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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Espectro Autista: Por que evitar comparações?

Para quem estava com saudade dos vídeos no meu canal do YouTube, ontem gravei vídeo sobre o espectro autista e por que é importante evitar as comparações entre autistas. O assunto é importante de discutir, pois cada vez mais o autismo tem sido abordado na mídia, porém, é uma falsa simetria acreditar que todos autistas estão sendo representados, já que não existem dois cérebros autistas iguais.


Assista ao vídeo Espectro Autista: Por Que Evitar Comparações?




Não vou transcrever o que disse palavra por palavra abaixo, mas achei bacana escrever algo para o blog, levando em conta as pessoas que não gostam de assistir vídeos. O vídeo pode ser complementar ao texto, já que me expresso melhor de forma escrita. Afinal, sou escritor, não naturalmente expressivo em frente às câmeras.

Por que evitar as comparações entre pessoas no espectro autista?


1) Do mesmo modo que não existem dois neurotípicos (não-autistas) iguais, não existem dois autistas iguais. 

Alguns poderiam pensar: óbvio, não existem duas pessoas com personalidades iguais, mas é mais complexo do que isso.

Muita gente não sabe o que significa espectro autista. Imagem para explicar. O próprio termo já ajudaria a evitar comentários como "Não é autista, meu filho/o filho do fulano é diferente". Mas as pessoas não sabem o significado.


Texto da imagem: Espectro Autista

Inicialmente definido como Continuum Autista pela escritora e psiquiatra Lorna Wing. 

O espectro representa as diferentes características autistas; variedade muito ampla de intensidades e combinações, entre pessoas das mais divergentes capacidades intelectuais e sociais.
— John Donvan e Caren Zucker, Outra Sintonia: A história do autismo (2017).

2) As questões sensoriais podem ser completamente diferentes. Todas sensibilidades podem mudar, como as hipersensibilidades e as hipossensibilidades. 

Alguns autistas podem ficar sobrecarregados com excesso de estímulos sensoriais, pois o cérebro pode ter dificuldade de filtrar tantos estímulos paralelos, enquanto outros podem buscar esses estímulos sensoriais.

Vale lembrar, que um autista pode ter hipersensibilidade e hipossensibilidade ao mesmo tempo. Além disso, é importante pontuar que cada uma das sensibilidades podem variar:

– O barulho que me incomoda pode ser diferente do barulho que incomoda outro autista, mesmo ambos tendo hipersensibilidade auditiva;

– O cheiro que é prazeroso para mim, pode provocar mal-estar no outro;

– A sensibilidade ao toque pode ser diferente: logo alguns autistas adoram ser abraçados e gostam da pressão, enquanto outros podem evitar abraços e se sentirem desconfortáveis;

– Algumas roupas podem incomodar alguns autistas, outras podem ser indiferentes. No frio, por exemplo, eu fico mais desconfortável com o excesso de roupas que me sufocam e causam mal-estar do que com a temperatura;

– Alguns podem sentir muito calor, outros podem sentir muito frio;

– Alguns sentem mais dor (influenciando ainda mais a questão emocional e as fobias, como medo de agulhas), outros sentem pouca dor (podem se machucar sem saber);

– A iluminação de alguns ambientes pode ser muito forte para algumas pessoas no espectro autista e não tão fortes para outros;

– As cores muito vívidas podem provocar desconforto em alguns e podem ser atraentes para outros;

– Entre inúmeros outros exemplos que poderia dar, mas aí o post não ia acabar nunca, pois existem muitas particularidades e independente do sentido, existem alterações de como o estímulo é percebido pela pessoa, se prazeroso ou aversivo.


3) Cérebros autistas são como identidade. Não existem dois cérebros iguais. Não só de autistas, mas anatomicamente e funcionalmente, mesmo os neurotípicos podem ter cérebros diferentes. 

Se existisse um cérebro padrão entre autistas, seria muito mais simples na hora de fazer um diagnóstico usando ressonâncias magnéticas, porém o diagnóstico ainda é clínico, justamente porque existem particularidades em cada indivíduo do espectro autista.

Um estudo recente da Austrália até sugeriu que os profissionais parassem de usar rótulos de funcionalidade para autistas. Afinal, autistas mais funcionais podem ser superestimados e terem muitas dificuldades em atividades diárias que os outros nem imaginam e autistas com mais necessidade de apoio podem ser subestimados, atrapalhando a autoestima e o desenvolvimento.

As diferenças neurobiológicas junto com a história de vida de cada um, o suporte profissional, o contexto social-cultural e tantos outros fatores, acabam fazendo toda diferença na vida de uma pessoa no espectro autista. Por isso, cada vez mais tem se batido na tecla do diagnóstico precoce e da importância de aproveitar a plasticidade cerebral.

Os pesquisadores ainda não entendem completamente o autismo. Há uma série de questões que podem ser discutidas:

– Por que algumas pessoas com Síndrome de Asperger tem o diagnóstico só na vida adulta e idosos e outros têm o diagnóstico desde a infância?

– Será que são levadas em contas somente as dificuldades de diagnósticos e a falha de capacitação profissional, ou será que alguns indivíduos desenvolvem mecanismos de compensação e de adaptação, aprendendo a disfarçar suas limitações?

– Por quais questões alguns autistas têm mais facilidade do que os outros, independente do grau?

Existem tantas questões que podem facilitar ou dificultar a vida de uma pessoa no espectro autista, que são fundamentais. A conscientização do autismo é só uma delas. É importante conscientizar e orientar tanto a família quanto os ambientes que a pessoa vai ser inserida, como as equipes de escolas (professores e demais funcionários), conscientizar os alunos sobre a importância de respeitar as diferenças e até mesmo os profissionais da área de saúde (por incrível que pareça, em pleno 2019, ainda há poucos profissionais que entendem de autismo no Brasil).

No livro O Cérebro Autista, Temple Grandin conta que ficou empolgada com os exames mostrando o seu cérebro. Ela fala de forma direta e objetiva como entender suas particularidades podem fazer sua vida mais fácil, saber quais são seus pontos fortes e quais são as limitações que precisa lidar diariamente. Acredito que quanto mais informações uma pessoa tem sobre ela mesma, isso ajuda no processo de autoaceitação, autoconhecimento e autocompaixão, pois ela aprende a diferenciar o que faz parte da condição, quais coisas podem ser trabalhadas e quais coisas ela precisa aceitar.

O papel do diagnóstico na vida da pessoa, independente da idade, pode ajudar tanto a se libertar de culpas, por exemplo, de aceitar que suas dificuldades com interações sociais e relacionamentos são parte do autismo, como dar um norte de como encontrar estratégias para compensar determinadas situações.

4) Diferentes inteligências, interesses e perfis cognitivos

As diferenças dentro do espectro autista não servem para fins de comparações, mas para que cada pessoa tenha o apoio necessário.

Embora a inteligência possa fazer muita diferença na vida de uma pessoa, é errado imaginar que ela é só uma vantagem. Aliás, pesquisas revelam que quanto maior a inteligência, mais suscetível ela está a transtornos mentais. Por isso é importante olhar o autismo além das questões sociais e focar também na autoestima e na saúde mental.

Quando se trata do espectro autista não é tão diferente: pior ainda, a pessoa pode racionalizar demais e querer explicações para coisas que não existem. Esse excesso de pensamentos pode levar a uma espiral de ansiedade e depressão.

Como a inteligência também está relacionada à personalidade e como a maneira percebe e é percebida no mundo, isso pode fazer com que pessoas com inteligência acima da média sejam superestimadas, pois há mais chance de serem mais independentes e pessoas com inteligência abaixo da média sejam mais subestimadas e tenham menos oportunidades na vida.

Porém, independente da inteligência, o autista ainda esbarra no preconceito. E, sim, algumas pessoas escolhem ocultar seus diagnósticos para que não sejam subestimadas no trabalho e o perfil de empresas que contrata autistas ainda é muito limitado. Independente do grau e das habilidades, não é só as questões biológicas do indivíduo que desempenham um papel no seu sucesso e qualidade de vida, mas o ambiente que a cerca também. Quanto mais preconceituosa a sociedade, pior é a convivência dos autistas.

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro, jornalista por formação e Asperger. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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