Algumas viagens são mais transformadoras do que outras, mas todas acabam nos levando a descobrir coisas sobre nós mesmos que permaneciam no escuro. Quando o viajante decide seguir uma jornada em busca de si mesmo e dos mistérios da vida, muitas experiências transformadoras se revelam. Em seu livro
21 Dias nos Confins do Mundo, publicado pelo selo
Novos Talentos da Literatura Brasileira (Editora Novo Século), o escritor
Henry Jenné narrou uma história de ficção misturada com fatos reais sobre a sociedade da Terra do Fogo, em seu roteiro pela América do Sul.
Na apresentação do livro, Henry Jenné compartilha com o leitor sobre o seu desejo de ajudar as pessoas e como surgiu essa experiência de vivenciar sua
jornada de autodescoberta: “Eu queria um caminho novo, no qual eu pudesse ter certa segurança e que me possibilitasse experimentar aquilo que eu considerava ser o mais importante da experiência: provar a solidão absoluta e a minha capacidade de seguir em frente independentemente das situações que viessem a ocorrer naturalmente e, acima de tudo, pôr em prova a minha fé e realizar o meu encontro com Deus”.
“Nosso caminho neste mundo deve ser semelhante ao rio, capaz de desviar-se ou mudar de direção quantas vezes forem necessárias, porém não esquecendo jamais que nossa natureza é imutável. O curso do rio pode ser comparado ao caminho, e seu destino é fruto ou resultado das escolhas pelos locais por onde ele decidiu passar, desde o seu nascimento no alto das montanhas até a sua morte no mar”.
Narrado em primeira pessoa pelo protagonista, a história funde as experiências pessoais do autor com elementos da ficção. Assim como muitos personagens religiosos se aventuraram por suas travessias em desertos, Henry Jenné ouviu o seu próprio chamado e após pesquisar sobre diferentes regiões do mundo, ele acabou escolhendo pelo extremo sul da América, cruzando a região da Terra do Fogo (Patagônia, Argentina e Chilena), próximo ao lugar conhecido como Fim do Mundo. Durante sua jornada, o autor relata que aproveitou para
meditar e refletir todos os dias.
O autor explora a história e geografia da Terra do Fogo e narra sua aventura, desde o dia inicial de sua jornada, em que ele saiu do aeroporto de Santa Catarina em direção ao
sul da América até as pessoas e situações que vão cruzando seu caminho e os aprendizados obtidos com os elementos universais. Passando por caminhos sagrados, a história vai além da narrativa de viagem e acaba se deixando levar pela fantasia, misticismo e pela força dos mitos.
“As estrelas também sempre representaram um papel real ou imaginário para alguns povos, e de alguma forma sempre nos ajudaram a marcar o tempo, os eventos mais importantes na terra e no universo, e até mesmo o nosso papel e destino no mundo e o universo”
Henry Jenné escreveu um livro daqueles que nos faz refletir, principalmente, quando nos sentimos desconectados de nós mesmos. Toda viagem é um chamado ao desconhecido e quando nos dispomos a sair de nossa zona de conforto, tudo pode acontecer. Entre narrativas históricas e fantásticas, o autor se envolve com um povo e seus mistérios, em um encontro consigo mesmo e com o universo. Em um mundo em que a relação com o ser e a natureza tem estado cada vez mais distante e as relações tecnológicas e materiais são hipervalorizadas, o peregrino nos lembra sobre a paz que encontramos nas coisas simples da vida, da
magia universal e de se conectar com sua própria verdade.
21 Dias nos Confins do Mundo é uma dessas leituras que a gente termina de ler e fica com aquela vontade de sair viajando por aí. É bem interessante como os conceitos que o narrador-personagem vai aprendendo são trabalhados dentro da narrativa, como a circularidade, as fronteiras entre a imaginação, sonhos, espiritualidade e folclore, bem como a deliciosa sensação de desafiar os próprios limites e acompanhar as transformações ao longo do trajeto – a cada desafio e aprendizado, nos sentimos, como o protagonista, tão próximo do povo da sociedade secreta da Terra do Fogo. Uma leitura revigorante, como uma boa viagem deve ser.
“Assim é a vida, sempre em movimentos circulares, mas numa única direção. Não importa se estamos em cima ou embaixo, nada é definitivo […] a não ser o próprio movimento e a sua direção”
Sobre o autor – Henry Jenné da Costa Junior nasceu em Itajaí (SC) e morou a maior parte de sua vida em Balneário Camboriú. Formado em Administração, cursou MBA em Internacionalização de Empresas pela Universidade do Vale Itajaí, com módulo internacional na Universidad Argentina de La Empresa (Buenos Aires), e estudou inglês por um ano nos EUA. Na área administrativa, trabalhou em grandes empresas brasileiras até 2009, quando ingressou como servidor de carreira no governo do estado de Santa Catarina, passando a morar em Florianópolis. Entre 2003 e 2007 ingressou na área de comunicação e artes, estudando teatro com foco em televisão e publicando uma série de artigos em jornais e revistas relacionados à administração. Em 2015 retornou a Balneário Camboriú e decidiu abdicar da carreira de administrador para dedicar-se integralmente à arte e à literatura. 21 Dias nos Confins do Mundo é o primeiro fruto dessa nova fase. Conheça o site do autor:
http://henryjenne.com.br/
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