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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

10 Livros que me marcaram em 2018

Para alguns, um ano longo, que parecia não ter fim; para outros, um ano que passou voando. 2018 foi um ano intenso e isso acabou afetando a minha quantidade de leituras. Em tempos de crises políticas e sociais, questionamos a importância dos livros e de que forma estamos influenciando nosso meio. Acredito que ao ler, nos tornamos mais empáticos e conscientes sobre as diferentes realidades que compõem nossa vida em sociedade.


*Comprando os livros pelo link do blog, você contribui para que eu possa continuar produzindo conteúdo sobre o universo literário.

Reuni alguns dos livros que mexeram comigo de alguma forma neste ano, entre as 61 leituras concluídas. Um diferencial de 2018 foi que passei a ler mais graphic novels. Confesso que sempre fui muito textual e fugia de livros com ilustrações, mas aos poucos estou me aventurando nessas leituras, que tem me impressionado com a maneira que tratam de temas sociais, sem abrir mão do potencial criativo, artístico e do entretenimento.

Confira 10 Livros que marcaram em 2018:


1) Flores para Algernon (Daniel Keyes)


Imagine um experimento científico capaz de aumentar o QI. Agora, imagine humanos sendo comparados com ratos e como uma alteração significativa da inteligência pode provocar efeitos inusitados e perigosos. Com uma narrativa emocionante, Charlie Gordon descreve como a cirurgia transformou sua vida.

“Eu podia ver que ele se sentia incomodado com minha ideia de visitar Warren. Como se eu tivesse encomendado meu caixão para ficar sentado antes de morrer. Mas, por outro lado, não posso culpá-lo, porque ele não percebe que descobrir quem realmente sou – o significado de toda a minha existência – envolve conhecer as possibilidades do meu futuro e também do meu passado, aonde estou indo tanto quanto aonde já fui. Apesar de sabermos que, no fim do labirinto, a morte nos aguarda [...] vejo agora que o caminho escolhido pelo labirinto me faz quem sou. Não sou apenas uma coisa, mas também uma maneira de ser – uma das muitas maneiras –, e saber os caminhos que percorri e os que me restam vai me ajudar a entender o que estou me tornando” – Daniel Keyes, Flores para Algernon

Não é uma leitura leve, pois escancara o preconceito da sociedade contra pessoas com deficiência intelectual e os diários do protagonista revelam o processo de consciência dele – quando ele se dá conta de como é tratado pelos outros de forma injusta e depreciativa e de como ter mais inteligência não reflete necessariamente em relações sociais mais harmoniosas, pelo contrário, muitas vezes o excesso de autoconsciência e conhecimentos nem sempre vem acompanhado da regulação emocional. Não dá para falar muito sem revelar o final ou fazer spoiler, mas o livro mantém a carga dramática até o final e é ótimo para nos fazer refletir sobre as barreiras da sociedade e a existência humana.

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2) Uma Mente Inquieta (Kay Redfield Jamison)


Um livro autobiográfico escrito por uma especialista em saúde mental e transtorno afetivo bipolar. Estamos em 2018 e cada vez mais as pessoas têm buscado divulgar informações sobre saúde mental com o propósito de diminuir o estigma e levar conscientização sobre o assunto. Kay Jamison expôs sua realidade, mesmo sabendo que o preconceito ainda é forte e muitas pessoas não entendem seus comportamentos em momentos de crise.

“Eu estava acostumada a que minha mente fosse minha melhor amiga; a ter conversas intermináveis dentro da minha cabeça; a ter uma fonte embutida de riso ou de pensamento analítico para me salvar de situações entediantes ou dolorosas. Eu contava com a  perspicácia, o interesse e a lealdade da minha mente, como algo natural. Agora, de repente, ela se voltava contra mim: zombava dos meus entusiasmos insossos; ria dos meus planos tolos; já não considerava nada interessante, divertido ou digno de atenção. Ela estava incapaz de concentrar o raciocínio e se voltava continuamente para o tema da morte: eu ia morrer, que diferença fazia qualquer coisa? O curso da vida era breve e sem significado, por que viver? Eu me sentia totalmente exausta e mal conseguia me forçar a sair da cama de manhã. Eu levava o dobro do tempo normal para caminhar até algum lugar e usava as mesmas roupas repetidamente porque daria trabalho demais decidir que outra roupa usar. Eu temia ter de conversar com as pessoas, evitava meus amigos sempre que possível, e ficava sentada na biblioteca da escola no início da manhã e no final da tarde, praticamente inerte, com o coração morto e o cérebro frio como o barro” – Kay Redfield Jamison, Uma Mente Inquieta

Mesmo sendo uma especialista no assunto e sabendo da importância da medicação para o tratamento, Kay Redfield Jamison compartilhou sua própria relutância e como o abandono dos remédios acabava levando a outra crise. Longe de focar somente na parte negativa, ela também ressalta como o transtorno acabou influenciando sua produtividade. Como muitos transtornos, a autora ressalta que mais respostas levam a mais perguntas e há sempre algo novo a ser descoberto.

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3) Um Crime da Solidão (Andrew Solomon)


O suicídio ainda é um tabu? Com o desafio de quem entende de que falar pouco sobre o assunto pode ser problemático, assim como o oposto também pode provocar um efeito influenciador, o escritor, palestrante de psicologia e ativista Andrew Solomon compartilhou alguns textos com reflexões sobre o suicídio no livro Um Crime da Solidão (On Suicide), publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras, em 2018.

“Precisamos oferecer às crianças instrumentos melhores de avaliação de saúde mental e entender que serviços de saúde mental funcionam de modo mais adequado não como na aplicação de vacinas, em que uma única e decisiva intervenção elimina o problema para sempre, mas como num tratamento dentário, em que se exige cuidado constante para evitar a cárie” – Andrew Solomon, Um Crime da Solidão

Solomon que já tem uma vasta experiência com a depressão, compartilha suas visões sobre o suicídio, embora o assunto seja um tanto complexo e o livro é enxuto demais. Os artigos e ensaios trazem desde experiências pessoais, sendo uma delas um fragmento do livro best seller sobre depressão, O Demônio do Meio-Dia, na qual ele compartilha como foi testemunha da morte de sua mãe que cansada de lutar contra o câncer, decidiu tomar comprimidos, entre outras situações, como a de um amigo que sempre parecia alto astral, mas lutava contra seus próprios demônios diariamente.

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4) Coração Assombrado (Lisa Rogak)


Uma biografia não autorizada sobre o escritor Stephen King. Lisa Rogak levantou a história de vida do norte-americano que encontrou na escrita uma forma não só de criar suas próprias narrativas sombrias, mas conseguiu transformar em sua fonte de renda, mudando o destino de Stephen e sua família, também formada por escritores.

“Todas essas substâncias viciantes são parte do lado ruim do que fazemos. Acho que é parte desse acordo obsessivo que faz de você um escritor em primeiro lugar, que faz com que você tenha vontade de escrever tudo isso. Escrever é um vício para mim. Mesmo quando o texto não vai bem, se eu não o fizer, fico irritado” – Stephen King/Lisa Rogak, Coração Assombrado

O garoto abandonado pelo próprio pai e com uma infância marcada pela leitura investiu naquilo que ele mais sabia fazer: escrever. O que poderia ser um tiro no escuro, até pela aleatoriedade do universo literário, graças aos incentivos e apoio das pessoas próximas a ele acabaram rendendo frutos inesquecíveis para o autor e sua legião de leitores. Diferente de muitos escritores que tiveram sua entrada nos círculos editoriais facilitada pelos contatos, o sucesso de Stephen King se tornou inspiração para vários escritores e sonhadores.

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5) Jogo de Espelhos (Cara Delevingne e Rowan Coleman)


Existe um universo sombrio na internet que muitas pessoas não imaginam. Jogo de Espelhos me surpreendeu por ser o romance de estreia da Cara Delevigne e por tocar em pontos dolorosos que muitos fazem questão de evitar: famílias disfuncionais e as consequências devastadoras para o bem-estar e saúde mental e de que forma esses contextos sociais abrem brechas e vulnerabilidades para pessoas mal-intencionadas.

“Percorro a multidão de desconhecidos e amo que ninguém ali saiba quem eu sou e que ninguém no mundo saiba onde estou. O ar cheira a cerveja e cigarro, com o barulho do trânsito e gargalhadas altas tomando conta do ambiente. Vou andando até chegar a um bar subterrâneo chamado Gin Bath, que se esforça bastante para manter uma aparência tosca e nojenta. Quando eu estava do lado de fora da estação Vauxhall, me dei conta de que era noite de karaokê no bar e, de repente, tudo fez sentido. Neste momento, aquela pessoa sem habilidades sociais, que se destaca na multidão como um fósforo, nem hesita ao entrar, porque ali não sou ninguém, sou invisível e posso ser qualquer um” – Cara Delevingne e Rowan Coleman, Jogo de Espelhos

Como o título do livro indica, o romance gira ao redor desse jogo de imagens, reflexos, expectativas e perspectivas que construímos e são construídas pelos outros. Quando uma das amigas de Red é encontrada quase morta, a protagonista e os amigos próximos vão descobrir que há tantos segredos entre eles e que ninguém conhece a fundo o outro.

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6) Paraíso Perdido (Pablo Auladell)


Para os amantes de graphic novels e de literatura, a edição de Paraíso Perdido ilustrada pelo artista espanhol Pablo Auladell, publicada no Brasil pela editora DarkSide Books. Com todo cuidado com o projeto gráfico, as imagens nos transportam para o universo de sofrimento e melancolia do clássico da literatura mundial que serviu de inspiração para inúmeras obras artísticas.


“De que importa o lugar onde resido, se sou sempre o mesmo e o que devo ser? Aqui, ao menos, seremos livres! Mais vale reinar no inferno do que servir no céu” – Pablo Auladell e John Milton, Paraíso Perdido

“Caído no abismo do desespero... Em regiões da dor onde nunca poderiam habitar nem a paz nem a esperança” – Pablo Auladell e John Milton, Paraíso Perdido

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7) Maus (Art Spiegelman)


Maus é uma daquelas histórias que é difícil de ler sem se deixar levar pelo sofrimento. O fato de ter sido inspirado em acontecimentos reais torna a leitura não só mais interessante, mas também um lembrete dos horrores cometidos pelos seres humanos em tempos de guerra.

Histórias sobre o holocausto nos lembram de que o passado não foi tão distante assim e que a ambição humana e a manipulação são combinações perigosas, receitas para catástrofes. Os quadrinhos nos mostram cicatrizes e também como os dias de horror e escassez moldaram a personalidade de Vladek Spiegelman, judeu polonês que sobreviveu aos campos de concentração de Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art Spiegelman.

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8) A Menina Que Tinha Dons (M. R. Carey)


Uma infecção mortal se espalhou. Poucas pessoas sobreviveram e muitas delas foram transformadas em outras criaturas que se alimentam de carne humana. Algumas crianças estão mantidas em cativeiro e é neste cenário que conhecemos a protagonista da história, Melanie, uma garota que foi infectada, mas parece ter mais controle do que os outros zumbis.

“Qualquer um que experimente o furor para comer carne quando sente o cheiro de carne humana não está inteiramente dentro dos parâmetros normais, concorda comigo?” – M. R. Carey, A Menina Que Tinha Dons

A Menina Que Tinha Dons nos envolve do início ao final, com uma premissa instigante e reviravoltas que nos deixam curiosos para saber qual será o destino da humanidade. A humanização de Melanie conforme ela se envolve com outros personagens é um grande diferencial, que nos lembra que humanos podem ser tão monstruosos quanto criaturas famintas e algumas delas carregam sementes de quem foram um dia, sendo a possível esperança para dias melhores.

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9) Habibi (Craig Thompson)


Dois escravos fugitivos tentando sobreviver no deserto. A história ambientada no oriente é bem forte e dramática, nos colocando nas peles daqueles que tiveram suas liberdades ceifadas e mostrando tantas alternativas adotadas em busca da sobrevivência. A história em quadrinhos consegue dar um soco no estômago e nos lembra de nossos privilégios no ocidente, tanto quando se trata de ter uma vida com dignidade quanto sobre como as sociedades podem se construir em cima da miséria e do sofrimento humano.

Dodola e Zam passam por experiências transformadoras e revelam o quanto nossos espíritos podem ser fortes, mesmo que nossos corpos sejam marcados pelas tragédias e traumas múltiplos. O livro traz várias provocações sobre questões da humanidade e nos faz pensar na realidade daqueles que vagam à procura de vidas melhores.

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10) Em Algum Lugar nas Estrelas (Clare Vanderpool)


Um dos livros que mais indiquei neste ano foi Em Algum Lugar nas Estrelas. O romance da escritora Clare Vanderpool mexeu comigo ao contar a história de um adolescente com Síndrome de Asperger (espectro autista) e sua amizade com outro garoto do colégio. O personagem que luta para existir em um mundo em que é indesejado por aqueles que não fazem o mínimo esforço para entendê-lo e enxergá-lo além de suas limitações.

“É claro que eu não sabia como chegar a esses lugares, mas essa é a questão de estar perdido. Ter liberdade para ir a qualquer lugar, mas não saber onde fica lugar nenhum” – Clare Vanderpool, Em Algum Lugar nas Estrelas

Em uma aventura que fortalece o relacionamento de amizade entre os dois garotos, Jack e Early vão se conhecendo cada vez mais e descobrem que mesmo com suas diferenças, eles podem se divertir e navegar pelo mundo, em uma mistura de fantasia e dramas humanos.

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*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle. 

Comentários

  1. Olá Ben, deixei um comentário em um post um tanto quanto antigo, e gostaria que respondesse! Realmente preciso das sua indicações.

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  2. Sem dúvidas o livro que marcou meu 2018 foi 'Becos da Memória' de Conceição Evaristo e 'Isaac' do Alan Silva, são livros intensos e completamente profundos dentro de uma perspectiva social gigantesca. Recomendo as leituras.

    www.blogdodeivy.com

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    1. Olá, Deivyson. Muito obrigado pelo comentário. É sempre bom conhecer outras obras e leitores. Abraços

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  3. Flores para Algernon também foi marcante para mim. Eu sabia que ia me emocionar com o livro e ele foi além.

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    1. Oi, Sybylla! Gostei muito do livro. Me fez me colocar na situação, especialmente o final :(

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