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Destaques

Deixava ir

Nem tudo precisava ser dito. Havia algo mágico em não dizer. Longe de ser um último ato de covardia, era um auto de libertação. Tinha aprendido a dizer não só longo do ano. Tinha aprendido que nem sempre precisavam ceder. Tinha aprendido que duas coisas did poderiam ser verdades e não precisava se pressionar. Estaria mentindo se dissesse que não sentia saudade, mas também sabia que era algo unilateral. Enquanto um se silenciava para o outro, o outro continuava buscando, então, para equilibrar, decidira fazer o mesmo. Foi somente quando deixou de ir atrás que começou a sentir o respeito voltar aos poucos. Foi ao aceitar que eram tão diferentes que qualquer afeto que havia entre os dois não importava. Foi deixando tudo ir, na esperança de não estragar o próprio fim de ano. Um ano era mais do que o suficiente para conversar. Mas de um jeito ou de outro, se evitaram. E as coisas foram se acumulando. Foi ao deixar o outro finalmente livre que poderia sentir a própria liberdade. Deixar ir ti...

O Desafio Diário de Escrever

Dizem que escritores precisam conversar com outros escritores. Tenho colegas que apesar de escreverem bem, lidam com o desafio de se tornarem escritores profissionais. Juntos conversamos sobre nossas angústias, bloqueios criativos, recomendamos leituras de livros sobre criação literária e literatura, enfim, desabafamos sobre nossas rotinas.

Esta semana ao conversar com um colega, vi que sempre lutávamos com o mesmo conflito: a dificuldade de escrever diariamente e incorporar a prática à nossa rotina.

– Como anda a escrita? – perguntei.

– Parada e a sua?

– Às vezes bem, mas no momento com bloqueio também.

O diálogo não foi exatamente assim, mas poderia ter sido. Não sei dizer quantas vezes tivemos aquela conversa e para falar a verdade, apesar de repetitiva, as respostas nunca são as mesmas e é como se no momento em que eu o aconselho, na verdade, estou me aconselhando, e vice-versa. Projetamos nossas frustrações, medos, incertezas e no fim do bate-papo me sinto mais leve e pronto para seguir em frente.

– Estou pensando em viajar. – ele disse.

– Ótimo! Tenho certeza de que vai ajudar na sua escrita.

– Eu vim para cá para escrever, mas há tantas coisas para fazer, lugares para conhecer, que estou sentindo mais a cidade do que escrevendo. Preciso escrever textos literários diariamente.

Concordei com ele. Ambos temos blogs e, às vezes, contamos nossas rotinas ou escrevemos artigos, mas não é o que propomos a fazer ao se aventura pelo caminho da escrita.

– Sabe – disse para ele – você não precisa se preocupar tanto. Você tem todo o conhecimento sobre escrita que precisa, seja dos livros ou dos cursos. O que você precisa fazer é escrever. Se não consegue em um horário fixo, pois que seja de manhã em um dia, à tarde ou à noite no outro. O importante é escrever.

– Estou precisando viajar.

– Sei que será ruim atualizar o blog na viagem, mas se puder, escreva um diário de bordo e poste quando voltar ou tiver tempo.

– Esta é a ideia!

– Ótimo! Por que aprendo com suas aventuras como se elas fossem minhas.

Nos despedimos e mesmo sem saber quando nos falaremos novamente, sei que enfrentaremos a procrastinação e os bloqueios, uma batalha diária na vida de escritores iniciantes, que mesmo tendo uma boa bagagem cultural e conhecimentos sobre escrita, se escondem atrás dos livros e cursos, deixando de lado o que deveriam estar fazendo: escrevendo.

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