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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Marcel Proust e sua devoção pelos livros

Para o escritor francês Marcel Proust, a relação com os livros era como uma amizade. Enquanto algumas pessoas veem a leitura como perda de tempo, para o autor, era exatamente o contrário; sua infância foi vivida de forma plena na companhia dos seus livros preferidos.


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"Enquanto a leitura for para nós a iniciadora cujas chaves mágicas abrem no fundo de nós mesmos a porta de moradas em que não conseguiríamos penetrar, seu papel em nossa vida será salutar" – Marcel Proust, Sobre a Leitura

Sobre a Leitura é um livro que traz um prefácio de Marcel Proust escrito para o livro Sésame et les Lyz, do escritor e crítico de arte britânico John Ruskin, em 1905, além de trazer uma entrevista com Céleste Albaret para a jornalista Sonia Nolasco-Ferreira, publicada originalmente na revista 80, em 1983. Céleste cuidou do escritor e sua casa durante dez anos, até sua morte. No Brasil, a obra foi publicada pela L&PM Pocket, com tradução de Julia da Rosa Simões.

Em uma escrita nostálgica, Proust relembra como os livros estiveram presentes em diferentes fases da sua vida e de como mesmo entre as pausas de leitura para outras atividades, sua mente estava atenta as coisas que acontecia ao seu redor.

“Ou se vivia na eletricidade ou na escuridão completa. Hoje entendo a busca de M. Proust, todo o sacrifício da sua obra: foi o de se retirar fora do tempo para poder reencontrá-lo. Quando não se dá conta do tempo, é o silêncio. Ele precisava desse silêncio para escutar as vozes que queria escutar novamente, as que colocou nos livros. Na época eu não sabia, mas agora, quando estou sozinha à noite e não consigo dormir, parece que o vejo aqui, do mesmo jeito que ficava no quarto dele há mais de sessenta anos, trabalhando nos cadernos pretos, sem se dar conta das horas, sozinho dentro de sua própria noite, quando lá fora a madrugada já se fazia em dia” – Céleste Albaret

Mais do que uma forma de comunicação com os saberes de outros escritores, para Marcel Proust, a leitura poderia nos introduzir na vida espiritual e até mesmo se tornar uma dose curativa, como se fosse uma terapia. Diante da falta de desejos, por exemplo, ele acreditava que a leitura de livros tinha o poder de fazer a pessoa voltar a pensar por si mesmo e criar.

Segundo Proust, a amizade com um livro tinha um estado de pureza e tranquilidade, em uma atmosfera de silêncio; diferente dos relacionamentos com outras pessoas, nas quais nos vemos envolvidos em um jogo de expectativas, tentativas de agradar e decepções.

“A própria linguagem do livro é pura (se o livro merece esse nome), tornada transparente pelo pensamento do autor, que dele retirou tudo o que não lhe era próprio até torná-lo sua imagem fiel; cada frase, no fundo, assemelha-se às outras, pois todas são ditas pela inflexão única de uma personalidade; daí uma espécie de continuidade, que as relações da vida e o número de elementos estranhos que elas misturam ao pensamento excluem e que permite rapidamente seguir a mesma linha de pensamento do autor, os traços de sua fisionomia que se refletem nesse sereno espelho. Sabemos apreciar sucessivamente os traços de cada um sem que precisem ser admiráveis, pois é um grande prazer para o espírito reconhecer esses retratos profundos e gostar deles como uma amizade sem egoísmo, sem frases, como em si mesmos” – Marcel Proust, Sobre a Leitura

Como toda pessoa, Proust também tinha seus defeitos. Embora acreditasse no poder da literatura de enobrecer o espírito, as memórias e os sentimentos que sua governanta tinham pelo escritor parecem entrar em conflito com sua realidade, conforme a jornalista tenta mergulhar mais neste universo não tão íntimo quanto Celeste imaginava.

Do mesmo modo que uma melhor amiga, Celeste defendeu os segredos de Proust e mesmo o autor não tendo deixado nada para ela em seu testamento, para ela, a recompensa foi a experiência de ter passado todos aqueles anos cuidando dele.

Proust não só viveu com os livros, mas os últimos momentos de sua vida também foram usados para escrever sua obra literária, sem perder sua lucidez. Testemunhado por Celeste e observador de si mesmo, ele morreu em sua companhia favorita: a literatura.

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*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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