris Saloutros (protagonista da série O Vale dos Anjos)?

Leandro Schulai: Claro! Já estou trabalhando firme para lançar o terceiro!

Ben Oliveira: Quantos livros no total devem compor a série?

Leandro Schulai: Quatro!

Ben Oliveira: Quais são os seus escritores favoritos?

Leandro Schulai: J.K Rowling, com certeza! Adoro o Philip Pulman, da Trilogia Fronteiras do Universo; o Martin com as loucuras de Guerra dos Tronos e, recentemente, o John Green pela maneira como ele escreve para jovens.

Ben Oliveira: Quais conselhos você daria para quem sonha em se tornar escritor?

Leandro Schulai: Calma, planejamento e entender que apesar de ser um sonho, o livro é um negócio e sem planejamento, entender seu público, suas fraquezas, forças, estruturar um plano de marketing, entender o mercado e até aonde ele pode te levar, você pode se frustrar. Tenha garra, fé, coragem, mas a cabeça no lugar.

Ben Oliveira: Para finalizar, quais são os seus próximos projetos literários?

Leandro Schulai: Repaginar o canal no youtube, lançar a Antologia “De Repente Nós”, publicar meu terceiro livro do Vale dos Anjos e uma antologia própria de romances pela Amazon.

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