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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Livro de David Levithan explora a importância da empatia

Algum tempo depois de ler Todo Dia (Every Day), do escritor David Levithan e ter ficado encantado com a maneira que a trama nos conscientiza sobre a importância da empatia, conhecer diferentes realidades e pontos de vista, me aventurei na leitura de Six Earlier Days, lançado exclusivamente no formato digital, sem tradução para o Brasil, publicado pela Knopf Books for Young Readers. Uma noveleta que reúne alguns momentos anteriores (não necessariamente em ordem linear) experimentados por A, um personagem que todos os dias acorda em um corpo diferente.


O livro digital pode ser lido tranquilamente por quem ainda não leu Todo Dia, mas acaba se tornando mais proveitoso para quem já mergulhou no universo de A, já que aqui, acompanhamos uma quantidade menor de narrativas que se complementam. A cada dia que A acorda no corpo de alguém diferente, ele precisa aprender a se adaptar e como alguém com seus próprios princípios, ele tenta provocar o mínimo de problemas possíveis para seus hospedeiros, sabe o quanto pequenas ações podem provocar uma tempestade.

"Ler uma pessoa é um talento que eu tenho desenvolvido, mas no final, é tudo o que é – ler. Ler não é vida. Ler é criar a vida em sua cabeça. E isso não pode ajudá-lo tanto em uma tempestade" – David Levithan, Six Earlier Days (Tradução: Ben Oliveira)

Nas obras do universo de Every Day uma linda experiência de metalinguagem. Da mesma forma que o protagonista, a cada livro lido, o leitor também entra na pele de diferentes personagens. É cientificamente provado que a leitura acaba influenciando a maneira que nos relacionamos com os outros, principalmente quando entramos em contato com outras personalidades, entendemos diferentes contextos históricos, geográficos e sociais, bem como experimentamos diferentes conflitos interiores – embora não seja um fator decisivo, lembrando que durante períodos de guerras – como bem lembra Antoine Compagnon, autor do livro O Demônio da Teoria –, crises e demais situações do cotidiano, não há como tornar a literatura responsável por apaziguar completamente a dificuldade de lidar com o que é diferente, prova disso é como mesmo entre leitores de diferentes gêneros e temáticas, ainda são disseminados preconceitos de todos os tipos.

Outro ponto importante a ser levado em conta é o de que ainda há um forte preconceito contra livros contemporâneos, delegando aos clássicos da literatura ou à 'literatura séria' a função de abrir mentes, quando sabemos que muitos escritores de nosso tempo já tocaram o coração e a alma de tantos leitores, que os fizeram repensar seus próprios comportamentos, como os estudos que mostram como Harry Potter, da J. K. Rowling, que os jovens que leram os livros são menos preconceituosos e mais empáticos.

"De cima, nós parecemos um par de parênteses, com páginas abertas entre nós" – David Levithan, Six Earlier Days (Tradução: Ben Oliveira)

De qualquer jeito, a ficção não tem nenhum compromisso com a ideia de deixar o mundo um lugar melhor ou qualquer outra obrigação social, mas inconscientemente ou intencionalmente, David Levithan abre os olhos do leitor para um mundo de possibilidades e de como com tato e delicadeza, podemos causar o mínimo de dano a outras pessoas.

Todos nós buscamos a felicidade. Nossos corpos acabam fazendo parte de nossas identidades, mas o autor e o protagonista nos fazem pensar na essência que todos temos e de quanto realmente conhecemos as outras pessoas. Não por acaso, as pessoas que A. acorda no corpo nas histórias narradas em Six Earlier Days estão passando por diferentes dilemas e mesmo sabendo que no outro dia, ele será outro alguém, o personagem toma cuidado e se coloca, literalmente, no lugar do próximo, pois não é só o destino do hospedeiro que pode mudar, mas dos familiares, amigos e demais que cruzam o seu caminho também.

"Uma vez que a tempestade sai, a paisagem muda. O que você teve antes é alterado de algum jeito. E você tem uma escolha: construir algo novo e melhor do que é deixado ou abandoná-la" – David Levithan, Six Earlier Days (Tradução: Ben Oliveira)

David Levithan sabe bem como usar as palavras para sensibilizar o leitor. Depois de ler Six Earlier Days, bateu aquela vontade de reler Todo Dia e de me aventurar por Outro Dia. Mais do que puro entretenimento, a obra de ficção fala sobre pluralidade e relacionamentos, sem deixar de lado a consciência de que todos nós somos responsáveis por nossas atitudes. O autor escreve livros que eu gostaria de ter lido quando era mais novo, período conturbado da adolescência – poderia ter me ajudado a ter mais tranquilidade e a aceitar melhor as minhas peculiaridades. Concluímos a leitura com aquela sensação de que devemos tocar o corpo do outro, bem como a alma e o coração, do mesmo modo que gostaríamos de ser tocado. Ser gentil faz toda a diferença!



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Sobre o autor – David Levithan nasceu em 1972 e é editor norte-americano de livros infantis na Scholastic. Ele publicou seu primeiro livro young-adult, Garoto Encontra Garoto (Boy Meets Boy), em 2003. Ele tem escrito inúmeras obras com personagens gays do sexo masculino, principalmente Boy Meets Boy, Nick and Norah's Infinite Playlist (com Rachel Cohn), Dois Garotos Se Beijando (Two Boys Kissing),Will e Will (com o John Green), Every You, Every Me (com fotografias de Jonathan Farmer), além de explorar o romance e empatia em Todo Dia (Every Day) e Outro Dia (Another Day). O escritor vive em Hoboken, New Jersey.

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