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Destaques

Sobre Reler Livros

Reler um livro era como tocar um tecido que você já usou várias vezes, como se fosse pela primeira vez. A textura parecia diferente; o cheiro não era o mesmo; Era impossível não imaginar na palavra que circulava pela mente: diferente.  E por que esperar pelo impossível igual? O leitor não era o mesmo. Um intervalo de tempo considerável havia se passado. O personagem que costumava ser o favorito talvez agora seja outro. O texto que escreveria a respeito do livro talvez jamais fosse igual. Era um diferente leitor, um diferente livro, uma diferente interpretação. Ler pelo mero prazer era diferente de ler pensando na resenha que escreveria em seguida. Escolher o livro de forma aleatória era diferente de já tê-lo em mente. Reler era diferente de ler, mas sobretudo, era uma nova forma de leitura: os detalhes que antes não chamavam a atenção, agora pareciam brilhar nas páginas. Não estava no mesmo lugar em que estava quando o leu pela primeira vez. Sua pele não era a mesma, tampouco seu céreb

Relacionamentos Contemporâneos

Para entender os relacionamentos contemporâneos é preciso entender um pouco sobre a adolescência e a sociedade brasileira. À procura de mais informações sobre o assunto, encontrei o seguinte artigo na internet: "O “ficar” na adolescência e paradigmas de relacionamento amoroso da contemporaneidade", escrito pelo psicólogo e Doutor em Psicologia Social, José Sterza Justo, divulgado na Revista do Departamento de Psicologia - UFF, v. 17 - nº 1, p. 61-77, Jan./Jun. 2005.

No artigo o psicólogo levanta alguns pontos sobre a adolescência, como as crises afetivas, emocionais, de identidade e valores, entre outras percorridas durante essa fase. Ainda segundo o autor, estas crises podem ser consideradas positivas pois contribuem com a melhoria e dinamização do sujeito.

Após descrever as mudanças da adolescência e sua importância na formação do sujeito, José Sterza Justo propõe reflexões sobre os relacionamentos afetivos e amorosos na adolescência, o que me fez pensar se esta fase realmente está relacionada à idade ou se algumas pessoas seriam eternos adolescentes.

Segundo o psicólogo, a cultura brasileira valoriza a adolescência e as novidades e mudanças, alguns atrativos deste período da vida, diferente de outros países onde são cultivados a memória social e os idosos. Entre as características da cultura do Brasil citadas pelo autor estão o progresso, dinamismo, sensualidade, afetividade, prazer e migração. "Uma simples ronda por uma cidade revelará a presença maciça dos jovens nos espaços públicos. A cidade é dos jovens, diferentemente do acontece em muitos outros países", comenta o autor.

As consequências desta valorização são a instabilidade e a cultura do descarte. Da mesma forma que os objetos são criados pensados em seu descarte e abandono e a conservação é uma espécie de castigo, estas atitudes são incorporadas nos relacionamentos.  "Tal disposição psicológica para o descarte estrutura-se no plano emocional afetivo orientador das relações do sujeito com as coisas do seu mundo, incluindo aí, principalmente, as outras pessoas como os principais objetos de suas relações e visadas do seu desejo", explica .

Características bastante presentes na sociedade atual, a efemeridade, o imediatismo, a cultura do descartável e o consumismo são percebidos nos relacionamentos amorosos contemporâneos. A família, relacionamentos tradicionais e vínculos amorosos são transformados e tornam-se fluídos, breves, instantâneos, instáveis perdendo as noções de solidez,  amor e casamento eternos. Para Bauman, a sexualidade ganha força. Se antes a sexualidade fazia parte de um projeto de vida e relacionamento, hoje as pessoas buscam o próprio prazer sexual, são cada vez mais hedonistas. Buscando tantos prazeres instantâneos, as pessoas acabam se tornando "colecionadores de sensações", como define o sociólogo.

De acordo com o psicólogo, os vínculos duradouros, a aproximação entre as pessoas e o projeto futuro perdem lugar para as relações abreviadas: "voltadas para a satisfação de necessidades e desejos imediatos, sem compromissos que ultrapassem o momento da relação". Além de começarem e acabarem cada vez mais rápidas, as relações se renovam e multiplicam constantemente. Segundo o psicólogo, a palavra "ficar" ganha mais destaque e está relacionada aos relacionamentos passageiros, superficiais e sem envolvimentos profundos, que duram enquanto o encontro durar. Mais do que um passatempo ou simples diversão, o "ficar" também pode ser visto como exploratório e um contato que poderia levar ao namoro, apesar de na maioria dos casos se comportar como: "um “estar junto” que se esgota em si mesmo sem produzir outros desdobramentos", explica José Sterza Justo.

"É bom “ficar” mas a falta de uma perspectiva de futuro produz uma sensação de desamparo e insegurança; é bom namorar e casar, mas a vida fica muito limitada e pesada pelos compromissos assumidos, encargos domésticos e dificuldades na convivência diária – o preço a pagar pela segurança e pela confiança", argumenta o psicólogo José Sterza Justo.

As transformações da sociedade trouxeram a ideia de liberdade, mas também a de dispersão, entre outros pontos, refletidos nos relacionamentos contemporâneos.

Leia o artigo na íntegra: http://www.scielo.br/pdf/rdpsi/v17n1/v17n1a05.pdf.

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Comentários

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