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Destaques

Sem talvez

Não havia talvez quando se tratava de pôr a própria saúde mental em primeiro lugar, especialmente quando o outro a estava negligenciando. Não havia talvez para continuar sustentando um relacionamento que não ia para frente, no qual o outro se negava a se responsabilizar e se colocava constantemente no papel de vítima. Não havia talvez quando você havia se transformado em uma espécie de terapeuta que tinha que ficar ouvindo reclamações e problemas constantes, se sentindo completamente drenado após cada interação. Já não havia espaço para o talvez. Talvez as coisas seriam diferentes se o outro tivesse o mesmo cuidado com a saúde mental que você tem. Talvez a fase ruim iria passar um dia. Talvez a pessoa ia parar de se pôr como vítima e começar a se responsabilizar. Eram muitos talvez que não tinha mais paciência para esperar. Então, não, já havia aguentado mais do que o suficiente. Não era responsável por lidar com os problemas do outro. Não era responsável por tentar levar leveza diante...

Prêmio Pulitzer 2021: Pandemia de Covid-19 como temática de três premiados de jornalismo

A cobertura jornalística da pandemia pode ser desafiadora, principalmente pela quantidade de sofrimento envolvida e de como é impossível não se deixar afetar de alguma forma pelo que se está se aprofundando, bem como sobre os riscos que vão além das chances de se infectar, mas de possíveis ataques verbais e físicos de negacionistas que ficam incomodados com o trabalho da imprensa.

Existe uma relação nem sempre visível para as pessoas entre democracia e pandemia. Em diferentes países, a imprensa foi atacada por políticos seja por questões ideológicas ou por quererem minimizar os impactos do Covid-19, contrariando a importância do uso das máscaras, do distanciamento social, do lockdown e da vacina – além, é claro, alguns oferecendo tratamentos sem comprovação científica para tentar tranquilizar a população, sem percebendo os riscos disso. 

Também há aqueles presidentes que tentam agradar seus eleitores que adoram fake news e teorias da conspiração, como ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro e odeiam quando são desmentidos pela mídia, tentando inverter a situação, fazendo parecer que os jornais que publicam desinformação e as informações corretas são aquelas duvidosas que circulam pelas mídias sociais e aplicativos de trocas de mensagens, como WhatsApp e Telegram.

Quando saiu a notícia de que os resultados do Prêmio Pulitzer 2021 foram divulgados, minha curiosidade foi maior de conferir de que maneira a temática da pandemia fez parte dos vencedores na categoria de jornalismo. 

Cobrindo este universo do Covid-19, foram três vencedores:

Um dos destaques foi para o jornal The New York Times na categoria Serviço Público, cujos finalistas foram ProPublica e The Courier-Journal. “Por uma cobertura corajosa, presciente e abrangente da pandemia de Coronavírus que expôs as desigualdades raciais e econômicas, falhas do governo nos Estados Unidos e além, e preencheu um vazio de dados que ajuda os governos locais, prestadores de saúde, empresas e indivíduos a estarem melhores preparados e protegidos”, diz o anúncio do Pulitzer.

Nascido na Malásia, o jornalista britânico Ed Yong da revista The Atlantic na categoria Reportagem Exploratória. “Por uma série de peças lúcidas e definitivas sobre a pandemia do Covid-19 que antecipou o curso da doença, sintetizou os complexos desafios enfrentados pelo país, iluminou falhas do governo dos Estados Unidos e forneceu contexto claro e acessível para os desafios científicos e humanos colocados”.

Na categoria Fotografia de Destaque venceu o fotojornalista espanhol Emilio Morenatti da agência de notícias internacional Associated Press. “Por uma série de fotos comoventes que levam os espectadores para a vida dos idosos na Espanha que lutam durante a pandemia do COVID-19”. Algumas das fotos podem ser conferidas no Twitter do fotógrafo.

O Prêmio Pulitzer existe desde 1917. Para os curiosos de plantão, no site deles é possível encontrar a lista de ganhadores de diferentes anos. Nas 21 categorias, em 20 delas os ganhadores recebem prêmio em dinheiro e certificado e somente um recebe uma medalha de ouro na categoria Serviço Público. Além das categorias jornalísticas, a tradicional premiação dos Estados Unidos também reconhece obras na categoria de literatura, teatro e música.

Confira a lista completa dos ganhadores do Prêmio Pulitzer 2021: https://www.pulitzer.org/prize-winners-by-year 

*Com informações do site oficial do Pulitzer

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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