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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Entrevista: Alex Francisco, dramaturgo fala sobre seu espetáculo Corpo Condenado

Jornalista, roteirista, dramaturgo e escritor, Alex Francisco é o entrevistado deste mês no Blog do Ben Oliveira. Seu último livro, Corpo Condenado (All Print Editora) foi publicado em 2014 e entre os dias 6 e 27 de novembro, o espetáculo estreia no Teatro Commune, em São Paulo. Depois de ler a história de Gael e Natasha, dois garotos de programa com um misterioso pacto, agora o leitor terá a oportunidade de ver os personagens ganhando vida sobre o palco.


Para saber mais sobre o espetáculo, leia: Corpo Condenado: Peça estreia no Teatro Commune com história de garotos de programa e misterioso pacto 

Em 2013, o autor publicou o livro A Visita (All Print Editora), uma história sobre dois homens que se amam e o relacionamento é condenado aos olhos da sociedade. Além de dirigir Corpo Condenado, Alex Francisco faz parte do elenco da peça teatral e contou na entrevista como está sendo a produção do espetáculo, personagens LGBTs, o papel da arte e finalizou com dicas para dramaturgo e escritores iniciantes.

Confira abaixo a entrevista com o dramaturgo Alex Francisco:

Ben Oliveira: O que os leitores que tiveram contato com Gael e Natasha e os que ainda não conheceram podem esperar do espetáculo?

Alex Francisco: Gael e Natasha, de fato, saíram do livro, ganharam veias, músculos, pele, são dotados de sensações, são quentes, passaram a existir. Gael está mais submisso. Natasha mais dominadora, ácida. Quem leu o livro, vai identificar com rapidez a intenção por trás dos olhares, do toque, da respiração de cada um. Acredito que vai entender bem as entrelinhas da intimidade daquele casal, arrisco até que vai querer participar dela ou se lembrar da intimidade com alguém. Quem não conhece o livro, vai ser convidado a entrar nessa história por uma grande dança cênica. Cada movimento dos atores em cena pela casa de 1999 é um balé, é ritmado, apresenta amor, sexo, sedução, ódio, angústia, o horror e outros sentimentos como nos movimentos de uma canção. A palavra é intimidade, o casal vai estar à vontade diante do público que os observa dentro daquela casa.

Ben Oliveira: Na peça, você vai interpretar o personagem Gael mais velho. Como está sendo esse processo de transformação de criador em criatura? Conte um pouco sobre o personagem!

Alex Francisco: O dramaturgo está em outros trabalhos já, ele entregou o texto adaptado de “Corpo Condenado” e partiu para outras histórias, rs. É preciso um distanciamento muito grande, Ben. Desde que começamos o projeto, a figura do criador participou da fase de conceituar a obra para o teatro, que é uma fase muito importante, e, depois, deu espaço e liberdade para o diretor e o ator trabalharem. Para construir o Gael resgatei as referências do autor e tentei potencializar com as propostas de direção e de atuação. Cinema e literatura se encontraram nessa criação, com referências como “Morte em Veneza”, “Uivo”, “A Single Man” e “Nine”. O Gael dessa adaptação é mais sombrio, frio, ele joga com o público, tenta se defender e se punir ao mesmo tempo. Ele é uma farsa, Ben, ele criou uma imagem! Penso, como intérprete, que ele é um grande egoísta, abusa do fato de ser um criador de histórias para antecipar fatos, manipular emoções. O Gael mais velho sabe o que quer! É uma leitura de direção e atuação sobre o texto do dramaturgo que ajuda a potencializar e identificar caminhos para o personagem. Saio abalado de cada ensaio, pois o Gael me faz acessar sentimentos que eu deixei guardado...

Ben Oliveira: O protagonista da peça é um escritor e os poemas foram escritos por Diego Davoglio. Como foi essa parceria com o poeta? De que forma esse diálogo entre gêneros literários enriquece a produção?

Alex Francisco: Quando comecei a escrever o Gael, procurei por uma expressão artística que pudesse manifestar a busca dele em querer representar o corpo, falar do corpo, dos sentimentos. Escolhi a poesia, pois poderia unir isso ao texto do livro. Embora eu tenha arriscado escrever alguns poemas (todos guardados a sete chaves!), não senti que poderia escrever os do Gael, eu não sou poeta, era preciso que um poeta fizesse isso! Na época, o Diego postava poemas dele no Facebook e e eram textos muito bons. Na hora pensei que ele poderia entrar no personagem e escrever. Foi um feliz encontro, pois o Diego tem iniciação no teatro, abraçou o projeto e o personagem, entrou nele de cabeça e criou uma série de poemas que dizem muito sobre os sentimentos do personagem. Diego e eu nos reuníamos diversas vezes para falar de Gael, e Diego me ajudou muito a entender a alma de um poeta. Então, além do texto do teatro, o livro tem em seu final um 'caderno' com os poemas do personagem. Acredito que tivemos um grande ganho em três sentidos: a metalinguagem, já que o caderno de poemas é o livro que Gael cita que lançará no livro, o leitor passa a ter acesso a ele; pudemos mostrar o trabalho sensível do Diego, que é um jovem extremamente talentoso e preocupado com o trabalho; e tentamos incentivar o hábito da leitura de poesias.
Montagem: Marcus Lyra / Foto: Rodrigo Parreiras. Crédito: Divulgação Corpo Condenado. 







Leia: Resenha do livro Corpo Condenado – Alex Francisco

Ben Oliveira: Gael é um garoto de programa que posteriormente vira escritor. Natasha tem uma personalidade ácida e envolvente. Com personagens tão tridimensionais, como foi o desafio de selecionar atores para o elenco?

Alex Francisco: Digo que não há personagem fácil nessa peça. Todos são egoístas, defendem seus erros e acertos e brigam por isso e essa mistura de conflitos em cena é bastante desafiador. Meu desafio na direção de "Corpo Condenado" é pensar um espetáculo a favor da história, que pudesse costurar esse emaranhado de conflitos e instigar o público. Aliado a isso, temos algumas limitações por sermos um grupo de teatro iniciante, sem patrocínio ou fomento e com a maioria do elenco formada por não-atores. Então, a linha de interpretação é ser menos naturalista, e o espetáculo tem elementos mais teatrais. Resgatamos alguns atores de "A Visita" para fazer papéis completamente contrários ao que haviam feito; trouxemos atrizes com experiência em teatro, assisti peça com as duas - são as nossas profissionais, rs!; e mais dois nomes que voltaram a experimentar depois de muitos anos. É um elenco a favor da história e com atores que não estão em zona de conforto, interpretam exatamente seus opostos. É o desafio.

Ben Oliveira: Uma das personagens do espetáculo é a drag queen Babete. Com o sucesso de programas televisivos, como RuPaul’s Drag Race, a cultura drag tem ganhado cada vez mais força. Pode revelar um pouco do que o público pode esperar?    

Alex Francisco: Lady Babete era um desejo muito antigo meu em ter uma drag em cena - "A Visita", no teatro, não teve. Mas Lady Babete vai em outra linha. O universo das drags é extremamente rico e até influenciado pelos programas com drags fui atrás desse universo. Nossa queen terá um estilo mais clássico e menos caricato. A maquiagem é mais feminina e menos 'palhaça', colorida, como dizem. Em uma construção com o ator Thiago Chagas chegamos a definição de que ela teria traços de diva, já que dubla uma, Celine Dion. Bem, essa é a estética da Lady Babete em um desafio para o Thiago que nunca havia se vestido de mulher. Em dramaturgia, Lady Babete cumpre ações fundamentais para a trama: ela aparece primeiro sem estar montada, como Bruno, que vem para punir Gael no presente, relembrar as dores do passado e com tiradas mais atuais (as falas foram atualizadas), depois, montada, para dar uma última cartada em Gael. Lady Babete é o personagem que mais se transforma ao longo do espetáculo e é essa transformação que o público vai ver, além de ver que há um tipo de drag que não é tão conhecida assim da mídia.

Ben Oliveira: Corpo Condenado, como o próprio título indica, explora a questão do corpo, suas transformações e prazeres. Quem leu o livro, pôde imaginar, mas a verdadeira magia será no teatro. Indo além do papel e das palavras, como a linguagem corporal, atuação e outros elementos sinestésicos darão vida à história?

Alex Francisco: Essa temática é um norte muito forte para nossas escolhas cênicas, Ben. A primeira preocupação da direção foi despertar a consciência corporal dos atores. Durante 4 semanas, eles tiveram uma preparação intensa com o preparador corporal Anderson Costa e com o preparador de elenco Victor Ramos para levantar o tipo de corpo de cada personagem. O respirar, o andar, o falar, a postura, a sensualidade, a dor... Isso foi essencial para o que o público verá no palco. A atriz Aline Cunha, por exemplo, que veio de peças infantis, está completamente diferente de tudo o que viram dela: sensual, provocativa, ácida. Thiago Chagas foi fundo nos trejeitos femininos, enfim, todos se despiram e se dedicaram a construir essas personas. Além disso, outros elementos nos ajudam muito e que já estão previstos no texto, como quando Gael e Bruno se veem no passado andando na casa e outros detalhes criados em sala de ensaio que não posso contar agora, se não perde a graça... É uma peça de corpo, como disse antes, há uma direção de movimento muito presente nas ações dos personagens.
Gael (Willian Young), Natasha (Aline Cunha) e Lady Babete (Thiago Chagas). Foto: Divulgação Corpo Condenado.

Ben Oliveira: A visita e o Corpo Condenado têm personagens principais homossexuais, mas o rótulo literatura gay não o agrada. A rotulação ajuda ou atrapalha? Qual é a sua opinião?

Alex Francisco: Vejo esse rótulo/gênero como um norte para direcionar o público a consumir obras que tenham esse conteúdo. Não é ruim, não atrapalha e também não se basta. Se é um rótulo que ajuda as pessoas a acessarem esse conteúdo, ok, cumpre sua função. Mas, como autor, sou sempre a favor da história, a favor de que elas ofereçam uma boa trama, ofereçam uma reflexão acima de qualquer rótulo. "Corpo Condenado" é meu 12º texto para teatro. Apenas o segundo com personagens gays - o primeiro foi "A Visita". Já me perguntaram se eu continuarei escrevendo histórias com personagens gays, e sempre respondo que estou a favor da história, de como ela se manifesta e vou usar os personagens necessários para contá-la, sejam quais forem.

Ben Oliveira: O teatro, a literatura e a arte em geral tocam o público de diversas maneiras e proporcionam um ótimo exercício de se colocar no lugar do outro. Qual é a importância da representatividade dos personagens LGBTs? Contribui de alguma forma para diminuir o preconceito?

Alex Francisco: Sim, Ben, contribui, mas é em longo prazo. É pavoroso ainda ler notícias de pessoas que são mortas por causa de sua orientação sexual. Quando digo em longo prazo, é no sentido de, culturalmente promover essa reflexão. Há mais ou menos 15 anos, uma gay quando se assumia não tinha alguém como referência sobre a vida homossexual, não tinha uma literatura vasta sobre o assunto e também não tinha uma abertura maior para discutir isso em suas casas. Pense, quem lutou pela reflexão da vida gay naquele período, hoje colhe os frutos de pessoas que aceitam melhor o gay em seu lar, no trabalho, na vida social, há conquistas, poucas, mas há. Claro, que ainda temos quem alimente o preconceito, e vejo que a corrente LGBT atual está ajudando a criar uma geração - em longo prazo - mais tolerante. Ben, sempre me pergunto: há quem interessa a orientação sexual de uma pessoa? Será que não somos capazes de evoluir a ponto de não nos importarmos com o que o outro faz entre quatro paredes? Por que esse interesse em se sentir ultrajado pela intimidade do outro?

Leia: Resenha do livro A Visita – Alex Francisco

Ben Oliveira: Em 2013, você escreveu a peça teatral A Visita. Assim como Corpo Condenado, ela vai além do entretenimento e aperta algumas feridas, como a aceitação da sexualidade, seja do próprio indivíduo ou pela família, a religião e o amor. Como o espetáculo foi recebido? E como você vê esse papel da arte de provocar estranhamento e criticar?

Alex Francisco: "A Visita" foi recebida de maneira muito carinhosa, e isso me deixa muito feliz. As pessoas entenderam e torceram por aquele casal. É uma obra que, embora tenha o casal gay como foco central, chegou a heteros que me enviaram mensagens dizendo que não compreendiam como era a vida de um casal gay e que passaram a entender o quanto existe amor entre os iguais. Ben, isso me emociona até hoje! É um texto que podia ter sido rejeitado por diversos aspectos: autor independente e novato, temática homossexual e ser teatro. Pais assistiram a peça junto com seus filhos e nos disseram que queriam que o filho tivesse contato com esse universo para aprender a respeitar; jovens se identificaram com o drama do Tales. Enfim, acredito que a reflexão que propomos deu certo. E esse é o papel da arte: fazer refletir. Cada autor escolhe seu tom para criticar.
O dramaturgo Alex Francisco também atuou em sua peça A Visita. Foto: Divulgação A Visita.
Ben Oliveira: Alguma chance de A Visita ganhar nova montagem?

Alex Francisco: Não sei, rs... Mistério! Acredito que "A Visita" cumpriu sua missão, chegou a quem tinha que chegar. Complementando sua questão anterior: a reflexão proposta pela arte também precisa evoluir, dar passos, aprofundar.

Ben Oliveira: Você tem usado um blog para divulgar os bastidores da produção da peça Corpo Condenado e o Facebook para interagir com os leitores, convidar para o espetáculo e promover os livros. Compartilhe um pouco de como tem sido sua experiência com essas ferramentas?

Alex Francisco: Hoje, para um autor iniciante, é praticamente impossível não estar nas redes sociais, não mostrar seu processo de criação, não estar perto de quem acompanha sua arte. Sou um autor independente, então minha participação nas redes tende a ser mais ativa, tomo mais decisões sobre os conteúdos publicados por estar em contato o tempo todo com quem me lê. Faço questão de responder cada mensagem, de compartilhar cada passo do processo, do que está acontecendo. É mais quente e direta essa relação. Algumas ações da rede são feitas com a ajuda de parceiros, então troco e experimento o tempo todo ações como concursos culturais, imagens com provocações... Além disso, tem uma galera booktuber e que tem blog que é fundamental sempre que temos uma novidade, livro ou peça. Esses tenho no coração, pois sempre receberam as peças e os livros com carinho e nos dão espaço, se interessam pelos nossos conteúdos. É uma gratidão eterna.

Ben Oliveira: Há planos para publicação de novos livros e peças teatrais?

Alex Francisco: O dramaturgo continua trabalhando feito um louco, rs! Escrevo rigorosamente todo santo dia, e não pretendo parar, rs. Trabalho com planejamentos e eles são flexíveis, sempre a favor da história e sensíveis a que tipo de expressão artística ela funciona melhor. Tenho projetos para futuros livros, dessa vez com foco na literatura mesmo. E já tenho a peça do ano que vem que, por enquanto, não será publicada como livro.

Ben Oliveira: Quais dicas você deixaria para escritores e dramaturgos iniciantes?

Alex Francisco: Além de buscar conhecimento sobre a área, escrever e mostrar o que escreveu sempre, acreditar no que faz, entre outros, o essencial, na minha visão, é ter a mente aberta para entender as expressões artísticas. Hoje se vê uma crítica muito forte e um embate grande entre cinema, TV, livro e teatro e quem faz arte criticando maldosamente quem também faz arte. Arte não é exata. Para o futuro escritor, e me incluo nisso, é preciso ser crítico, mas, acima de tudo, analista. Então, procure refletir sobre as escolhas de um autor, porque determinada história tomou tal rumo, porque aquilo que está no cinema está diferente da TV, porque o teatro está mesclando linguagens. Busque, acima de tudo, entender a linguagem sob a ótica da narrativa. Analise a visão de diretores, de dramaturgos e roteiristas, compare com o que eles produziram, leia biografias, procure se informar de um contexto histórico, político, econômico e social de um autor, pois isso reflete muito no trabalho dele. Tenha em mente que, embora você não goste de determina expressão artística, ela tem uma verdade e atingiu alguém de alguma forma.

Assista ao teaser de Corpo Condenado:





Para ficar por dentro dos bastidores da peça Corpo Condenado, acesse: 
https://diariocorpocondenado.wordpress.com/. Curta também a página no Facebook: https://www.facebook.com/corpocondenado/

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Comentários

  1. " Pais assistiram a peça junto com seus filhos e nos disseram que queriam que o filho tivesse contato com esse universo para aprender a respeitar; jovens se identificaram com o drama do Tales"- acho que isso não tem preço né? Deve ser muito emocionante ver um livro seu ganhando vida, e o que é melhor, pelas suas próprias mãos e não sendo dirigido/produzido por terceiros. Já havia lido sobre o livro do Alex, deve ter sido aqui em seu blog mesmo e fico feliz pelo trabalho estar rendendo frutos. Ótima entrevista, cercou o Alex por todos os lados, rs. abraço,Ben.

    http://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Oi, Ronaldo!
      Obrigado pelo comentário. É sempre bom poder entrevistar autores queridos e conhecer mais sobre o processo de criação deles, bem como poder contar com as dicas deixadas para escritores iniciantes. Essa troca é muito interessante para mim... Espero que também seja para os leitores.
      Abraço!

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