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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Amazon oferece novas ferramentas para escritores independentes

O Kindle Direct Publishing, serviço de publicação de livros digitais e impressos da Amazon lançou um novo painel de relatórios esta semana. Agora, além de destacar as unidades pagas (ebooks), unidades gratuitas (ebooks) e unidades pagas enviadas de livros impressos (paperbacks), o painel está mais visual e fácil de usar, mostrando também o histórico de vendas desde o lançamento dos livros até a guia de campanhas publicitárias – serviço ainda sem previsão de lançamento no Brasil, que permite ao autor pagar por anúncios de livros.


O serviço chamado Amazon Marketing Services (AMS) ainda não está disponível na Amazon brasileira. Por enquanto, os anúncios estão disponíveis somente para livros em inglês publicados na Amazon norte-americana. Se você é autor independente e tem um ebook publicado em inglês, poderá participar, já que é possível disponibilizar o livro digital em lojas de vários países (market places).

Para quem ficou curioso, a Amazon disponibilizou um guia de Políticas do Kindle de aprovação de conteúdo criativo para anúncios.  Antes de se inscrever no serviço, é preciso ler o guia, pois existem inúmeras restrições, como o de imagens sexualmente sugestivas, violência e armas.

Já está familiarizado com plataformas de anúncios? O diferencial da Amazon está no público-alvo. São dois tipos de anúncios: anúncios de produtos patrocinados (relacionados às palavras-chaves, exibindo nos resultados de pesquisa e páginas de detalhes) ou anúncios destacados de produtos (relacionados aos produtos e/ou ao interesse de leitura do cliente). O autor poderá selecionar o orçamento de custo por clique ou o orçamento de execução da campanha.

Fiquei curioso para saber se o serviço estará disponível no Brasil. Funcionalidades como essa podem ser mais válidas do que anúncios fora da plataforma, principalmente por chegar a um leitor potencial que já está navegando no site e/ou usando o Kindle. Quem já anunciou, sabe que nem sempre os resultados são certeiros, mesmo com a possibilidade de segmentação e seleção de público-alvo. Anunciar para quem está familiarizado com a leitura de eBooks, por exemplo, seria mais efetivo do que para quem gosta de ler, mas pode preferir livros impressos.

Aos poucos a Amazon está expandindo seus serviços no país. Há alguns meses foi anunciada a opção de impressão de livros de capa comum (paperback) através do KDP, um diferencial, já que o serviço antes era oferecido pela empresa, mas o autor ou editora precisava criar outra conta. Agora, com o KDP Print, os relatórios são mostrados juntos, assim como o pagamento. Antes, o autor precisava juntar no mínimo 100 dólares para ser pago, com o KDP, não há valor mínimo e o pagamento de royalties é feito 60 dias após o final de cada cada mês por todas as vendas realizadas por você naquele mês.



Para quem tem curiosidade em aprender mais e sabe ler em inglês, a Amazon tem uma página com vários livros sobre escrita, marketing para autores e conselhos de negócios, além disso, ela lançou o Amazon Author Insights, ainda em fase Beta, um recurso para escritores em diferentes estágios de sua carreira, que conta com artigos e dicas de autores de sucesso, especialistas e a equipe da Amazon, focado na escrita, publicação e marketing. Empresas que trabalham em sinergia com os parceiros tendem a colher melhores resultados. Não basta dar o espaço, mas dar orientações de como tirar o melhor das experiências: os dois lados saem ganhando.

Apesar das polêmicas com livrarias e editoras em relação aos preços, quando se trata do mercado para autor independente, a Amazon tem despontado. O diferencial da varejista vai muito além do preço, eles sabem como usar os dados para oferecer aos leitores o que eles estão procurando através de ferramentas de descobertabilidade: palavras-chave, diferentes formatos (ebooks, impressos e audiobooks), categorias e sub-categorias, ranking.

A Amazon tem tudo para crescer no Brasil. A concorrência é boa, pois ajuda o mercado a se movimentar como um todo. O número de autores que têm se profissionalizado e só começaram a cuidar das próprias carreiras após o KDP só aumenta com o passar dos anos, já que entre o mercado tradicional fechado, o qual alguns autores levam anos tentando entrar, dando um tiro no escuro, e algumas prestadoras de serviços editoriais que fazem promessas que não conseguem cumprir aos autores e apresentam problemas no pagamento de royalties, o Kindle Direct Publishing se destacou por causa da transparência, praticidade e inúmeros serviços que ainda faltam ser implementados, mas podem ajudar os autores a disponibilizarem diferentes formatos de seus livros e distribuição (recentemente a loja disponibilizou o Market Place para quem quiser vender livros novos e usados).

A pressão da Amazon é positiva. O mercado editorial precisa acompanhar as mudanças promovidas em tempos digitais. O marketing de alguns autores e editoras ainda não foi adaptado para os novos modelos, enquanto outras editoras tem como grande diferencial um marketing digital consistente, como o da DarkSide Books que tem um tamanho bem menor do que muitas editoras, mas sabe como jogar os dados – ótimo case de sucesso, não só por ter um conceito tão definido que agradou ao público, seus projetos gráficos lindos e ousados títulos, como por estar apostando na publicação de livros que estavam esgotados e esquecidos por outras editoras. Há muitos dados que não são aproveitados que podem fazer toda diferença na hora de planejar campanhas de marketing, bem como a necessidade de abertura para novos autores: um contraste gigantesco da realidade do nosso mercado com o cenário internacional. Poucos escritores brasileiros contemporâneos são valorizados e conseguem se dedicar às carreiras.

Lembrando que recentemente a empresa anunciou a Amazon Charts, sua lista de livros mais vendidos e mais lidos semanal. Um dos diferenciais é oferecer a pluralidade. Listas de best-sellers, muitas vezes, são alteradas de acordo com critérios editoriais – o que significa que alguns livros podem estar entre os mais vendidos e não entrarem na lista, caso o grupo por trás não deseje colocar. Outro ponto é que essas listas são feitas de acordo com os números de vendas que representam uma amostra e não incluem diferentes pontos de venda. Então, já que as listas são tão imparciais, quanto mais opções, melhor.


Para autores independentes de várias plataformas de publicação, por exemplo, mesmo que eles sejam realmente best-sellers, como seus livros muitas vezes não estão disponíveis em algumas livrarias físicas e não são todas lojas online que vendem livros independentes, dificilmente eles entram nessas listas. Muitas vezes, esses escritores são invisíveis em listas, mas tem um forte base de leitores. Os critérios nem sempre são muito claros. Segundo um artigo escrito pelo especialista em marketing de livros, Tim Grahl, no qual ele explora o lado bom e o sombrio das listas de obras mais vendidas, mesmo o autor independente Hugh Howey tendo vendido 50 mil exemplares do seu livro Legado (Dust), o livro ficou em 7º lugar na lista de best-sellers do New York Times, atrás de vários livros que tinham vendido menos. Segundo um artigo de Charlotte Reber, o New York Times recentemente removeu novelas gráficas, histórias em quadrinho e mangás de sua lista de mais vendidos. Enquanto algumas empresas continuam fechando para portas para alguns gêneros, outras acolhem e reconhecem seu sucesso diante do público. Nos últimos dias, a Amazon brasileira divulgou sua lista de mais vendidos do mês de maio e além da categoria de ficção e não ficção, a loja também englobou as histórias em quadrinho em uma lista própria. Claramente, a crescente importância da Amazon não se deve somente aos preços, mas ao seu posicionamento.

Passou o tempo em que o mercado era completamente fechado e muitos autores morriam anônimos. Quantos escritores que tiveram seus livros desprezados, hoje em dia são considerados clássicos da literatura ou se destacam em suas temáticas, embora quando estavam vivos, as convenções sociais e as dificuldades de se sustentar financeiramente tornaram impossível para eles? Hoje em dia, autores podem dizer não, quando suas obras não são levadas a sério como deveriam. No Brasil, o mercado tradicional ainda é forte e apreciado. Livros publicados por editoras têm mais chance de serem notados por leitores, pois são os que circulam em livrarias, mas no ambiente online os eBooks têm dado espaço para autores nacionais independentes. O consumo de livros digitais ainda é baixo em relação ao de impressos, mas muitos escritores têm conseguido entrar na lista de mais vendidos, muitas vezes, trabalhando de forma independente e se conectando com os leitores. Apesar da queda nos últimos anos, nada impede de que a maré não volte a subir e ainda assim, não faria tanta diferença para a empresa, já que agora elas estão facilitando para os autores, fornecendo a possibilidade de publicação por demanda, entre outros serviços.

Depois do lançamento do seu streaming de vídeo no Brasil, Amazon Prime Video, entre as próximas apostas da empresa está o Audible, sua plataforma de audiobooks. O consumo de audiolivros está crescendo no mundo e as editoras e autores que disponibilizam diferentes formatos conseguem agradar diferentes públicos. A empresa da Amazon já ofereceu mais de 200 mil audiobooks, compatíveis que centenas de aparelhos móveis, como iPhone e smartphones com Android.

A internet tem movimentado a indústria do entretenimento e ajudado a abrir portas para muitos artistas que por faltas de recursos financeiros, indicações e oportunidades não fariam sucesso. Assim como o Youtube movimentou não só o mercado dos influenciadores digitais, mas também serviu como lar para músicos que começaram gravando covers de artistas famosos, até lançarem suas próprias músicas ou como deu popularidade para diretores de cinema independentes e os alçaram até Hollywood. Plataformas como Netflix, Wattpad e Spotify também estão sendo ajudadas com a disseminação de diferentes conteúdos e ampliando o alcance de produções que tradicionalmente não teriam espaço. Os se passaram, mas alguns preconceitos ainda continuam dentro do universo literário, musical e cinematográfico. Empresas que acolhem a diversidade e mudanças têm se beneficiado, enquanto outras correm o risco de fechar. Aqueles que culpam as fragilidade do mercado, quase nunca voltam o olhar para si mesmo.

Em tempos de mudanças, é preciso estar atento às novidades e saber acompanhar os movimentos do mercado. A resistência e a incapacidade de adaptação têm matado negócios. Os problemas vão além de questões financeiras, mas de como as empresas e profissionais se posicionam sem ter uma estratégia inteligente. Os eBooks não vão matar os impressos, mas serviram para chacoalhar o mercado e ver que existem muitas possibilidades ignoradas. As convenções não aprenderam muito com a história e os ciclos continuam se repetindo. Há uma legião de autores brasileiros só esperando pelas novidades e uma possível parceria da Amazon com gráficas brasileiras, por exemplo, por que sabem que não vão entrar tão cedo ou nunca vão entrar em editoras tradicionais, assim como existem autores independentes internacionais, que mesmo após se tornarem best-sellers mundiais, não abrem mão da liberdade – vai além das questões financeiras, até por que de forma independente muitos ganham mais royalties do que autores tradicionais, mas de conhecer o que é melhor para suas carreiras. Espaços que costumavam ser fechados agora passam a ser ocupados. O que é visto como gastos para alguns, para outros, é investimento. Em um mercado de incertezas, é preciso coragem para saltar e abrir as asas, sem medo de apostar em diferentes estratégias em vez de repetir velhas fórmulas que já estão gastas e não obtêm os mesmos resultados.

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e do livro de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1), disponível no Wattpad.

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