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Destaques

Às vezes...

Tudo o que nunca fomos. Tudo o que nunca seríamos. Tudo o que não éramos. Havia um espaço dentro de mim que não poderia ser preenchido por todas palavras que representávamos um para o outro. Ia, então, se soltando lentamente, de quem havia se soltado de forma brusca. Ia dando tempo ao tempo e espaço para as coisas voltarem ao eixo. Escrevia para lembrar, escrevia para esquecer. Esquecer o quê? Nunca tinham passado de dois personagens cujas histórias jamais se cruzariam. Sequer poderiam ser definidos como colegas ou amigos, tampouco eram amores. Eram quase alguma coisa e nesse mundo de indefinições, às vezes era melhor não saber. Perdeu a conta de quantos dias o outro havia ficado sem responder. Perdeu a conta de quanto tempo havia se passado. De quando limites foram cruzados e quando promessas foram quebradas. Escrevia para dizer que a dor também fazia parte do processo de se sentir vivo. Escrevia para nomear as emoções e encontrar clareza em um universo de indefinições. Escrevia para ...

Resenha: Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos – Zygmunt Bauman

Comecei a ler hoje o livro Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos, escrito pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, e não consegui mais parar de ler. Na obra o autor trata sobre o amor líquido e as inseguranças dos relaciomanentos nos tempos atuais.

Segundo o sociólogo, os homens não têm mais mais vínculos e sentem a necessidade de se conectarem com outros indivíduos, porém ao mesmo tempo em que tentam se prender, estes laços são "frouxamente atados" para que eles possam ser desfeitos quando o cenário mudar.

Bauman explica que os seres humanos estão desesperados para relacionar-se, mas ficam desconfiados de estarem ligados, principalmente quando se trata de algo "permanentemente", pois podem trazer tensões desnecessárias. "Em nosso mundo de furiosa “individualização”, os relacionamentos são bênçãos ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como determinar quando um se transforma no outro" (BAUMAN, 2004).

Ainda de acordo com Bauman, os relacionamentos são uns dos principais motivos de procura por aconselhamento. As pessoas procuram encontrar soluções mágicas, como aproveitar os bons momentos evitando os tempos amargos, como descreve o sociólogo: "comer o bolo e ao mesmo tempo conservá-lo" (BAUMAN, 2004). Estes aconselhamentos também são vistos nos jornais quando as pessoas escrevem pedindo a opinião de especialistas, e as pessoas aprendem com a experiência de outros leitores. Só que para o sociólogo, às vezes, essas opiniões mais atrapalham do que ajudam.

Sobre a questão dos relacionamentos no mundo moderno líquido, o sociólogo Zygmunt Bauman deixa uma reflexão a respeito se as pessoas realmente querem o que dizem - estabelecerem um relacionamento ou querem saber como terminá-lo sem dor e com a consciência limpa?

Nos tempos atuais, o termo "relacionar-se" foi substituído por "conectar-se" e tal qual aparecem numa velocidade crescente e em volume maior, e caso algo dê errado, a pessoa tem sempre a opção de 'deletar' esses relacionamento.

Entender e refletir sobre a pós-modernidade e suas consequências nos relacionamentos é importante tanto como profissional da imprensa, quanto como pessoa. O livro de Zygmunt Bauman orienta o ser humano em tempos perdidos a encontrar respostas para perguntas não feitas, mas necessárias.

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