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Âncora

Ancorar é encontrar um espaço seguro mesmo diante do caos. É ouvir uma música e se permitir encontrar paz, mesmo quando as coisas estão fora de controle. É pensar na sua pessoa favorita e sentir as emoções reguladas. É saber que você pode confiar em quem conversa o dia inteiro. É confiar que mesmo diante da ambiguidade, ele vai honrar a promessa que fizeram. É ressignificar o que antes poderia ser visto como algo preocupante e aceitar que era mais do que seus diagnósticos. Era saber que não havia melhor pessoa que o entendesse nos últimos tempos. Era brincar com as linhas e nossas indefinições. Era saber que de tanto ensaiar situações de possíveis crises, que ele saberia notar se algo estivesse diferente. Cada um dos seus sinais. Escrevia para lembrar e também para esquecer. Escrevia para lembrar dos ciclos fechados e agradecer o que estava aberto. Era entender o quanto estava sufocado e que, às vezes, um olhar certo bastava. Escrevia para aceitar que as coisas poderiam mudar. Que em u...

Serial killer que aterrorizou a Coreia do Sul nos anos 2000 é tema de série documental da Netflix

Estamos tão acostumados com casos de serial killers dos Estados Unidos e Reino Unido divulgados nos jornais ou explorados em livros e documentários, que causa até certo estranhamento assistir à nova série documental da Netflix: The Raincoat Killer: Chasing a Predator in Korea (O Assassino da Capa de Chuva: Caça ao Serial Killer Coreano). Mas não só para o telespectador é algo esquisito, a própria população e a polícia tiveram dificuldades com o caso pela falta de precedentes na época em que aconteceu nos anos 2000.

Assistir à série documental é como ver a Coreia do Sul sem maquiagem, literalmente. Um lado mais realista e menos fofo ou vibrante, marcas que são reproduzidas em tantos dramas coreanos e fazem parte da indústria cultural do país asiático. 

Saindo um pouco da tendência de muitos documentários sobre serial killers que tentam destrinchar a personalidade e o histórico do assassino para tentar compreender melhor suas motivações criminais, O Assassino da Capa de Chuva se foca mais no trabalho policial por trás, bem como de outros profissionais envolvidos, trazendo inclusive entrevista com o advogado de Yoo Young-chul, o assassino em série confesso.

Sem muitas informações biográficas, fica difícil entender a mente do assassino que apresenta traços mistos de serial killer organizado e desorganizado: alguém que embora agisse com seus impulsos violentos e tinha mulheres e idosos ricos como alvos, também era capaz de viver uma vida dupla e desmembrar os pedaços de corpos em seu próprio apartamento, se livrando dos restos de suas vítimas sem levantar suspeitas sobre si mesmo.

Uma informação interessante apresentada na série documental é a de que após o caso, mudanças aconteceram na polícia e o serviço melhorou. Seja por ser algo meio desconhecido na época para os oficiais, ou por uma suposta preocupação com promoção e fama, alguns deslizes foram cometidos e os responsáveis pela investigação policial foram bastante criticados pela imprensa e pelos familiares que acreditavam que se ele tivesse sido capturado antes, vidas poderiam ter sido salvas. 

Por causa do estado dos corpos das vítimas e da maneira que ele limpava o local onde cometia os assassinatos e cortava os cadáveres em pedaços, a polícia teve dificuldade inicial para encontrar evidências e identificação das mulheres assassinadas. Mesmo com a confissão feita pelo serial killer, precisavam de provas suficientes para incriminá-lo e, embora tivesse uma visão doentia que motivava seus crimes contra alvos específicos, se não fosse por causa da colaboração do assassino, inúmeros casos permaneceriam sem solução.

Com um falso moralismo ao atacar mulheres que trabalhavam como prostitutas e um distorcido senso de justiça social ao matar idosos endinheirados, como muitos assassinos em série, Yoo Young-chul não pararia de cometer crimes até o dia em que fosse preso, movido por suas obsessões e um suposto delírio de grandeza, como se fosse divino. 

Ao mesmo tempo em que dá alfinetadas no trabalho policial da época, enaltece os que se dedicaram e transformaram suas carreiras pelos esforços, a série documental comete o erro semelhante de não aprofundar na biografia do assassino, talvez pelo respeito aos familiares ou pelo medo de que pudesse influenciar de alguma forma outros potenciais criminosos – chegam a tratar com tabu até demais ao não revelar o rosto por trás da máscara. 

Um grande acerto é de que a série documental não abre margem para uma suposta empatia por quem não teve nenhuma compaixão, como alguns documentários caem na armadilha a ponto de muitos telespectadores se focarem tanto no aspecto social dos possíveis sofrimentos dos assassinos, que se esquecem de que o assunto é muito mais complexo e também envolve componentes biológicos. 

Embora tenha três episódios, seria mais interessante se a série aprofundassem mais em alguns assuntos e discutisse outros, no entanto, vale como um registro documental sobre esse caso cheio de requintes de crueldade que fez cerca de 20 vítimas. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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