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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Pandemia: Ciência e União Ajudam a Combater o Negacionismo, Mas Não São Suficientes

No dia 12 de junho de 2021, após ser alertado centenas de vezes sobre os riscos de aglomerações sem máscaras, o presidente Jair Bolsonaro promoveu mais um evento com seus apoiadores, desta vez, em São Paulo (SP). Reunindo milhares de pessoas, dá para ter noção dos perigos de fazer o Covid-19 circular. 

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Ainda que todos no grupo estivessem vacinados – o que não foi o que aconteceu –, os especialistas de saúde que estão acompanhando os dados do Brasil recomendam o distanciamento social, já que não atingimos número suficiente de imunização em massa e a quantidade de infectados, hospitais lotados e de mortes ainda está alta.

Depois de ser multado por Flávio Dino pelo Governo do Maranhão, as expectativas eram de que fosse acontecer o mesmo no Rio de Janeiro (RJ), mas ele não foi multado pelo prefeito Eduardo Paes. Pela manifestação na capital paulista, João Dória do Governo de São Paulo também multou Jair Bolsonaro e outros políticos apoiadores dele, como o próprio filho Eduardo Bolsonaro. 

A indignação seria maior se o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga tivesse participado da manifestação, já que ele já se posicionou a favor da máscara, contra aglomerações e já reafirmou que não existe eficácia de tratamento precoce contra a Covid-19, como Cloroquina e Ivermectina, porém, Bolsonaro continua cometendo os mesmos erros. Não se tratam só de discursos vazios, são recomendações que por meio de palavras e ações podem levar à infecção, aos efeitos colaterais e possível necessidade de transplante, bem como à morte, ao negar os perigos das diferentes cepas mais violentas do Coronavírus.

Em diferentes lugares do Brasil, ações têm sido realizadas para contribuir com o cenário caótico em que estamos vivendo, desde grupos recebendo doações de alimentos, até apoio psicológico e distribuição de materiais. Recentemente, a Fiocruz lançou uma campanha para distribuir máscaras para pessoas que não conseguem ficar em casa e dependem do transporte público para sobreviver. A pergunta que não quer calar é: por que o Governo não fez isso?

Na reportagem da TV Cultura, além de ser abordada a ação social, dá para perceber que é necessário investimento privado e também levanta uma discussão sobre como outras doenças foram enfrentadas com campanhas de comunicação mais claras. A Doutora em Microbiologia e Diretora do Instituto Questão de Ciência, Natalia Pasternak disse algo parecido na sua participação na CPI da Pandemia, já que as posturas de autoridades políticas que não seguem as recomendações da Ciência podem confundir a população em geral. 

No dia 2 de junho de 2021, o projeto Qual Máscara? doou 1500 máscaras PFF2 em Resende, no Rio de Janeiro. “Os funcionários saíam das lojas pra buscar pra todos. Isso é obrigação dos empregadores e do poder público! Fornecer equipamentos para a segurança do trabalho é o mínimo!”, afirmou Beatriz Klimeck, Antropóloga, doutoranda e mestra em Saúde Coletiva (IMS/UERJ) e mestranda em Divulgação Científica (UNICAMP). 

Só duas entre tantas iniciativas que têm acontecido pelo Brasil que deveriam contar com apoio do Governo Federal, afinal, garantir uma condição digna ao ser humano, especialmente em tempos de pandemia, é o mínimo que se espera. Bolsonaro continua remando na contramão do que é esperado de um Presidente, aumentando a rejeição ao seu governo

Diferente do que muitos imaginavam de que não daria em nada, as informações levantadas pela CPI da Pandemia têm mostrado o descaso e a omissão na gestão de uma política de saúde pública que deveria priorizar a imunização da população e educá-la sobre as medidas de distanciamento social e importância do lockdown. Porém, atendendo a uma parte da população, que está mais preocupada com os prejuízos financeiros do que com as vidas humanas, Bolsonaro já se declarou contra o lockdown e medidas restritivas inúmeras vezes, preocupado com as Eleições 2022, como o apoio de pastores que não querem que as igrejas fechem e com os comerciantes.

Para dar um falso ar de seriedade aos seus discursos, ele se cercou de médicos com posições anticientíficas sobre o Coronavírus e que apoiam tratamentos cujas ineficácias já foram comprovadas por inúmeros países. Ignorando as agências internacionais e pesquisadores sérios, usam como discurso de que só não têm adesão pelo baixo custo ou tentam desmoralizar profissionais brasileiros.

O negacionismo que tem custado milhares de vidas brasileiros não está sendo assistido só pelo Brasil. Inúmeros veículos jornalísticos internacionais e pesquisadores da pandemia estão atentos ao que está acontecendo, até porque há uma chance de novas cepas surgirem no país e se espalharem pelo mundo, colocando em risco a vida de pessoas de vários países. 

Documentos recebidos pela CPI da Pandemia e divulgados pela TV Globo mostraram que o Governo gastou mais de R$ 23 milhões com campanhas de divulgação do tratamento precoce contra Covid – que não tem comprovação de eficácia. O número chocou muitos brasileiros, pois poderia ter usado para a compra de vacinas ou para campanhas sérias de conscientização.

Assim, o Brasil tem seguido, com profissionais de saúde e comunicadores utilizando espaços digitais e reais para fazer um trabalho que não é necessariamente deles: de ressaltar a ineficácia de remédios sem comprovação científica contra Covid-19, de lembrar sobre a importância do uso de máscaras e do distanciamento social, de falar quantas vidas poderiam ter sido salvas se as vacinas tivessem sido compradas e lembrar a importância de tomá-las, entre outros absurdos semanais que são ditos por Bolsonaro. Nem mesmo os ministros da saúde que já passaram por sua gestão são capazes de orientar a ponto de fazê-lo parar de dar discursos com informações incorretas. 

Conforme as incertezas aumentam, profissionais de saúde estão esgotados e mais discursos negacionistas vão surgindo no campo político e sendo replicados por seus apoiadores, o clima negativo se espalha pelo país. 

Com mais de 100 pedidos de impeachment do Bolsonaro e atitudes que podem ter custado milhares de vidas na pandemia, no dia 11 de junho de 2021, em entrevista ao UOL, o jurista que ganhou notoriedade pelo impeachment da Dilma Rousseff, Miguel Real Júnior não escondeu seu descontentamento:

“A sensação é de orfandade. Nós estamos no meio de uma pandemia, das vésperas de ter 500 mil mortos, e estamos sem instrumentos de contenção da loucura, de contenção da irresponsabilidade […] Eu me sinto envergonhado do país. Isso é decorrência dessa sensação de abandono. Nós estamos abandonados. Nós estamos sem recursos. Nós estamos sem ninguém que cuide de nós”.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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