Best-seller: a literatura de mercado é o nome do
livro escrito por
Muniz Sodré e publicado em 1998, pela
editora Ática e integrante da
série Princípios, cuja abordagem é a
análise dos gêneros narrativos e
autores da literatura de massa.

Segundo o autor, a literatura pode ser classificada em
literatura culta ou
literatura de massa, também conhecida como
best-seller ou
folhetim. Enquanto algumas obras são voltadas para um público que gosta do reconhecimento artístico dado pela academia, escola e círculo de leitura, outras são as queridinhas da massa, consideradas envolventes e emocionantes.
Para entender melhor como funciona essa diferença de produção literária, através das diferentes ideologias de seus autores, produção e consumo, Muniz Sodré analisou diversos livros, como Os Mistérios de Paris, de Eugène Sue, levando em conta aspectos como
arquétipos míticos,
atualidade informativa-jornalística (informar o leitor sobre fatos, teorias e doutrinas),
pedagogismo (intenção de ensinar alguma coisa, ideologia do autor) e a
retórica culta ou consagrada (
modo de escrever, consagrado pela literatura anterior).
Após a breve análise sobre o livro, Muniz Sodré fala sobre os folhetins, romances que eram publicados em jornais, uma das responsáveis pelo reconhecimento e sucesso de diversos escritores, já que aguçava a curiosidade dos leitores que ficavam aguardando os próximos capítulos das narrativas, tinham preços baixos, grande tiragem e era legitimada pelo seu consumo.
Duas palavras que o autor enfatiza quando se trata de folhetim ou best-seller são o
entretenimento e a
curiosidade, elementos buscados pelos leitores destas obras. De acordo com Sodré, diferente da literatura cultura que priorizava a língua e sua técnica, a literatura de massa se foca na intriga, através de sua
estrutura clássica (princípio-tensão, clímax, desfecho e catarse).
Muniz Sodré comenta sobre o
herói, personagem presente desde o gênero literário grego da epopeia e que faz sucesso até os dias atuais – alguns escritores e roteiristas, por exemplo, utilizam a estrutura da
Jornada do Herói, inspirados nos
heróis da mitologia grega, como Hércules. Segundo o autor, os leitores gostam de se projetar nos heróis, com seus desejos e vontade de escapar do cotidiano.
O pesquisador argumenta que o gênero predominante da literatura de massa é o
épico (romance, conto, novela) e aborda um pouco sobre cada uma de suas subdivisões, como
romance policial, ficção científica, romance de terror e romance sentimental, comentando escritores que fizeram e fazem sucesso nestes gêneros literários e caracterizando suas narrativas e protagonistas.
Algumas receitas e modelos de narrativas que conquistaram o público continuam sendo utilizados por autores, e para Muniz Sodré, somente o conteúdo dos elementos variam.
Os sucessos das radionovelas e novelas televisivas no Brasil são comentados. O que vende muito em outros países, como Estados Unidos e Londres, pode não ser desejado pela massa brasileira, que gosta de histórias em que se identificam com os personagens e suas realidades.
Apesar de ter sido publicado há mais de dez anos e os best-sellers de hoje não serem os mesmos daquela época, as obras analisadas por Muniz Sodré ainda fazem sucesso nos dias atuais e como suas estruturas de literatura de massa são reaproveitadas, o livro é uma ótima maneira de aprender mais sobre esses fenômenos de vendas e sua relação com a ideologia, produção e consumo.
*Ben Oliveira
Que bacana a resenha, Ben. Deu bastante vontade de ler. =)
ResponderExcluir