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Suspensão do X (antigo Twitter): Bluesky se torna refúgio para milhões de brasileiros

Com a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil , duas redes sociais serviram de refúgio para os usuários brasileiros: a Thrends e a Bluesky , sendo que a última está se destacando e entre os aplicativos mais baixados por ter um formato mais parecido com o antigo Twitter. Jornais, jornalistas, artistas, escritores, leitores, produtores de conteúdo, páginas de fofocas e cultura e contas de fãs de artistas (fandom) estão entre os que se inscreveram na Bluesky, ajudando a diminuir a abstinência deixado pelo X e a sensação de deserto de informações, já que a plataforma não era usada só para questões políticas e entretenimento, mas também para consumir conteúdos jornalísticos e informações em tempo real. Enquanto alguns estão desanimados e com preguiça de recomeçar, tentado encontrar os seguidores em comum que tinham no X, há quem esteja animado com a possível atualização, na qual estariam disponíveis o uso de vídeos e os assuntos do momento – curiosamente, há quem esteja contente sem a o

Resenha: A Forma da Sombra – Fernando de Abreu Barreto

O livro A Forma da Sombra, do escritor Fernando de Abreu Barreto, de 116 páginas, foi publicado em 2014, pela Caligo Editora (editora parceira do Blog do Ben Oliveira). Antes de o livro ser lançado, quando estavam sendo divulgadas as informações, eu já estava curioso para ler. Sou suspeito, afinal, adoro thrillers! E como sempre acontece quando criamos muita expectativa sobre uma leitura, há a chance de nos decepcionarmos... Felizmente, não foi o que aconteceu!


Apesar de muitos blogueiros literários ignorarem a capa, aliás, também prefiro me focar no texto – é legal quando ela carrega a essência do que você está prestes a ler. Começando pelo projeto gráfico do livro. A capa desenvolvida por Pedro Viana e as ilustrações de Marcia Bollinger criam uma atmosfera bem sombria que combina muito bem com A Forma da Sombra. A imagem dos trilhos do metrô e o sangue, a presença do preto e cinza, o papel de capa fosco, além das páginas pretas ao longo do livro, tudo isto dialoga com a narrativa.

A Forma da Sombra é o romance de estreia do autor Fernando de Abreu Barreto. Logo na epígrafe do livro, o leitor já tem mais uma dica de como será a trama, com uma citação do livro A Hora da Estrela, da escritora Clarice Lispector:

“Só uma vez se fez uma trágica pergunta: quem sou eu? Assustou-se tanto que parou completamente de pensar”.

Indo do final ao começo, onde ficam os agradecimentos do livro. Fernando de Abreu Barreto fala um pouco sobre o processo de criação literária e a influência que outras obras têm na hora de se escrever um livro. Sempre que lemos uma narrativa, acabamos fazendo conexões com outras leituras. Por causa do jeito do narrador-personagem e talvez por ser um dos personagens que tanto admiro, fiquei pensando no Hannibal – o vilão que se torna cativante e nos faz 'torcer por ele', do escritor Thomas Harris, cujos livros O Silêncio dos Inocentes, Dragão Vermelho, Hannibal e Hannibal – A Origem do Mal que foram adaptados para o cinema e para a televisão. Outra referência que tive foi o filme de terror O Último Trem.

Voltado ao início da narrativa. A Forma da Sombra é narrado em primeira pessoa por um personagem que em nenhum instante revela o seu nome, talvez por saber que isto o tornaria mais humano. Desde as primeiras páginas, o narrador revela sua preferência pela escuridão, sua aversão aos relacionamentos, seu local de trabalho (estação de metrô) e o cenário da história (a cidade do Rio de Janeiro).

A narrativa está dividida em cenas, sem um padrão de extensão. Algumas descrições são mais longas, outras mais curtas, mas o que permanece até o final do livro é sua linguagem. Percebe-se o trabalho que o escritor teve de burilar o texto, removendo todo tecido adiposo (todo excesso). Esta economia de palavras torna a narrativa mais ágil, pontual e também expressa a personalidade do personagem que só nos conta sua história no ritmo que deseja – o tipo de pessoa que é quieta e só abre a boca quando quer.

“À noite, da mesma forma, observo pessoas, gestos, objetos, sombras, líquidos, conversas, tudo é arte que se transforma em vida. Uma vida que eu quero consumir”.

Ao mesmo tempo em que o narrador compartilha suas experiências, provocando estranhamento no leitor, ele mantém seus segredos e seu passado, até que esteja preparado para o seu próprio clímax, seu êxtase final, literalmente.  Como todo bom thriller, ficamos tensos. À medida que vamos conhecendo mais o personagem, ficamos curiosos para saber qual é a sua verdadeira natureza que ele tanto comenta.

A partir da primeira morte, as transformações do personagem vão ficando mais evidentes. Não quero dar muitos detalhes para não revelar nenhuma informação antes da hora e frustrar os leitores, mas com as descrições fornecidas acima é possível tentar adivinhar o que ele é – embora dificilmente possa se acertar concretamente. Fantasia ou realidade? Como estamos imersos nos pensamentos, sonhos e emoções do narrador, esta linha é bem tênue e sombria.

“O vento faz as sombras se moverem lembrando seres que não são homens, como eu. Alguma coisa amorfa que procura entender o próprio significado. À medida que a lua caminha para o chão, os seres ficam maiores, maiores e maiores, até perderem a forma, tornando-se uma única sombra escura. Vazia. Lavo as mãos e passo água nos cabelos. Do espelho vem um sorriso que eu não conhecia. Alguma coisa se encaixa na minha mente sem que eu tenha acesso a ela, as sombras compreendendo sentidos”.

Com a metamorfose do personagem e a tentativa de aceitar sua verdadeira natureza, aquela que mesmo sem conhecerem exatamente sempre tentaram ocultar, diferente das pessoas comuns que tentam enfrentar seus demônios, ele está disposto a abraçar as sombras. Porém, como tudo na vida, há um preço a se pagar. E os efeitos de suas escolhas começam a chamar mais atenção do que ele desejava.

Fernando de Abreu Barreto criou um romance com influências góticas e vai levando o leitor para caminhos cada vez mais escuros e sangrentos. As variáveis que fogem ao controle do personagem são o que tornam a narrativa mais instigante, nos prendendo em suas garras e desejando ser liberados somente ao descobrir suas verdades. Certo ou errado, normal ou anormal, presa ou caçador, no final das contas é tudo uma questão de natureza. Ninguém pode negar: “Somos o que somos” – termo que me lembra a um filme de terror (We Are What We Are) e com algumas semelhanças. Com o apagão no metrô, eu ficaria bem esperto após ler A Forma da Sombra...

Sobre o autor – Fernando de Abreu Barreto nasceu em 1976, no Rio de Janeiro onde mora até hoje. É advogado e seu primeiro trabalho literário publicado está na antologia de contos de terror Livro do Medo (Editora Orago). Mantém o blog O Nariz do Fernando, no qual escreve artigos sobre literatura, música e cotidiano. É colunista da Revista Pacheco.

Ficou curioso para ler A Forma da Sombra? No momento as tiragens do livro estão esgotadas, mas assim que for publicada outra tiragem, poderá ser comprado na Livraria Virtual da Caligo Editora. Não deixe de curtir a página no Facebook da Caligo Editora, para ficar por dentro dos lançamentos da Literatura Nacional Contemporânea: https://www.facebook.com/CaligoEditora 

A Forma da Sombra também está presente no Skoob!

Comentários

  1. Linda resenha!

    Estou doido para ler o livro do Fernando!

    Viva a literatura brasileira!

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    Respostas
    1. Oi, Fabio!
      Obrigado! Fico feliz que tenha gostado.
      Dei sorte de ter conseguido o livro antes da reimpressão!
      É uma honra dar uma força na divulgação de autores da Caligo.
      Abraços! E sucesso para nós.

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