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Destaques

Love In The Big City: Drama gay coreano estreia pelo mundo

Depois de tentativas de boicote por sul-coreanos conservadores, o drama Love In The Big City (Amor na Cidade Grande) finalmente estreou para pessoas de diferentes partes do mundo por meio da plataforma Viki . Com protagonismo gay, a série conta a história de um escritor e suas aventuras amorosas na Coreia do Sul, país que é ainda um tanto atrasado em relação aos outros países, a ponto de tentarem impedir que a série fosse transmitida. O roteiro da série foi baseado em um livro homônimo , escrito por Sang Young Park . Best-seller na Coreia do Sul, o livro também foi publicado para o inglês, publicado em 2021. Se o simples fato de mostrar uma cena de beijo gay já incomoda conservadores, dá para perceber que a série aperta as feridas, na esperança de que a sociedade sul-coreana supere preconceitos e respeite a diversidade. Beijo no último episodio? Personagem questionando seus próprios sentimentos antes de agir? Esqueça os kdramas tradicionais. Love In The Big City traz uma visão fresca

Resenha: A Garota no Trem – Paula Hawkins

Uma mulher passa os dias indo e voltando de trem, tempo de percurso que ela usa para observar um casal apaixonado e acaba imaginando histórias sobre eles. Assim é o desenrolar inicial do livro A Garota no Trem (The Girl On The Train), da escritora Paula Hawkins, publicado no Brasil pela Editora Record, com tradução de Simone Campos, em 2015.

Uma, duas, três. O romance de thriller psicológico é narrado por três personagens do livro, mas quem tem mais destaque é Rachel Watson, uma mulher viciada em álcool que perdeu o emprego e está morando com uma colega. Com vergonha de admitir que está com mais problemas que já tem, Rachel vive enganando Cathy e passa o dia inteiro na rua, para que a amiga não descubra que além de estar sempre bêbada, isso acabou custando o emprego dela.


Megan Hipwell é a segunda personagem-narradora que aparece no livro. Assim como Rachel, Megan tem seus próprios segredos. A linha do tempo na história se divide de acordo com o momento narrado e é marcada no início dos capítulos, cabendo ao leitor prestar atenção na narrativa para não confundir o que está acontecendo com quem e quando, já que a autora adotou a narração em primeira pessoa – embora os pontos-de-vista e a forma de se expressar são bem nítidas, há algo em suas essências que se conectam.

“A culpa é minha. Eu sempre bebi – sempre gostei de beber. Mas acabei me tornando uma pessoa triste, e a tristeza cansa depois de um tempo, tanto para quem está triste como para todo mundo em volta. Então passei de alguém que gostava de beber à condição de bêbada, e não há nada que canse mais que isso”

A terceira personagem que narra a história é Anna Watson. Cada uma das mulheres tem uma personalidade contrastante, mas Anna é a mulher que se envolveu com o ex-marido de Rachel, Tom Watson. Ao longo do livro, Paula Hawkins vai nos dando mais informações sobre as personagens e nos permite entender melhor a dinâmica e a relação entre as três mulheres, à medida que o passado e o presente vão se costurando.


As primeiras partes do romance se desenvolvem de forma mais lenta. A inércia de Rachel e seus problemas com bebidas alcoólicas dão a sensação de circularidade, o que não deixa de ser uma realidade da personagem – e o fato de incomodar alguns leitores, só mostra como bem verossímil é a personagem. Os apagões que a personagem principal tem quando bebe demais é um dos pontos que acaba fazendo com que ela tente encontrar respostas sobre o que está acontecendo, principalmente, quando ela vê uma notícia sobre o desaparecimento de Megan, a mulher que ela costumava observar durante suas viagens de trem.

“De vazio, eu entendo. Começo a achar que não há nada a se fazer para preenchê-lo. Foi o que percebi com as sessões de terapia: os buracos na sua vida são permanentes. É preciso crescer ao redor deles, como raízes de árvores ao redor do concreto; você se molda a partir das lacunas”.

Entre os sentimentos de culpa de Rachel, o de proteção de Anna que teme que Rachel possa fazer algum mal a ela e a sua filha e os flashbacks do misterioso e doloroso passado de Megan, o leitor embarca nesse vagão das lamentações e viaja, em sua grande parte, na companhia de Rachel. Quanto mais nos aproximamos dos conflitos e da verdade, mais sentimos a tensão da narrativa e a curiosidade para descobrir que realmente aconteceu a Megan.

A alternância entre focos narrativos e linhas temporais prendem o leitor, mantendo-os suspensos e sedentos para saber o que vem a seguir. Quando não se pode confiar na própria memória e não se consegue sair do ciclo de autodestruição, a personagem que só queria ajudar acaba se envolvendo com as investigações, mas até que ponto é possível acreditar em suas palavras ou em sua imaginação? Dizem que todo narrador em primeira pessoa é suspeito, pois o leitor é levado a ver as coisas pela sua ótica. Imagine quando temos três narradoras...

“Não lembro das coisas... Tenho apagões e não consigo me lembrar onde estive ou o que andei fazendo. Às vezes fico me perguntando se fiz ou falei coisas terríveis, e não consigo lembrar. E se... se alguém me conta alguma coisa que eu fiz, a sensação é de que não fui eu. Não parece que fui eu. E é tão difícil se sentir responsável por algo que você não se lembra. Então nunca me sinto mal o suficiente. Eu me sinto mal, mas a coisa que eu fiz fica fora de mim. É como se não pertencesse a mim”.

Paula Hawkins leva o leitor por esse delicioso romance policial. Quando os segredos das três personagens começam a se revelar, entendemos mais sobre seus passados e a escolha da autora de usá-las como narradoras. Três destinos, mas realidades bem diferentes, embora todas tenham morado na mesma região. As singularidades delas e o desenrolar da trama nos fazem questionar tudo e todos, até o momento do clímax em que somos atingidos pela verdade.
Paula Hawkins, autora do livro A Garota no Trem. Foto: Divulgação / Kate Neil.

Sobre a autora – Paula Hawkins trabalhou como jornalista durante anos antes de se tornar escritora. A Garota no Trem é seu primeiro romance, e chegou ao primeiro lugar na lista de mais vendidos do New York Times e da Amazon na semana de lançamento, onde permaneceu por vários meses. Os direitos de tradução já foram vendidos para 41 países e uma adaptação cinematográfica está sendo produzida pela DreamWorks.

A adaptação para o cinema do filme A Garota no Trem (The Girl on the Train) tem lançamento previsto para o dia 13 de outubro de 2016 no Brasil. O trailer internacional do filme foi divulgado em abril de 2016. O filme foi dirigido por Tate Taylor e conta com as atrizes Haley Bennett (Megan Hipwell), Rebecca Ferguson (Anna Watson), Emily Blunt (Rachel Watson) e Laura Prepon (Cathy) nos papeis das personagens principais.

Assista ao trailer do filme A Garota no Trem:

E aí, já leu? Ficou curioso para ler e/ou assistir ao filme? Comente!


Comentários

  1. Boa noite. Sempre leio breves comentários sobre esse livro, mas não tinha lido uma resenha sobre ele. Adorei a resenha e, pra variar, me deu vontade de ler a história. Grande abraço.
    https://tomoliterario.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Oi, Tomo Literário!
      Obrigado por tirar um tempo para visitar o blog e ler a resenha do livro. Fico feliz que tenha gostado! Depois de ler, estou mais instigado para assistir ao filme.
      Abraço

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  2. Oi Ben. Adorei o post. Já ouvi falar muito nesse livro. Estou muito afim de ler. Na verdade tem muitos livros que estou querendo ler, kkkk. Mas adoro seus posts, estão sempre muito bem escritos. Beijinhos. 😊

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    Respostas
    1. Oi, Gisele!
      Fico muito feliz que tenha se interessado pelo livro. Depois conta o que achou da leitura. Estou ansioso para assistir a adaptação cinematográfica de A Garota no Trem.
      Beijos

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