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Destaques

Sobre Reler Livros

Reler um livro era como tocar um tecido que você já usou várias vezes, como se fosse pela primeira vez. A textura parecia diferente; o cheiro não era o mesmo; Era impossível não imaginar na palavra que circulava pela mente: diferente.  E por que esperar pelo impossível igual? O leitor não era o mesmo. Um intervalo de tempo considerável havia se passado. O personagem que costumava ser o favorito talvez agora seja outro. O texto que escreveria a respeito do livro talvez jamais fosse igual. Era um diferente leitor, um diferente livro, uma diferente interpretação. Ler pelo mero prazer era diferente de ler pensando na resenha que escreveria em seguida. Escolher o livro de forma aleatória era diferente de já tê-lo em mente. Reler era diferente de ler, mas sobretudo, era uma nova forma de leitura: os detalhes que antes não chamavam a atenção, agora pareciam brilhar nas páginas. Não estava no mesmo lugar em que estava quando o leu pela primeira vez. Sua pele não era a mesma, tampouco seu céreb

Quando a Ciência é ignorada por Políticos, o Mundo paga o Preço

Desastres acontecem quando a Ciência é ignorada por aqueles que deveriam trabalhar pautados pelo bem-estar da sociedade, mas acabam deixando de lado as opiniões de especialistas e se focam mais em como as decisões poderiam afetar suas popularidades e reeleições do que no trabalho que precisa ser feito.

Se algumas pessoas conseguem aprender com as experiências, especialmente quando envolvem perdas próximas, outras, após o momento de luto, nem sempre acordam para a importância de lidar de forma coletiva com questões alertadas por cientistas de diferentes partes do mundo.

Com mais de um ano e meio de pandemia e mais de 4 milhões de mortes por Covid-19 no mundo, sendo só no Brasil, mais de 560 mil mortes, enquanto algumas informações foram mudando ao longo do tempo com o surgimento de variantes, outras recomendações permanecem iguais e profissionais de saúde e especialistas precisam ficar repetindo as mesmas mensagens, já que parte da população parece não conseguir assimilar as orientações sanitárias, como o uso de máscaras, distanciamento social e até mesmo a importância da vacinação contra Covid-19.

O problema do Negacionismo não é novo e tampouco vai desaparecer. No que diz respeito à pandemia, é interessante ver que os cientistas estavam alertando há anos de que só não sabiam a data, mas que a qualquer momento uma pandemia poderia surgir. Além disso, lembram que a pandemia do Covid-19 não será a última. Na teoria, isso ajudaria os diferentes países a se prepararem para uma próxima emergência sanitária; na prática, de antemão é possível saber que questões políticas e anticientíficas continuarão exercendo influência nas sociedades.

Enquanto parte do mundo protesta contra seus governos por causa da gestão da pandemia e da falta de vacinas, outra parte tem protestos contra a vacinação, lockdown, máscaras e passaporte sanitário. Para muitas pessoas que idealizavam alguns desses países, houve surpresa e até mesmo decepção, mas os problemas relacionados ao movimento Antivacina não são novos e governos fizeram vista grossa, deixando a questão crescer até chegar a esse ponto em que várias pessoas que se recusam a tomar a vacina estão morrendo e alguns só se arrependem quando é tarde demais.

Outro velho alerta que de tempos em tempos ganha destaque e depois é esquecido é aquele relacionado à necessidade de mudanças de atitudes devido aos riscos das mudanças climáticas. Se ter que lidar com um vírus mortal já é algo difícil, imagine que neste mesmo período, inúmeros países tiveram que lidar com várias catástrofes climáticas, desde alagamentos, enchentes, tornados e mortes por raios, até calor extremo, seca, incêndios e frio congelante.

Diante de cenas consideradas apocalípticas e pareciam sair de filmes de ficção científica, não tenho dúvidas de que alguns ainda vão continuar ignorando os alertas da ciência, em vez de reconhecer a necessidade de mais responsabilização por parte dos governos de diferentes regiões. Com as mudanças climáticas, países como o Brasil não estão preparados para o frio intenso nem mesmo tem estrutura de aquecimento em suas casas, sem levar em conta as pessoas em situação de rua, já nos Estados Unidos e Canadá, relatos de pessoas passando mal, desmaiando e até mesmo morrendo pelo calor intenso circularam nos noticiários, entre inúmeras variações situacionais pelo mundo. 

Para os mais endinheirados e aventureiros, a mudança para outra região acaba sendo uma solução, mas é preciso lembrar que esses não representam a maior parte da população mundial. Há até mesmo aqueles que especulam com o avanço das viagens espaciais, que alguns no futuro tentarão se mudar para outro planeta, após o esgotamento dos recursos e tantas emergências climáticas que surgirão na Terra.

Cientistas e ativistas ambientais, sem dúvidas, não estão felizes ao ver tantos desastres climáticos acontecendo pelo mundo, mas talvez, de uma vez por todas, os governos passarão a ter uma escuta mais ativa e um olhar mais atento. 

Com tantas tragédias, vidas humanas e animais são perdidas, florestas devastadas, a qualidade do ar fica prejudicada pelas fumaças e para os que só se importam com dinheiro, isso tudo afeta a economia, o mercado de trabalho, recursos energéticos e, claro, os gastos com saúde pública. Enquanto em algumas regiões o seguro de casa é indicado, em outras, muitas pessoas perdem tudo e precisam recomeçar do zero. 

Com uma frequência cada vez maior de emergências climáticas, especialistas alertam que a tendência deve se manter nos próximos anos. Juntando as preocupações com a pandemia atual e as próximas, que também podem ser influenciadas pelas questões ambientais, está mais do que na hora dos governos terem posturas mais proativas e se prepararem, não só tentarem conter os danos após as tragédias.

Além das discussões sobre usos de energia, poluição e mudanças de comportamento, arquitetos também já falam sobre a necessidade de adaptação de estruturas. Em relação às mudanças climáticas e até mesmo ao mercado de trabalho, as empresas terão que proteger seus funcionários dos episódios adversos. 

O que os países não podem fazer é continuar agindo como se nada estivesse acontecendo: a saúde do planeta reflete na saúde humana e diante do risco de colapso e emergências climáticas, as desigualdades sociais só vão aumentar e todos serão afetados de uma forma ou de outra.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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