*Texto: Ben Oliveira
O Livro e a Leitura na Era Digital foram tema da oficina realizada na noite desta quinta-feira, 26 de setembro de 2013, na 14ª edição do
PROLER – Encontro do Programa do Livro e da Leitura, em Campo Grande (MS), na
Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaías Paim, dentro do Memorial da Cultura.
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Professores debaterem com participantes da oficina sobre as práticas do ensino e da leitura na era digital. Foto: Ben Oliveira. |
Ministrada pelos professores
Orlando de Almeida Filho, do Instituto de Ensino Superior da Funlec – IESF e
Rose Cristiani Liston, da IESF e da Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, a oficina abordou as
transformações tecnológicas, o contexto da sociedade, o
livro digital e a necessidade de adequação dos professores para educarem os seus alunos. “A ideia é fazer um diálogo provocativo dos nossos leitores e das ferramentas”, informou Orlando Filho.
Revoluções da Leitura
Orlando Filho falou sobre duas revoluções na leitura, a
Revolução do Livro de Gutenberg e a
Revolução Digital, ambas responsáveis por modificar o modo de produção e o modo de reprodução dos textos. “No ambiente digital, o leitor é ao mesmo tempo autor, editor e crítico. Cria-se uma nova dinâmica de interação entre os sujeitos... Há um movimento que precisamos trazer para o debate”, afirma.
Durante a oficina foi feito um resgate histórico comentando a importância da invenção da prensa por Gutenberg, possibilitando a reprodução em escala maior e barateamento dos custos dos livros, contribuindo com o seu acesso até os dias atuais, em que é possível encontrar livros eletrônicos e viajar pelos seus diversos links, através de imagens, vídeos, áudios, dicionários, comentários. “Eu saio de uma leitura, vou para outra e volto. O ambiente web te dá este caminho”, comenta.
De acordo com os professores, enquanto o modelo de leitura linear era dominante após a revolução de Gutenberg, com a revolução digital o destaque é a leitura não-linear. “O livro no formato impresso e a própria escrita são tecnologias. É preciso romper com este modelo determinista que diz que tecnologia é somente computador”, ressaltam.
Revolução dos Ebooks
Com a possibilidade de qualquer pessoa se tornar autor, editor e distribuidor dos seus próprios livros, os professores Orlando Filho e Rose Liston acreditam que é importante questionar a qualidade desses textos digitais, da mesma maneira que falta rigor editorial em materiais do meio impresso.
“Quem é o leitor na era digital?”, questionam os professores na oficina. A autora e pesquisada Santaella foi citada, definindo três tipos de leitores: o leitor contemplativo (individual, silencioso), o leitor movente (adaptado ao ritmo dos centros urbanos movimentados) e o leitor imersivo (interage com os links).
A professora Rose Liston perguntou se os professores estão preparados para trabalhar com os alunos utilizando estas novas tecnologias. A Revolução dos Ebooks (eletronic books ou livros eletrônicos), por exemplo, pode ser usada para ajudar na democratização do acesso à leitura, com livros e documentos importantes a um clique. Entre as funcionalidades dos leitores de ebooks estão: marcadores de páginas, ajuste de fonte, controle de brilho, dicionário, busca por palavras ou frases, grande capacidade de armazenamento e peso leve.
Metodologias de Ensino recicladas
Segundo Rose, algumas questões ainda precisam ser discutidas como o acesso, direitos autorais, aspectos culturais e a pirataria. Com estas facilidades proporcionadas pela digitalização de livros, os professores precisam saber como encantar os alunos e incentivar a leitura. “As pessoas estão baixando os livros, mas será que elas estão lendo?”, reflete. Projetos de bibliotecas virtuais em que os professores e alunos podem fazer o
download gratuito de e-books foram citados, como o Projeto Gutenberg, o Google Books e o Projeto Brasiliana (USP). “Como trabalhar com o aluno as duas vertentes: o livro impresso e o livro digital? É preciso repensar nossas metodologias”, justifica.
As tecnologias digitais trouxeram transformações no cotidiano e nos ambientes escolares, exigindo
novas formas de comunicação e informação e diferentes práticas de leitura e escrita. O pesquisador
Pierre Levy é citado: “É preciso constituir conhecimento e criar soluções inovadoras”.
As crianças de hoje em dia são nativos digitais e aprendem fazendo, através da interação, cooperação e exploração. Para entendê-las, os professores argumentam que é preciso repensar as práticas e inovar. “As crianças podem criar blogs, páginas na internet, entrar em sala de bate-papo e interagir no mundo virtual”. A professora Rose Liston diz que também é necessário entender a cultura. Enquanto nas escolas do Canada as crianças usam a tecnologia para o letramento digital (ensino), no Brasil elas usam para o uso de redes sociais e mesmo no ambiente escolar, os alunos querem escrever como se estivessem no Facebook.
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