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Destaques

5 K-dramas Para Quem Não Gosta de Romance

Quando se lê ou ouve o termo dorama, muitas pessoas associam aos dramas românticos e leves, fazendo com que muitas pessoas evitem conhecer uma série de produções de gêneros diferentes, para quem também gosta de histórias mais sombrias e com uma dose de suspense e ação. Pensando em uma postagem assim que vi nas redes sociais, nas quais os dorameiros estavam indicando opções diferentes, decidi selecionar minhas cinco sugestões de dramas coreanos (kdramas) que fogem dos clichês românticos, dos quais algumas pessoas não gostam. Apesar de grande parte dos conteúdos lembrarem novelas de drama e romance, surgem cada vez mais possibilidades de gêneros e temas para assistir. Quando o termo dorama se popularizou no Brasil, parte da comunidade brasileira coreana não ficou muito feliz por associarem a um gênero. Confira 5 K-dramas Para Quem Não Gosta de Romance: 1) Round 6 (Squid Game): da lista, este é um dos dramas coreanos que conseguiram furar a bolha da dramaland e conquistaram telespectadore

It's Okay Not To Be Okay: Série sul-coreana sobre literatura, saúde mental e a coragem de seguir em frente

Assim como acontece com produções televisivas norte-americanas, há muitas séries sul-coreanas que tem o seu lado mais cômico e repleto de clichês, mas o dorama Tudo Bem Não Ser Normal (It’s Okay Not To Be Okay) não é um deles. Repleta de referências literárias e de discussões nas entrelinhas sobre saúde mental, a série conquista desde os primeiros minutos com narração e animação de uma das histórias escritas por uma das personagens principais, Ko Moon-young (Seo Yea-ji), a escritora de literatura infantil com uma pegada sombria.

Dirigida por Park Shin-Woo e escrita por Jo Yong, a série tem como Ko Moon-young uma das personagens mais intrigantes por conta de seus comportamentos que, muitas vezes, beira aos de quem tem transtorno antissocial. Porém, à medida que os episódios vão passando e a história de vida da escritora é narrada, ainda que muitas de suas ações sejam infantis e inconsequentes, dá para compreender um pouco como sua personalidade foi moldada.

Acostumada a manipular os outros para conseguir o que deseja, a autora fica obcecada por Moon Gang-tae (Kim Soo-hyun), um homem que, em muitos aspectos, parece ser completamente o oposto dela, aparentando ser alguém calmo e empático com todos. Cuidador em hospitais e irmão mais novo de um autista adulto, Moon Sang-tae (Oh Jung-se), a história de vida dos três está entrelaçada de uma forma que é explorada ao longo da série.

Do mesmo modo que a série Atypical revela como algumas famílias acabam dando mais atenção para os filhos neurodiversos do que para os neurotípicos, Moon Gang-tae foi criado para cuidar do irmão autista e isso acabou influenciando em sua personalidade. Porém, ao entrar em contato com Ko Moon-young, do mesmo modo que ela encara seus demônios, ela acaba desafiando os outros, intencionalmente ou não, a questionarem por que elas são do jeito que são – algo que ela também costuma fazer por meio de sua literatura e dos cursos em que ministrado sobre contos de fada, sempre focando no lado mais trágico e real remetendo às origens do gênero, menos no lado delicado e romântico por trás das narrativas.

Embora o foco principal da série seja mostrar como os três personagens estão conectados seja por coincidência ou destino, ressaltando suas diferenças e semelhanças e como essa dinâmica faz com que eles amadureçam e aceitem mais não só as diferentes formas de interagir com os outros, mas também que entrem em uma jornada de autodescoberta.

Além dos transtornos, a série também aborda alguns dos traumas dos personagens. Em uma das frases de um dos livros da Ko Moon-young, O Menino Que Se Alimentava de Pesadelos, além de revelar um pouco da personalidade da escritora, os personagens também tiram inspiração para se abrirem sobre seus passados dolorosos e medos: 

“Lembre-se de tudo e supere. Se não superar, sempre será uma criança cuja alma nunca floresce” 

Cada episódio também se foca nas histórias de vida e transtornos psicológicos dos personagens secundários que estão internados no hospital – como estresse pós-traumático, transtorno de personalidade múltipla (transtorno dissociativo de identidade), dependência química, transtorno bipolar, entre outros – o que humaniza ainda mais a série.

Para quem já está acostumado com os dramas coreanos, há muitos elementos em comum, mas a experiência se torna única graças ao roteiro e às referências internas e externas de elementos da literatura e essa inevitável relação entre criação literária e experiências de vida. 

Como o próprio título em inglês da série lembra: Tudo Bem Não Estar Bem, a cada episódio os personagens passam por situações em que suas forças e fragilidades ficam evidentes, bem como a pessoa por trás da máscara social que todos desenvolvem para sobreviver diante das adversidades. A garota que sempre pareceu forte e fria, por exemplo, esconde um passado de tragédia familiar e o garoto que cresceu cuidadoso e sorridente, na verdade, aprendeu a esconder sua raiva e abriu mão de muitas coisas por causa dos outros.

No final das contas, como narrativas que são circulares, muitas das frases e interpretações tanto das obras da Ko Moon-young, como de outros contos de fada acabam servindo como inspiração para que os personagens transformem suas histórias de vida.

Para quem quer se aventurar em outras séries sul-coreanas, aos que gostam dos desafios do universo editorial e a necessidade de reinventar, recomendo Romance Is a Bonus Book, já para quem curte uma dose de romance sobre amadurecimento e arte, recomendo Nevertheless

Vale lembrar que as histórias da escritora da série foram publicadas em livro. 

Coleção de livros It’S Okay to Not Be Okay: https://amzn.to/3DFNdtC

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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