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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Entrevista: Occello Oliver fala sobre a Cultura em Letras Edições e suas experiências literárias

Jornalista, relações públicas, escritor e recentemente editor, Occello Oliver bateu um papo comigo por e-mail sobre sua carreira literária e sua nova filha, a Cultura em Letras Edições, uma editora que surgiu durante este ano e já está se desenvolvendo, responsável pela publicação dos livros O Pingente de Sangue e A Incrível Cidade que Apodreceu.

Escritor Occello Oliver

Nascido em 1972, no Rio de Janeiro, com aproximadamente duas décadas de experiência na área de Comunicação, experiência na área de assessoria, redação e setor empresarial, Occello Oliver é autor dos livros Fora do Armário, Censurado – Sexo, Taras e Fetiche e As 7 Cores que Amei.

Confira abaixo a entrevista com o escritor e editor Occello Oliver:

Ben Oliveira: Você se formou e trabalha com Comunicação (Jornalismo e Relações Públicas) durante anos. Como esses conhecimentos te ajudam na hora de escrever um livro?

Occello Oliver: Vou completar 20 anos de profissão. Foi um caminho longo a ser desbravado até aqui. Conheci muitas pessoas e vivenciei experiências incríveis e gratificantes. O exercício da escrita aprimorou meus conhecimentos e me tornou a pessoa exigente comigo mesmo e também com meu trabalho. Cada vez que escrevia matérias nas redações que trabalhei, buscava sempre ouvir a opinião e orientação dos editores. Escrevi e reescrevi diversas vezes até a matéria ficar no ponto e chegava até a atrasar as edições dos veículos de circulação. Rs De tanto fazer e refazer, aprendi as técnicas que valorizam a escrita e quando publiquei meu primeiro livro em 2012, o “Fora do armário”, esse aprendizado foi mega valioso. Afinal, um livro é a maior reportagem que um jornalista pode escrever.

Ben Oliveira: Seu primeiro livro foi o Fora do Armário, no qual você aborda a questão da aceitação da homossexualidade.  Como foi a experiência de escrevê-lo? Por que é importante abordar a saída do armário?

Occello Oliver: O Fora do armário traça um perfil geral sobre a homossexualidade no Brasil e no mundo. Era um projeto antigo, elaborado como tema de monografia, quando me formei em Jornalismo. Ao reeditar o projeto, em 2010, mergulhei de cabeça durante quase 1 ano pesquisando o tema e tudo ligado ao assunto. Costumo dizer que é um livro técnico, de pesquisas, já que minuciei diversos parâmetros sobre o assunto. Cito sobre comportamento, cultura, religião, família, história, geografia, literatura e um pouco de muita coisa. Fiz um mix de assuntos em que explanei principalmente a existência do homossexual na sociedade mundial. Afinal, o homossexual também é cidadão, paga impostos, estuda, trabalha, constitui família e sempre estará presente em tudo. Sair do armário é questão de liberdade e estar em paz com sua consciência.

Ben Oliveira: Occello, como foi escrever o livro de crônicas As 7 Cores que Amei? 

Occello Oliver: O 7 cores é mais audacioso e muito precioso. Resgatei 23 anos de minha vida pessoal e íntima, de 1990 a 2013. Revirei meu pequeno bauzinho e coloquei pra fora o melhor de mim. Digo “melhor” no sentido figurado, pois cito o melhor e também o pior. A vida é um eterno sobe e desce, e deve ser valorizado em todos os sentidos. O resultado foi incrível tanto pessoal como profissionalmente. É um livro em que há de tudo no sentido emocional. Momentos alegres, tristes, de raiva, amor e claro, muita nostalgia. Afinal são 23 anos bem vividos.

Ben Oliveira: Você é carioca. A maioria de suas produções literárias se passa no Rio de Janeiro. Como sua bagagem cultural, suas paixões e experiências se fazem presentes em sua escrita?

Occello Oliver: Sou carioca nascido, crescido, criado e vivo até hoje em Copacabana, na eterna princesinha do mar. Vejo a região como um pano de fundo muito interessante para servir de cenário para minhas histórias. Afinal, em Copacabana tem de tudo. Isso aqui é um resumo do Brasil. O bairro é de grande importância, pois ao criar histórias me vêem à mente uma imagem fixa do bairro. E por aqui ser um grande polo social, não há dificuldades de vermos a vida passar.

Ben Oliveira: Em 2013, você participou de uma coletânea de contos eróticos gays. Como foi a experiência?

Occello Oliver: Nunca tinha escrito nada igual! Foi muito bacana. Na época, celebrei a criação de um selo editorial, o Lado B Edições, feito para atender a esse gênero literário. O livro, “Censurado – sexo, taras e fetiches” teve uma boa repercussão. Fizemos lançamentos no Rio e em São Paulo. Esgotou as vendas em cidades pequenas, como em Muriaé, em MG. A mídia e a imprensa GLBTT nos atendeu super bem, o que nos ajudou a divulgar o livro. O selo não existe mais, mas as lembranças de um trabalho bem sucedido ficam eternizados!

Ben Oliveira: Como a literatura pode ajudar a diminuir a homofobia e outros preconceitos sociais?

Occello Oliver: O mercado literário destinado ao público homossexual está em constante crescimento. Não pode mais ser segurado! Vejo livrarias em que meus livros estão à venda, com espaços exclusivos ao tema, com livros de diversos autores nacionais. Isso pode fazer com que a sociedade entenda que o homossexual está presente em todos os lugares. Então, não adianta mais torcer o nariz para o que já é sacramentado. Quanto à homofobia, ela é para os fracos, tolos, oprimidos e reprimidos!

Leonardo Ottonelli e Occello Oliver no lançamento do livro O Pingente de Sangue. Foto: Divulgação.

Ben Oliveira: Quando surgiu a Cultura em Letras Edições? O que o motivou a criá-la?

Occello Oliver: A Cultura surgiu da idéia de atender a todos os autores iniciantes ou veteranos em publicar suas obras. Infelizmente ainda existe pouca aceitação das editoras com muitos trabalhos. Busco prestar muita atenção no trabalho dos autores. Não vejo apenas o lado comercial. Não foco nessa história de que vai vender ou não. Também cuido da parte comercial então, se vai vender ou não, depende da assessoria de imprensa que faço. E modéstia à parte, nisso sou craque! Analiso cada traço das histórias. De todos os originais que já recebi, achei as histórias muito interessantes e ricas em conteúdo. Como falei, analiso cada linha. Se essas linhas corresponderem às expectativas, ofereço a proposta de edição. Fico feliz pelos autores estarem muito inspirados. A Cultura em Letras é aberta para a literatura em geral. Tenho investido muito em contos, através da criação de concursos. A repercussão é muito boa. Estou feliz com os dois primeiros lançamentos, “O pingente de sangue”, do Leonardo Ottonelli, que já está esgotando, e “A incrível cidade que apodreceu”, do Christian Petrizi, também com grande aceitação. Em breve teremos novidades!!

Ben Oliveira: Quais são os desafios de uma editora nova no Brasil?

Occello Oliver: O maior desafio é buscar independência.  Estudo sempre a criação de maneiras de não manter a Cultura em Letras presa a certas modalidades. Por exemplo, ganhar a confiança dos leitores em fazer bons trabalhos, ter ética e respeito com os profissionais que trabalham comigo, atingir o público de maneira saudável e sem pressão. Outra questão que considero válida é por enquanto manter os títulos da Cultura em Letras à venda apenas na loja virtual do site. Divulgo as obras em médios espaços de tempo. Capricho nas embalagens dos livros ao serem postados nos correios. Respondo os e-mails com agilidade e cordialidade. Mantenho a casa em ordem, pois não sei que vem visitá-la. Rs! São esses pequenos detalhes que fazem a diferença.

Ben Oliveira: Dificilmente uma editora pequena consegue espaço na mídia tradicional e livrarias. Por outro lado, as redes sociais e blogs tornaram-se alternativas atraentes para a divulgação de novos autores. Qual é a relevância dessas ferramentas para o marketing da editora?

Occello Oliver: Exatamente! Na questão das livrarias em que meus livros anteriores lançados por outros selos estão à venda em que eu fiz a distribuição, não há dificuldades em mantê-los, pois graças a Deus, tiveram boas vendas e recebo pedidos de reposição.  As redes sociais, blogs e sites são minha principal fonte de trabalho. Tem um certo blog aí, de um jovem jornalista e escritor muito simpático chamado Ben Oliveira, que é uma verdadeira revista eletrônica sobre literatura! A internet é a principal fonte para tudo. Mas lembre-se: tudo é questão de esforço, batalha, dedicação, paixão, tesão e foco! Que bom que podemos contar com o apoio de muitos parceiros, amigos e profissionais!

Ben Oliveira: Neste ano, o autor do livro O Pingente de Sangue, Leonardo Ottonelli participou da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Qual foi a importância da editora marcar presença na maior feira literária do Brasil? 

Occello Oliver: Foi de muita importância pra mim, como pessoa e profissional, e pra minha filhota! Nossa, participar de um mega evento como a Bienal foi incrível. Um grande ponto positivo para minha carreira, para a Cultura em Letras e também para o Leonardo, que usou todo seu charme, graça e poder de persuasão para conquistar os leitores. Foi uma grande experiência. Estar em São Paulo é altamente enriquecedor. Outra cultura, outro mercado e uma grande visão. Excelente para trabalhar! Só tenho a agradecer.

Christian Petrizi e Occello Oliver no Lançamento do livro
 A Incrível Cidade que Apodreceu. Foto: Divulgação.
Ben Oliveira: A Incrível Cidade que Apodreceu foi um dos lançamentos da Cultura em Letras, do autor Christian Petrizi, com quem você já tinha participado de uma coletânea junto. Qual é a importância de fazer contatos no meio editorial? 

Occello Oliver: Quando existe química tudo flui bem. “A incrível cidade que apodreceu” é o quinto livro do Christian. Os trabalhos dele são sensacionais. Ele tem uma escrita fantástica, sensível e desenvolve as histórias dele com maestria. Foi um livro bastante prazeroso de produzir. O livro é excepcional! Sabe aquele livro que te desperta curiosidade para chegar ao fim, de tão legal que é? Fizemos o lançamento na cidade dele, em Patrocínio de Muriaé. Outra experiência incrível para a Cultura em Letras! Quando o autor se envolve com um grupo, ele é eternizado.

Ben Oliveira: Pretende continuar escrevendo histórias com temática gay? Por que?

Occello Oliver: Vou ser sincero. Estou bastante focado com a Cultura em Letras. Por enquanto não tenho nenhuma idéia, mas tenho planos de escrever outro gênero. Já fiz uma trilogia com meus livros sobre a temática gay. Gostaria de experimentar outros sabores. Me atrai a linha infanto-juvenil. Quem sabe vem coisa nova por aí?

Ben Oliveira: Ano passado, você e o seu sócio Alexandre Calladinni criaram a Lado G Edições, um selo editorial voltado para publicações sobre o universo gay, atualmente encerrado. Por que o projeto foi abortado? 

Occello Oliver: Tínhamos a Alma G Edições e Lado B Edições. Então, eu foquei muito na Cultura em Letras com os primeiros lançamentos e eventos que foram muito próximos, com intervalo de 10 dias entre ambos. E estava super ocupado divulgando “As 7 cores que amei”. Foram meses que tomaram muito meu tempo. Alexandre se envolveu com outros projetos profissionais. Então, conversamos e achamos melhor encerrar a parceria e os selos.

Ben Oliveira: Vale a pena investir em literatura gay no Brasil?

Occello Oliver: Sim, tudo tem um propósito. Como expliquei anteriormente, uma boa divulgação é que faz a causa!

Ben Oliveira: Como você avalia o cenário atual da literatura gay no país?

Occello Oliver: De fraco a médio. Ainda temos que fazer a sociedade entender mais sobre o tema. Temos que incentivar mais a leitura e buscar abrir parâmetros para difundir o tema.

Ben Oliveira: Quais são os seus escritores favoritos?

Occello Oliver: Leio de tudo e busco compreender a linha editorial de cada autor. Não elegi favoritos ou melhores.

Ben Oliveira: Quais são os seus próximos projetos literários, como autor e editor?

Occello Oliver: A Cultura em Letras está a todo vapor. Ainda este ano teremos novidades. Escrever, por enquanto, não está em meus planos.

Ben Oliveira: Quais são as expectativas para a Cultura em Letras?

Occello Oliver: Quero consolidar a editora no mercado editorial em médio prazo. Poder dividir experiências com o público e dar oportunidades ao máximo a escritores com seus projetos.

Ben Oliveira: Quais conselhos você deixaria para quem sonha em se tornar escritor?


Editor, escritor e jornalista Occello Oliver
Occello no lançamento do seu livro As 7 Cores
que Amei. Foto: João Barbosa Fotografia.
Occello Oliver: Acreditem no potencial de escrita, sejam pacientes, estudem e pratiquem a leitura e criação de histórias. Há muitos “nãos” a serem ouvidos, mas se houver disciplina, a palavra “sim” vai sorrir para todos!

Ben Oliveira: A Cultura em Letras Edições está recebendo originais de autor novatos e veteranos. Quais critérios são levados em conta na hora de selecionar o material e publicá-lo?

Occello Oliver: Primeiramente analiso o gênero. O tema e o conteúdo da história são essenciais. Procuro descobrir a identidade do autor através do trabalho. Infelizmente descarto os trabalhos que “enchem linguiça” e saem do tema. Pouco acontece, mas volta e meia... O texto deve ser claro, objetivo, direto e ter uma temática que não canse o leitor. Como mencionei antes, analiso cada linha e traço. Se o trabalho estiver bacana procuro o autor e faço a proposta. Na hora da revisão textual e ortográfica, analiso o perfil daquele autor. Se ele aceita minhas sugestões vejo que está disposto a aprender e podemos dar continuidade. Se há discordâncias, procuro orientar o autor para modificar o trabalho.

Ben Oliveira: Onde os livros da Cultura em Letras Edições podem ser encontrados?

Occello Oliver: Por enquanto apenas no site da editora. No link “livros”, há os títulos da Cultura em Letras, de outras editoras e um pequeno ranking de vendas.

Comentários

  1. Oi Ben, tudo bem? (Nossa, isso ficou estranho, heheheh)
    Eu já conhecia a editora, pois enquanto procurava meios de publicar meu livro, conheci e pesquisei sobre várias e a Cultura em letras estava na lista pesquisada.
    Então já tinha ouvido falar sobre os livros.
    Mesmo assim, adorei a entrevista. Acho fantástico os livros com a temática homossexual. isso ajuda a quebrar tabus que nem deveriam mais existir. Simplesmente fantástico esse trabalho.
    E não posso deixar de parabenizar Ocello por esse trecho em especial " Isso pode fazer com que a sociedade entenda que o homossexual está presente em todos os lugares. Então, não adianta mais torcer o nariz para o que já é sacramentado. Quanto à homofobia, ela é para os fracos, tolos, oprimidos e reprimidos!"

    Abraços
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Oi, Gih! Fico feliz que já conhecia a editora e que tenha gostado da entrevista. Também sou a favor de mais livros com temática gay, já está na hora da homofobia diminuir. Literatura é literatura, ter personagens gays num livro não significa que um heterossexual não possa ler e se identificar, afinal, os conflitos humanos são universais.
      Muito bom este trecho da entrevista!
      Obrigado pela sua visita. Sempre!
      Abraços

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