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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Resenha: Uma Cama Quebrada – Roberto Muniz Dias

O livro Uma Cama Quebrada é a peça teatral do escritor Roberto Muniz Dias, de 80 páginas, publicado pela Giostri Editora. Inspirado no livro Urânios também do autor, publicado pela Metanoia Editora, a obra possuí um tom dramático e se foca nas principais situações vividas pelos três homens que se sentem livres e presos em um relacionamento amoroso.


A peça conta com 5 personagens: Ênio, Dino, Pedro, O Galo Colorido e O Amigo. A história se passa em 2014, ano no qual o artista, Pedro acaba se envolvendo com o casal Dino e Ênio, descobrindo que os desafios dos relacionamentos, do amor e do desejo se tornam bem mais difíceis quando se é o terceiro elemento e se precisa aprender a construir e reconstruir conceitos.

O maravilhamento e o estranhamento sentidos por Pedro – o personagem principal da história – acabam se tornando lentes para a narrativa, guiando o leitor pela montanha-russa de emoções sentidas pelo rapaz. Do encantamento inicial pela ideia de ser adorado e se tornado o centro das atenções, Pedro também acaba se tornando a ponte que liga os três e desperta a curiosidade, a releitura e possibilidade da reescrita, literalmente, das velhas e novas teias.

“Às vezes me sentia mais leve que o ar, pois era levantado por braços fortes enquanto me colocavam do outro lado da cama. E podia sentir meu corpo ser alcançado por sensações diferentes – línguas que queriam me ler ou de ser devorado como uma caça de sabor incomum, daquelas que se aprecia não somente pelo gosto da carne, mas pelo prazer de subjugar algo supostamente indefeso”

Outro ponto interessante da narrativa é a analogia que Roberto Muniz Dias faz entre o poliamor com as greias, personagens da mitologia grega tinham apenas um olho e dividiam para que cada uma pudesse enxergar um pouco. Embora Pedro passe por períodos de negação, nos quais não quer aceitar o que está acontecendo, cego pela luxúria, há alguns períodos de epifania em que ele se sente como coadjuvante e como se fosse passado de mãos em mãos e a incompletude do amor – que por si só já é sentida num relacionamento a dois passa a se tornar gritante e atormentá-lo.

 O Galo Colorido, uma das obras do artista produzidas durante o período em que o artista conviveu com Dino e Ênio acaba tendo peso na narrativa, sendo mais do que um simples lembrete de tudo o que acontece, mas adquirindo o papel do superego (conceito psicanalítico), forçando Pedro a encarar o passado e a tomar responsabilidade pelas coisas que lhe acontecera.

“Amor seria o equilíbrio de desejos; O amor seria a possibilidade de dividir anseios; Ausência bastaria dois, e solidão seria o silêncio e a ausência tripla”.

Outro personagem que aparece de forma breve na peça é O Amigo, que também acaba levantando mais inseguranças e levando Pedro a refletir sobre o seu relacionamento a três ao invés de passar a mão na cabeça dele. Com seu lado racional e instintivo, Pedro acaba sendo o seu pior inimigo, ao ignorar os sinais de que uma vez que o equilíbrio é reconquistado, as forças entrópicas tendem a desaparecer.

Roberto Muniz Dias destila o erotismo em sua narrativa, de forma que não é preciso nada explícito para excitar as células do leitor, a maneira que as palavras são colocadas e o personagem busca relatar esta busca de si mesmo, numa tentativa de se reencontrar e redefinir em um universo que já existia e se reinventa a todo instante. A escrita do Roberto é afrodisíaca e cabe a quem está lendo se vigiar para mergulhar fundo e ao mesmo tempo tomar cuidado para não cair nos seus encantos e confundir narrador, personagem e autor.

“Eu ouvia tudo cuidadosamente, como se pudesse anotar em minha memória, numa espécie de moleskine cerebral, o que cada um poderia significar para mim. E acabei descobrindo que poderia dividir o que quer que fosse – coração, cabeça, corpo em duas partes iguais. Mas esse foi o pior problema que assumi para mim mesmo. Como poderia dois mundos caber em mim?”.

Embora Roberto Muniz Dias tenha seu estilo único ao retratar o universo LGBT, unindo o clássico com o contemporâneo e, principalmente, se destacando pela escrita reflexiva, romances de formação (Bildungsroman) com a busca do personagem para entender sua identidade e o mundo em que vive, Uma Cama Quebrada mostra um lado mais condensado; Uma vez que se conhece a essência do escritor, não há como não se deixar envolver pelas suas palavras.


Sobre o autor – Roberto Muniz Dias é romancista, contista, poeta, dramaturgo, artista plástico e mestre em Literatura pela UNB (Universidade de Brasília). Os textos desse escritor piauiense, de Teresina, são intensos, dramáticos e cheios de vaivéns atemporais. De uma tal profundidade de sentimentos que arrebatam o leitor já nas primeiras linhas.

Também formado em Direito, integra a Comissão de Tolerância e Diversidade Sexual da 93ª Subseção de Pinheiros da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional São Paulo. Foi premiado pela Fundação Monsenhor Chaves com menção honrosa pela obra Adeus a Aleto. Publicou ainda Um Buquê Improvisado; O Príncipe, O Mocinho ou O Herói podem ser gays; Errorragia: Contos, crônicas e inseguranças; Urânios e recentemente lançou seu mais novo romance A Teia de Germano.

Relembre: Entrevista com o escritor Roberto Muniz Dias!

PS: Clique nos títulos dos livros do Roberto Muniz Dias para ler as resenhas publicadas aqui no blog!

O livro Uma Cama Quebrada está sendo vendido nos sites das livrarias Travessa e Saraiva  

Adicione o livro à estante do Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/538679ED547917 

Curta a página do livro no Facebook: https://www.facebook.com/umacamaquebrada/ / Página do escritor Roberto Muniz Dias: https://www.facebook.com/robertomunizdiasescritor/ 



*O livro Uma Cama Quebrada será sorteado na página do Facebook do Blog do Ben Oliveira, no dia 18 de dezembro de 2015 (Data de revelação do ganhador). Participe! Confira o regulamento: http://www.benoliveira.com/2015/12/sorteio-de-dezembro-blog-uma-cama-quebrada-roberto-muniz-dias.html

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