Eleições presidenciais podem ser assustadoras. Somos guiados por nossos medos e desejos, elementos que nos tornam vulneráveis e facilmente manipuláveis e corruptíveis.
Somos influenciados e influenciamos os outros o tempo todo. Se os meios de comunicação de massa sempre serviram como instrumento político, com a internet e a popularização das mídias sociais, o clima ficou ainda mais insuportável e pessoas com posicionamentos extremistas têm levantado suas vozes sem medo algum das consequências.
Narrativas do gênero de horror mexem com nossos medos. O que incomoda uma pessoa pode não tocar outra da mesma forma, mas todos compartilhamos alguns medos universais e nossos instintos gritam quando nos sentimos ameaçados. Recheado de referências de diferentes produtos culturais de terror e de experiências reais, a
7ª temporada de American Horror Story (Cult) coloca o dedo na ferida dos Estados Unidos. Desde que o mais recente presidente foi eleito, as reações conservadoras, extremistas, racistas e xenofóbicas intensificaram. A trama desta temporada da série, no entanto, não aponta o dedo para uma só direção, mas revela como independente da ideologia política, movimentos radicais podem ser perigosos, provocando danos que vão além do desrespeito à democracia e colocando em risco a vida de muitos.
É preciso coragem para produzir uma crítica tão ácida sobre as eleições norte-americanas levando em conta o alcance mundial da série. O mito da liberdade dos Estados Unidos é um dos pontos levantados, bem como a violência, a imigração, o
fanatismo e os perigos do poder chegar às mãos de psicopatas, especialmente quando eles entendem tão bem a linguagem da manipulação e não pensam duas vezes antes de praticar
lavagem cerebral nos outros. A história da humanidade está repleta de escravidão e guerras; o poder e as riquezas corrompem o ser humano facilmente e revelam suas sombras.
“Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”, em um dos episódios a frase do filósofo e poeta George Santayana fica em destaque e revela muito bem como a política e o esquecimento andam lado a lado. O mais assombrador de American Horror Story: Cult é que independente dos perigos da manipulação, as pessoas acreditam no que elas querem acreditar, até que descobrem que é tarde demais.
Sem revelar muito, para não estragar a graça de quem ainda não assistiu, a 7ª temporada de American Horror Story é uma das mais relevantes quando se trata de levar o telespectador a refletir. Além do entretenimento e das reviravoltas marcantes, Cult mostra como não estamos imunes à decadência e como as mãos invisíveis estão sempre nos movimentando, especialmente quando existem motivações políticas por trás. Para quem gosta de entender um pouco como
Jim Jones,
Charles Manson, entre tantos
assassinos manipuladores são capazes de influenciar as pessoas ao seu redor a ponto de fazerem qualquer loucura por eles, American Horror Story dá uma aula de como os cultos, seitas e grupos extremistas podem se tornar um veneno para a sociedade. Por trás de uma personalidade carismática que explora crenças e vulnerabilidades por meio de promessas fantasiosas e impossíveis, pode se esconder uma mente doentia e autoritária, capaz de provocar suicídios coletivos, assassinatos, abusos físicos, sexuais e psicológicos, entre outras formas de maldade protegidas por estruturas de poder. Quando se tratam de psicopatas que se acham o próximo Messias, bem como grupos religiosos que se aproveitam da fé cega das pessoas, muitas vezes, a consciência surge quando já é tarde demais.
*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror
Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem
Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e
O Livro (Vol. 2), disponíveis no
Wattpad.
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