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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

CPI da Pandemia: Quando Ignorar a Ciência Custa Milhares de Vidas

Nesta sexta-feira, 11 de junho de 2021, aconteceram dois dos depoimentos mais importantes da CPI da Pandemia, em termos de conhecimento científico. O Brasil e os senadores tiveram a oportunidade de acompanhar as falas da Doutora em Microbiologia, comunicadora científica e Diretora-presidente do Instituto Questão de Ciência, Natalia Pasternak e do médico sanitarista, especialista em políticas públicas e ex-presidente da Anvisa, Cláudio Maierovitch.

Desde o início da pandemia, muitos profissionais ficaram atentos sobre como o Ministério da Saúde estava lidando com as questões de saúde pública. O Brasil já foi exemplo de vacinação para o mundo, mas nos anos do Covid-19, o país tem visto sua imagem devastada a nível nacional e internacional, situação que aconteceu principalmente pelas péssimas escolhas feitas pelo Governo de Jair Bolsonaro.

Como é possível que ninguém estranhe tantas mudanças de Ministros da Saúde em menos de dois anos? Depois dos médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, Bolsonaro convidou o general Eduardo Pazuello que nem mesmo tinha experiência na área de saúde pública em plena pandemia e atualmente, conta com o médico Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde. 

No entanto, as polêmicas não pararam por aí: sendo uma das mais recentes, a decisão de não efetivação da médica Luana Araújo, que se mostrou mais do que capaz em sua participação na CPI da Pandemia por seus posicionamentos em defesa de se respeitar as evidências científicas e adoção de medidas não-farmacológicas para diminuir a circulação do vírus.

Orquestrando o caos e desesperado pelas Eleições 2022, mesmo o atual ministro Marcelo Queiroga tendo alertado que a Cloroquina não tem eficácia científica contra Covid-19 e defendendo o uso de máscaras, Jair Bolsonaro continua promovendo aglomerações, divulgando o inexistente tratamento precoce e levantando mais discussões irracionais sobre a suspensão do uso de máscaras, em um período em que o Brasil continua com os hospitais lotados e a quantidade de vacinação em relação à população ainda é baixíssima em relação a muitos países.

Bolsonaro fez muitas promessas aos seus apoiadores que é incapaz de cumprir. Se tivesse ouvido a Ciência, não teríamos perdido milhares de vidas e estaríamos entre os primeiros países livres do uso de máscara, pois os inúmeros acordos de vacinação foram negligenciados. De acordo com o senador Humberto Costa, a CPI da Pandemia também está jogando luz no que antes era só suspeita, de que há gente lucrando com a venda de Cloroquina, Ivermectina e outras substâncias, evidenciando que a preocupação não se dá necessariamente com a saúde da população, mas com um lobby.

Após dizer que pediria ao Marcelo Queiroga para flexibilizar o uso de máscaras para vacinados e pessoas que já foram infectadas por Covid-19, o posicionamento de Bolsonaro aumentou a rejeição dele, que já estava crescente por causa do atraso na vacinação e das posturas inadequadas na pandemia.

A CPI da Pandemia que está sendo acompanhada por milhares de brasileiros e tem sido foco não só da mídia tradicional, como de produtores de conteúdo, está fazendo com que a verdade fure as bolhas daqueles que já sabiam que os problemas de saúde pública relacionados ao Covid-19 no Brasil estavam relacionados à omissão e à ação planejada de incentivar métodos controversos, como a Imunidade de Rebanho Sem Vacinação, que não é recomendada por organizações de saúde do mundo todo.

Com o lema: “Não Tire a Máscara, Tire Bolsonaro”, milhares de brasileiros tomaram as redes sociais com fotos usando máscara, entre eles, jornalistas de diferentes veículos de comunicação, artistas, celebridades e políticos opositores à gestão da pandemia do governo Bolsonaro. Uma das autoras de um pedido coletivo de impeachment do Bolsonaro, Xuxa Meneghel publicou nos stories do Instagram uma imagem com a frase e pediu para que as pessoas assinassem também o pedido no site Vidas Brasileiras – já assinado por quase 800 mil brasileiros. 

Na fala de hoje, Natalia Pasternak e Cláudio Maierovitch responderam várias dúvidas que os senadores tinham sobre o assunto. Já havia dito aqui e repito: a importância da participação de especialistas na área científica na CPI da Pandemia se deve ao amplo acesso das informações, circulando para outras bolhas. Informação científica sobre a pandemia é algo que está além da polarização política direita-esquerda e estaria mais acessível, se o Brasil tivesse investido em divulgar informações claras para a população: mas o que se observa, é um trabalho coletivo feito por profissionais na internet para ajudar a combater o obscurantismo científico.

Os depoentes falaram sobre estudos que apontavam quantas mortes poderiam ser evitadas. Um deles realizado na Universidade Federal de Pelotas que se o governo tivesse assinado os acordos de vacinação na época em que foram oferecidos, cerca de 90 mil vidas poderiam ter sido salvas. Segundo estudo do Prof. Pedro Hallal, 3 em cada 4 mortes poderiam ter sido evitadas se as medidas sanitárias fossem respeitadas: cerca de 375 mil mortes, quando chegar a 500 mil mortes.

Lembrando que existem outros estudos no Brasil e pelo mundo que têm mapeado como ações como a de Bolsonaro e outras similares contribuíram para espalhar o vírus. Questionada sobre se os comportamentos e os discursos de Presidente influenciam na pandemia, Natalia Pasternak respondeu: “Pessoas mudam o seu comportamento de acordo com o que o Presidente faz ou fala […] Ele tem usado essa imagem e esse cargo de forma irresponsável e perigosa”.

Claudio Maierovitch falou sobre o Programa Nacional de Imunização: “Isso não é assunto para amador, para quem nunca fez isso na vida”. O médico criticou a falta de medidas tomadas para conter a pandemia e desconsideração de que o vírus circula pelo ar: “Não é possível a gente fazer coisas pela metade”. Suas falas escancaram o quanto muitos médicos e profissionais de saúde se posicionaram de forma antiética em relação à pandemia, minimizando os riscos do cuidado coletivo. 

O senador Alessandro Vieira chegou a pedir desculpas aos cientistas e aos brasileiros que estavam assistindo, já que muitos senadores continuavam defendendo tratamentos sem comprovação científica que nem são mais pauta em outros países, fazendo o debate girar em círculos e, de forma indireta, levando desinformação para quem pega o debate pela metade. Alessandro Vieira também disse que se a morte por omissão de uma vida já é crime, quem dirá de milhares de vidas e que “a conduta equivocada e criminosa persiste”.

Questionada sobre o número alto de mortes nos Estados Unidos, Natalia Pasternak lembrou que o número de hospitalizações e de mortes no país reduziu bastante após a vacinação e que antes, estava bem complicado (fazendo menção à mudança de postura na gestão da pandemia com a mudança do Governo Trump por Biden).

Outro destaque do dia foi a fala da Senadora Zenaide Maia, que também é médica. “Existe uma obsessão desse Governo de dar um jeito de legalizar esse tratamento precoce, que a gente sabe que não existe para quase nenhuma virose [...] Isso é muito grave”, afirmou. A senadora agradeceu aos participantes da CPI da Pandemia e disse que havia culpado e que não dava para negar, além de lembrar que o Governo não queria que a CPI acontecesse.

A Senadora Zenaide Maia também disse que Bolsonaro desmereceu os médicos ao dizer que as mortes por Covid-19 foram manipuladas. Ela também criticou a defesa da 'autonomia médica' quando se trata de tratamento sem comprovação científica, um dos argumentos que vêm sendo usado por aqueles que promovem a Cloroquina e Ivermectina contra o Covid-19.

“Hoje a CPI está promovendo um encontro entre a Ciência e a Política”, disse a senadora Simone Tebet. É importante observar que para defender o governo Bolsonaro, alguns senadores insistem em levar dados incorretos defendendo tratamentos sem comprovação científica, tentando alegar que isso diminuiu o número de mortes em algumas cidades do país. Os senadores têm lembrado constantemente que a preocupação com a CPI é com a verdade, não necessariamente com politização ou Eleições 2022, como alguns deles tentam alegar para desviar o foco.

Uma aula de Ciência em rede nacional, que ultrapassa as barreiras da TV Senado e se expande para as diferentes mídias sociais. A CPI da Pandemia tem servido como um antídoto contra as fake news do Covid-19 no Brasil, já que do mesmo modo que as informações falsas viajam na velocidade da luz, o interesse por informações sérias e pela verdade sobre as ações e as omissões do governo e possível responsabilização têm deixado milhares de brasileiros ansiosos para saber como termina essa história, desejando que não termine em pizza. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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