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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Autismo no Profissão Repórter: Faltam representatividade feminina e autocrítica da saúde

Não ia falar, mas vou falar... Sobre o Profissão Repórter sobre Autismo (19/06):



Quando falamos de autismo, reportagens NUNCA vão ser completas, mas, muitas vezes, a mídia acaba servindo como instrumento político, quer ela esteja consciente disso ou não.

Cadê as meninas e mulheres no espectro autista? Os autistas com altas habilidades? A reportagem tem um tom bem cinzento. O espectro autista é muito complexo. Alguns autistas são mais invisíveis do que outros e não me refiro somente aos de graus severos, como reclamam tantas pessoas, mas à toda variedade do espectro autista, todas cores e sexualidades.

Muitas vezes, não mostram nem 1/3 da realidade do espectro, é o que acontece quando priorizam só um dos lados: familiares, profissionais e/ou autistas (estes últimos, geralmente ignorados na hora da produção da pauta). E eu entendo que dificilmente será possível acontecer uma representatividade que agrade a todos, afinal, dois autistas do mesmo grau podem ser completamente diferentes: o que é óbvio para mim, não é tão óbvio para o telespectador leigo.

Sobre o mito do autismo azul que ainda persiste, por exemplo... Existem mais meninos diagnosticados, pois muitos médicos são incapazes de diagnosticar meninas e mulheres que aprendem a camuflar/imitar outras pessoas. Não só médicos, como existem muitos psicólogos desatualizados no país que não sabem a diferença entre uma condição neurológica e um transtorno mental. Quem vai admitir na TV aberta essa falha de diagnósticos de autismo em meninas e mulheres, em vez de reforçar a negativa do autismo azul?

Os números/estatísticas do autismo só serão corrigidos quando investirem em melhor capacitação profissional em várias áreas profissionais. Poderiam fazer triagem e acompanhamento nos colégios, como existe nos Estados Unidos.

Focaram tanto em algumas dificuldades, que deixaram outras de lado. Falta autocrítica na área de saúde, falta reconhecimento de que há muita gente com conhecimento raso atuando com autistas, por isso há tanto conflito na hora de dar um diagnóstico ou de recomendar tratamentos, por exemplo.

Vejo comentários de pessoas desesperadas por diagnósticos semanalmente. Muita gente desamparada que foi atendida por profissionais que sabem o básico sobre autismo e tiveram vários diagnósticos antes de chegar ao correto.

Sobre os tratamentos, a matéria ficou bem superficial. Eu não sou contra o Canabidiol, mas acredito que são necessárias mais pesquisas e mais cautela. Acho perigoso tudo que vende esperança no mundo do autismo.

A história do autismo está repleta de tratamentos que não deram certos, mas se tornaram populares, inclusive, muitos tratamentos falsos (pseudotratamentos) se popularizaram assim, graças à mídia, ignorando as evidências científicas e explorando as emoções dos pais. Para ilustrar: Dietas sem glúten/restritivas (quando não há alergia/intolerância), homeopatia, oxigenioterapia, terapias com células-tronco, todos sem comprovação científica para autistas e com interesses financeiros.

A inclusão precisa melhorar? Com certeza. Mas vale lembrar:


As questões de inclusão vão muito além das escolas e salas de aulas despreparadas e, muitas vezes, começam nos consultórios com profissionais que não sabem orientar nem diagnosticar; começam nos cursos das áreas de saúde e respinga nos profissionais, muitos dos quais aprendem conhecimentos genéricos e desatualizados sobre autismo na graduação e repetem informações desatualizadas.

Se eu acho que a escola está preparada para receber autistas de todos graus? Não. Não do jeito que está. Se algum dia estará? Vai depender do investimento em profissionais, mas não acho que os problemas de inclusão são exclusivos da escola, é um problema complexo e multidisciplinar, em um país que ainda está bem atrasado na capacitação de profissionais.

O Brasil está um salve-se quem puder, mas o problema de inclusão não é só culpa das escolas ou da falta de acompanhantes. Disciplinas ATUALIZADAS sobre o espectro autista e cursos de atualização/reciclagem deveriam ser obrigatórios para os estudantes e profissionais de cursos de saúde e educação. Os diagnósticos de autismo no Brasil ainda não são acessíveis. Muitas pessoas ficam em uma demorada fila de espera, perdendo um tempo valioso.

Vale lembrar que também é necessário investir na educação/contexto social da família. Dependendo do grau, um autista que cresce em um lar com mais oportunidades para investir em tratamentos, escolarização e demais acompanhamentos pode ter muito mais chances de desenvolvimento do que um autista que cresce em um lar no qual os pais desconhecem a condição, não têm tantos conhecimentos científicos sobre o autismo e não têm acesso aos mesmos profissionais, terapias e recursos disponíveis.

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro, jornalista por formação e Asperger. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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