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Para onde vão todas coisas que não dissemos?

Para onde vão todas coisas que não dissemos? Essa é uma pergunta que muitas pessoas se fazem. Algumas ficam presas dentro de nós. Outras conseguimos elaborar em um espaço seguro, como a terapia. Mas ignorar as coisas, muitas vezes pode ser pior. Fingir que as emoções não existem ou que as coisas não aconteceram não faz elas desaparecerem. Quando um relacionamento chega ao fim, pouco importa quem se afastou de quem primeiro. Mas há quem se prende na ideia de que se afastou antes – em uma tentativa de controlar a narrativa, como se isso importasse. O fim significa que algo não estava funcionando e foi se desgastando ao longo do tempo. Nenhum fim acontece por mero acaso. Às vezes, quando somos levados ao limite, existem relações que não têm salvação – todos limites já foram cruzados e não há razão para impor limites, somente aceitar que o ciclo chegou ao fim. Isto não significa que você guarde algum rancor ou deseje mal para a pessoa, significa que você decidiu por sua saúde mental em pri...

Criminoso mentiroso patológico, falso serial killer é tema de minissérie documental da Netflix

The Confession Killer (O Assassino Confesso) é o título de uma minissérie documental sobre o caso de um criminoso que foi visto com bons olhos pela polícia por ajudá-los a encerrar centenas de casos criminais que estavam em aberto, mas o que parecia ser bom demais para ser verdade, era pior do que imaginavam. Dirigida por Robert Kenner e Taki Oldham, a série de 2019 foi distribuída pela Netflix.

Ao longo de cinco episódios, a minissérie documental narra a história incomum de um homem que supostamente teria matado centenas de pessoas. Assassinos em série costumam atrair a atenção da mídia, já que seus crimes chocam a população e geram audiência; mas, diferente de quando adoram culpar jornalistas pelo foco que dão para serial killers, o mais chocante do caso foi saber que a polícia do Texas estava envolvida na criação do maior assassino da história dos Estados Unidos.

Como é possível dizer que o caso foi um circo midiático se quem passava as informações era a polícia norte-americana? Essa minissérie serve como um ótimo alerta sobre a importância da ética, como alguns órgãos se protegem, como a justiça pode ser falha e como as necessidades de atenção e reconhecimento podem ser desastrosas para investigações da polícia. 

Embora o caso tenha acontecido há mais de 20 anos, por volta de 1983, e era bem menor a quantidade de recursos tecnológicos disponíveis para auxiliar as investigações criminais, é impossível não se colocar no lugar da família das vítimas e não se revoltar com as condutas que deveriam ser investigadas, mas foram ignoradas. 

Um caso como o do Henry Lee Lucas nos dias atuais dificilmente passaria despercebido pela velocidade com a qual as informações viajam pela internet, facilidade de conferir se os dados batiam, ajuda da população com possíveis testemunhas, cobrança por injustiça e impunidade.

As gravações da época e as entrevistas – tanto da década de 80, quanto dos anos recentes – ajudam na identificação de como desde o início a investigação foi duvidosa. Alguns entrevistados alegaram que não houve falta de responsabilidade da polícia e que se foram enganados pelo criminoso, foi porque queriam acreditar, mas as descobertas e declarações do próprio Henry Lee Lucas contradizem.

Se Henry Lee Lucas tivesse realmente matado tantas pessoas quanto alegou e se envolvido nas centenas de crimes, sua história seria chocante não só para os Estados Unidos, mas para o resto do mundo. Porém, graças aos profissionais que duvidaram, descobriram não só que ele era mentiroso patológico, como que ele tinha uma série de privilégios na prisão e conseguia inventar histórias sobre os crimes porque tinha acesso às fichas dos crimes.

Criminoso? Sim. Serial killer? Não. Henry Lee Lucas foi condenado à pena de morte, mas sua pena mudou para prisão perpétua graças ao governador da época, George W. Bush. Seria mais escandaloso ainda se ele tivesse sido executado e só depois descobrissem as mentiras.

Longe de romantizar ou glamorizar o criminoso, além de ter esse lado curioso para quem gosta de histórias de crimes reais, a minissérie The Confession Killer (O Assassino Confesso) revela como algumas famílias ficaram revoltadas e tristes com a verdade, pois ao incriminar Henry Lee Lucas, grande parte dos reais assassinos não foi descoberta. Com o DNA, no entanto, foi possível revelar alguns casos, mesmo após vários anos. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.


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